Café canéfora fecha junho com recorde em plena colheita

São Paulo – Os preços do café canéfora (robusta e conilon) fecharam junho com uma média mensal de R$ 1.214,21 a saca de 60 kg no mercado brasileiro, recorde real da série histórica iniciada em 2001, apesar de o Brasil estar em plena colheita, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em análise nesta terça-feira (2). Esse valor representou alta de 20,6% em relação a maio, segundo o centro de estudos da Esalq/USP.
“O avanço nos preços do robusta se dá em um momento de incertezas quanto à oferta global da variedade, tendo em vista o clima mais seco para o período no Vietnã, maior produtor de robusta, e que tem ditado o ritmo dos preços nos mercados interno e externo, refletindo, inclusive, no mercado de arábica”, afirmou o Cepea.
O Brasil tem se beneficiado da menor oferta do Vietnã, ampliando suas exportações. Em maio, os embarques totais, incluindo grãos arábica, saltaram 90%, segundo dados do Cecafé.
Mesmo com o ritmo forte da colheita no Brasil e a consequente maior oferta, os preços do robusta seguem elevados, ponderou o Cepea, lembrando que, apesar dos trabalhos acelerados no Brasil, os volumes têm decepcionado, o que ajuda a sustentar os preços. Até o fim de junho, o ritmo de colheita do café já passava da metade do total da safra 2024/25 estimada para o Brasil, somando-se arábica e robusta.
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“Apesar do avanço e da agilidade dos trabalhos de campo, as expectativas estão baixas e com poucos indícios de melhora de padrão. Agentes de mercado consultados pelo Cepea informaram que, para o arábica, os grãos não estão atingindo o peso esperado”, afirmou o relatório, acrescentando que os produtores têm tido dificuldades na formação de lotes com bom percentual de peneira 17/18 (grão graúdo).
No caso do robusta peneira 13, tem sido relatada a quebra de alguns talhões de até 30% no norte do Espírito Santo, ressaltou o Cepea. A redução no rendimento está ligada, principalmente, ao déficit hídrico no Estado durante o desenvolvimento dos grãos, o que também tem causado menores gramatura e qualidade. “A plena atividade no campo poderia pesar negativamente sobre as cotações, mas, diante da expectativa de disponibilidade restrita na Ásia, a colheita não tem tido força para pressionar os preços no Brasil de forma mais consistente”, completou o relatório.
Os aumentos nos preços dos canéforas em junho foram ainda mais intensos do que os observados para o arábica, resultando em renovações diárias no recorde real do indicador da variedade. No dia 24 de junho, o Indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6, peneira 13 acima, encerrou a R$ 1.250,67/saca de 60 kg, o maior valor da série histórica do Cepea.
Já o indicador de preço do café arábica subiu R$ 84,74/saca (ou 6,6%) no acumulado do mês (de 31 de maio a 28 de junho) e fechou a R$ 1.370,81/saca de 60 kg.
A média mensal do arábica foi de R$ 1.349,21/saca, quase 15% acima da de maio e a maior desde fevereiro de 2022, quando esteve em R$ 1.463,82/saca, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de maio/24).
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