Brasil sedia conferência da FAO sobre gripe aviária após surto de curta duração

São Paulo – A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) escolheu o Brasil, que em maio registrou seu primeiro foco de gripe aviária em uma granja de criação de frangos, para sediar o evento global da próxima semana sobre prevenção e controle da doença.
O evento será realizado de 9 a 11 de setembro, em Foz do Iguaçu (PR), reunindo autoridades, especialistas e representantes do setor privado.
A gripe aviária se espalhou por todo o mundo e levou ao abate de centenas de milhões de aves. Ela também foi registrada em vacas leiteiras, gatos e humanos.
Em uma entrevista na sexta-feira, Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, elogiou os robustos protocolos de biossegurança do Brasil, dizendo que o país tem “muito a compartilhar” com outros países. Meza disse que os sistemas nacionais podem ser fortalecidos por meio da liderança regional do Brasil, o que envolveria o compartilhamento de informações, a capacitação e a transferência de boas práticas.
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Mitigar os impactos devastadores da gripe aviária, que desencadeou proibições comerciais contra o Brasil e outros produtores de aves, exige uma resposta integrada apoiada por investimentos constantes dos setores público e privado, de acordo com a FAO.
“Nenhum país ou setor pode enfrentar essa crise isoladamente”, disse a agência em um comunicado.
O Brasil envia frango para cerca de 150 países em todo o mundo. Embora alguns importadores tenham relaxado as restrições comerciais depois que o Brasil controlou o surto em junho, o principal comprador, a China, ainda não retomou as compras.
Até o momento, o Brasil evitou a disseminação da gripe aviária em aves comerciais, semelhante à que devastou recentemente granjas da Europa e dos Estados Unidos.
Apenas um caso foi registrado em granja comercial no país até o momento, em maio, no Rio Grande do Sul.
Mas há vulnerabilidades, principalmente em produtores menores de frango e ovos no Brasil, que empregam modos alternativos de produção e lidam com milhões de animais. Meza confirmou que a criação de frangos sem gaiolas ou ao ar livre acarreta um risco maior, pois os lotes podem estar mais expostos ao contato com animais selvagens infectados.
Para reduzir o risco, é fundamental mapear todas as granjas de frangos, grandes e pequenas, de acordo com Andrés González, da FAO, especialista em pecuária sustentável.
“Isto permite ter contato direto com o produtor, inclusive antes da emergência, para disseminar as boas práticas. E, se há emergência, aplicar medidas para controlar o mais breve possível”, disse González.
Reportagem distribuída pela Reuters
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