Agronegócio

Brasil pode se tornar importante player no campo de trigo

Brasil pode se tornar importante player no campo de trigo
Cepea diz que País pode se aproveitar da baixa oferta argentina | Crédito: REUTERS/Ralph Orlowski

Em 2023, o Brasil pode se tornar um importante player nas transações internacionais de trigo. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), atualmente o País é um grande importador, mas o agronegócio nacional deve aproveitar as oportunidades diante da menor oferta da Argentina e dos problemas logísticos no Mar Negro e elevar sua participação nas exportações mundiais.

Assim, estimativas apontam que o Brasil pode se tornar o 10º maior exportador global da commodity na temporada 2022/23. No geral, a previsão é de que a produção de trigo no País continue aumentando em 2023, especialmente diante dos elevados preços praticados nos mercados interno e externo. Desta forma, ao longo do tempo, o volume necessário importado para suprir a demanda interna deverá seguir reduzindo ao mesmo tempo em que se eleva o excedente exportável.

O trigo representa 30% da produção mundial de grãos, sendo o segundo grão mais consumido pela humanidade. O Brasil é o 8º maior importador de trigo do mundo, mas esta posição pode mudar nos próximos anos, segundo as perspectivas apontadas pelos pesquisadores Nos últimos cinco anos, por exemplo, a produção brasileira cresceu 76%, enquanto a área deu um salto de 50%. Em 2015, o Brasil colheu 5,5 milhões de toneladas. Em 2020, a produção chegou a 6,2 milhões de toneladas. Em 2021, atingiu 7,7 milhões de toneladas.

Os resultados de 2022 mostram a maior safra de trigo da história do Brasil, chegando aos 9,5 milhões de toneladas de grãos, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse volume atende 76% da demanda nacional.

Projeções feitas pela Embrapa Trigo indicam que, caso a produção de trigo continue crescendo 10% ao ano, o Brasil poderá chegar aos 20 milhões de toneladas até 2030. Com o consumo interno estimado entre 12 e 14 milhões de toneladas, o Brasil poderá exportar o superávit para o mundo, saindo de grande importador para entrar na lista de países exportadores de trigo no mercado internacional.

Exportação x importação

De janeiro a novembro de 2022, o volume de exportações chegou a 2,5 milhões de toneladas – mais do que o dobro do volume exportado no ano anterior. Por outro lado, as importações brasileiras tiveram queda de 9,7% devido à maior oferta do cereal no mercado interno e aumento de preços internacionais.

Para o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, o grão está seguindo o mesmo caminho que o milho e a soja percorreram no Brasil e já começa a alterar a geopolítica de grãos no mundo. “O Brasil tem área, conhecimento e demanda aquecida. A expansão do trigo no País precisa assegurar tanto a oferta de alimento de qualidade ao consumidor quanto a rentabilidade do produtor. Para isso, é necessário diversificar mercados, ou seja, internos e externos”, ressalta Lemainski.

E ele finaliza: “A expansão da triticultura no Brasil é uma conquista coletiva, que começou na pesquisa e ganhou espaço no campo e na indústria, em um esforço convergente de diversos agentes para garantir a rentabilidade do produtor com liquidez dos grãos no mercado. O avanço do trigo é um caminho sem volta, que vai garantir a segurança alimentar dos brasileiros e gerar divisas para o País com as exportações”. (Cepea, com informações da Conab e Embrapa Trigo)

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