Bons resultados em Brumadinho

Com o objetivo de resgatar a cidadania para a melhora da qualidade de vida por meio de ações educacionais, produtivas e empreendedoras, o Projeto SuperAção Brumadinho completou dois anos e gerou resultados positivos.
As ações contribuíram para que os produtores rurais afetados pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, voltassem a ter renda e profissionalizassem a produção. O atendimento as 480 famílias rurais chegou ao final, mas, com os resultados positivos e demanda, serão abertos no município mais cinco grupos.
Entre os resultados alcançados estão o incremento de renda, que em algumas culturas superou em 50% o valor registrado antes do início do projeto, ganhos em produtividade e melhoria da gestão das unidades produtoras.
Foram atendidos produtores de sete cadeias produtivas: olericultura (produção de hortaliças), fruticultura, piscicultura, bovinocultura de leite, bovinocultura de corte, caprinocultura de leite e avicultura.
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O projeto SuperAção Brumadinho envolve o Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Ministério da Cidadania.
De acordo com o analista de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) da Faemg e supervisor do Projeto SuperAção Brumadinho, Wender Guedes, o programa foi um diferencial muito grande para as famílias. Ele explica que havia um grande receio entre os produtores, já que muitos receberam diversas promessas de ajuda, mas não foram continuadas.
“Conseguimos levar os serviços para produtores e nossa assistência teve início, meio e fim. Todas as famílias receberam a visita mensal, com duração de quatro horas, de um técnico especializado. Além da assistência técnica, foi feito um amplo trabalho gerencial, para transformar a produção em uma empresa. Com orientação, os produtores passaram a anotar todas as informações do negócio para ter uma gestão completa, obter resultados positivos e aumentar a lucratividade”.
Ao longo dos dois anos, foram mais de 7 mil visitas de técnicos de campo da ATeG, e, pelo projeto, foram atendidos produtores de todos os portes, desde os que plantam para a subsistência até os grandes.
“Nas sete cadeias atendidas, houve aumento de produção, da lucratividade e de todas as margens. Conseguimos bons números desde a subsistência até o grande produtor. Todos tiveram um atendimento personalizado”.
Além do trabalho técnico e gerencial no campo, também foram feitas diversas ações para quebrar o paradigma de que os produtos da região estavam contaminados. Logo após a tragédia, muitos produtores encontraram dificuldades para escoar as produções e acumularam prejuízos.
“No início, o ATeG trabalhava da porteira para dentro e, devido à necessidade, passamos a trabalhar da porteira para fora. Trabalhamos muito para quebrar o paradigma e superar o preconceito em relação à produção da região. Fizemos parcerias para a criação e divulgação de marca. Pelo Empório do Senar, passamos a divulgar, no site e nas feiras, os produtos. Desta forma, conseguimos superar este desafio”.
Outro problema enfrentado eram os atravessadores, que comprometem a margem de lucro. Através da startup CliCampo os produtores passaram a ter ajuda para comercializar e ganharam fluidez no pagamento, que é feito toda sexta-feira, por PIX.
Com o objetivo de aprimorar e capacitar os produtores, foram realizados 58 cursos de Formação Profissional Rural (FPR) e de Promoção Social (PS). Um total de 674 pessoas foram capacitadas, com investimento de mais de R$ 215,29 mil.
Apoio desde o planejamento até a colheita
Os resultados gerados com a assistência técnica e gerencial são significativos. Segundo o analista de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) da Faemg e supervisor do Projeto SuperAção Brumadinho, Wender Guedes, devido à profissionalização, uso melhor dos recursos, planejamento de plantio e melhor gerenciamento da gestão geral dos negócios, o desempenho das famílias atendidas supera até mesmo os resultados de antes do rompimento da barragem.
“Tivemos muitos retornos positivos. Por mais que os produtores tivessem experiência, com os cursos, orientação especializada, Dias de Campos, acesso a novas tecnologias e manejos, foi possível organizar melhor a produção e ter resultados mais favoráveis”, explicou.
Para a coordenadora nacional do projeto SuperAção Brumadinho, Luana Frossard, o projeto, que levou assistência técnica e gerencial aos produtores atingidos diretamente ou indiretamente, teve também grande ganho em relação à devolução da cidadania aos atingidos.
“Além dos ganhos financeiros e de produtividade, houve um grande ganho na devolução da cidadania, ao retorno da confiança dos produtores em produzir e continuar em seu negócio rural. Então, a assistência técnica fez com que o produtor não desistisse”.
Pandemia
O atendimento aos produtores também foi importante para superar os desafios impostos pela pandemia da Covid-19. “Além do rompimento, outra dificuldade foi a pandemia. Eles tiveram dificuldade em entregar a produção, principalmente, as hortaliças. Com a assistência, conseguiram contornar o desafio e manter a produção”.
Conforme o levantamento da Faemg, a vocação agrícola de Brumadinho é a produção de hortaliças, que representa 51% das propriedades atendidas pelo projeto. Nesta cultura, foi registrado um aumento médio de 33% na produção em quilos de hortaliças. Já a margem líquida (resultado da venda da produção obtida) saltou de R$ 0,05 para R$ 0,23 por unidade. O aumento foi de 350%.
Os produtores de frutas, que representam 22% dos atendidos no projeto, registraram aumento de 11% na produção. Já na margem bruta, que é a venda da produção obtida menos o custo operacional efetivo (COE), o aumento foi de 24%.
Alta também nos resultados alcançados pelos piscicultores, que representam 5% dos atendidos. Foi registrado aumento de 5% na produção anual de peixes e crescimento de 12% na renda bruta da atividade.
Na produção de leite, representada por 8% do total de produtores, foi possível alcançar um aumento de 8% e a margem bruta da atividade cresceu 40%.
A bovinocultura de corte apresentou aumento de 50% na renda bruta dos produtores e alta de 40% do peso médio de venda dos animais.
Já na caprinocultura de leite, o aumento da produção foi de 45% no volume de litros por dia e de 19% na renda bruta. Incremento também na avicultura, aumentando a produção de ovos caipira em 60%.
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