Agronegócio

Brasil é líder em produtividade, diz Ipea

Brasil é líder em produtividade, diz Ipea
Crédito: Roberto Samora/Reuters

A produção agrícola brasileira cresceu 400% entre os anos de 1975 e 2020. Isso foi possível porque a produtividade total dos fatores (PTF) aumentou de 3,3% ao ano nesse período. É o que aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado há alguns dias. O estudo revela também que Brasil foi o País com maior crescimento de produtividade na agricultura em todo o mundo.

A PTF é a relação entre o índice de produto total e o índice de insumos. Pode-se dizer, também, que a PTF é calculada pela diferença entre as taxas de crescimento do produto total e dos insumos. A PTF explicou 87% do aumento do produto no período estudado, enquanto os insumos corresponderam apenas a 13%.

Segundo a pesquisadores, no contexto da produção agropecuária nacional, a expansão do capital na forma de máquinas, fertilizantes e defensivos tem superado o crescimento dos demais fatores, como terra e mão de obra.

“Podemos afirmar que nossa produção é intensiva em ciência e tecnologia e cada vez menos intensiva em fatores tradicionais. Essa dinâmica resulta em uma enorme ampliação da produtividade do trabalho ao longo do tempo”, afirmou o pesquisador do Ipea José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, um dos autores do estudo.

Reformas

O Brasil promoveu várias reformas no sistema de pesquisa e de financiamento da produção. Destacam-se as políticas de crédito e seguro, de preços, de corte dos subsídios, dentre outras. Além disso, tem havido aumento de recursos, com ênfase no crédito de investimento, em linhas de financiamento que atendem os diferentes portes produtivos, bem como em áreas que estimulam a agricultura de baixo carbono.

O coordenador-geral de Políticas e Informações do Mapa, José Garcia Gasques, explicou que “os investimentos na pesquisa, na fixação biológica de nitrogênio, na adoção do plantio direto e na manutenção dos sistemas integrados (lavoura-pecuária-florestas) mostraram-se bastante viáveis para as condições tropicais do País”. Segundo ele, esses sistemas produtivos trouxeram acentuados ganhos de produtividade da agropecuária nacional.

O crescimento da produtividade, sustentam os autores da pesquisa, possibilitou a competitividade da agricultura e permitiu que os alimentos se tornassem mais abundantes e baratos. “Se não fosse a redução da participação dos alimentos na renda das famílias desde a década de 1970 (de 50% para 20%), as políticas de transferência de renda, que ganharam força a partir do final da década de 1990, não teriam a eficácia que tiveram, sem a queda no preço dos alimentos e a expansão da oferta produtiva de bens agropecuários”, observou Vieira Filho.

Entre 1995 e 2017, para um crescimento de 100% no valor bruto da produção, a participação da tecnologia subiu de 50% para pouco mais de 60%. Nesse mesmo período, a participação do fator trabalho diminuiu de 31% para menos de 20%, enquanto a participação do fator terra praticamente ficou estável em 20%.

Análise mundial

No comparativo internacional, o Brasil apresentou um crescimento da PTF superior à média mundial, ficando entre os países que mais cresceram da década de 1970 em diante. O Brasil, revela o estudo, começou a liderar a produtividade mundial a partir dos anos 2000, quando passou a crescer acima da taxa apresentada pelos principais produtores mundiais, como Estados Unidos, China, Argentina, Nova Zelândia, Austrália, Canadá e Chile, dentre outros. Entre 2000 e 2019, enquanto a PTF brasileira cresceu cerca de 3,2% ao ano, o mesmo indicador mundial ficou em torno de 1,7%.

Faemg destaca pesquisa e inovação

Investimentos em mecanização e biotecnologia nos últimos 20 anos foram decisivos para o crescimento da produtividade da agricultura brasileira, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg). O gerente de Agronegócio da entidade, Caio Coimbra, destacou a aposta brasileira em pesquisa, inovação e transferência de tecnologias nas cadeias produtivas agropecuárias.

“A biotecnologia tem grande impacto para a produção agrícola, aumentando a produtividade, e esse estudo é prova disso. Com a aplicação de biotecnologia na lavoura, podemos reduzir o uso de defensivos agrícolas, além de outros custos inerentes aos cuidados necessários para o desenvolvimento da produção. Este é apenas um exemplo de como a aplicação de tecnologia e novos sistemas de produção se somaram às condições tropicais do Brasil, resultando na alta produtividade e competitividade alcançadas.”

A qualificação da mão de obra também foi peça-chave para o avanço da mecanização e, consequentemente, da produtividade, conforme o estudo do Ipea. “A mecanização tem um papel fundamental na eficiência do trabalho, aumentando a qualidade do produto final e diminuindo o tempo para a execução da atividade. Sem dúvida, apesar de todo avanço tecnológico, ainda é um gargalo do agronegócio brasileiro e estamos empenhados em levar informação de qualidade para a qualificação profissional no campo”, avaliou a gerente de Formação Profissional Rural e Promoção Social do Sistema Faemg, Liziana Rodrigues.

Segundo a entidade, o Senar Minas, ofereceu mais de 11 mil cursos de mecanização de 2015 a 2022. Somente em 2021, foram cerca de 2 mil cursos oferecidos gratuitamente e mais de 60 mil pessoas treinadas em todo o Estado.

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