Agronegócio

Café festeja data com projeção de alta em Minas

Dia nacional do grão será comemorado em 24 de maio com Estado tendo uma expectativa de produção 12% maior para este ano
Café festeja data com projeção de alta em Minas
Preços do café continuam valorizados, pois, apesar da alta, oferta do grão permanece restrita | Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

Item essencial nas mesas de café da manhã, num bate-papo com amigos ou na pausa no trabalho, o café se mistura com a cultura e a história de Minas Gerais. Principal produto da agricultura estadual para a economia, o grão comemora o próximo 24 de maio, Dia Nacional do Café, com expectativa de uma produção 12% maior que no ano anterior, chegando a 24,7 milhões de sacas de 60 quilos beneficiadas. A alta na produção mineira é resultado da recuperação de 7,5% na produtividade devido à bienalidade positiva.

Apesar do maior volume a ser colhido frente à safra anterior, comparando com a última safra de ciclo produtivo, o Estado vai colher cerca de 10 milhões de sacas a menos, resultado da seca e das geadas em 2021.

A produção nacional está estimada em 53,4 milhões de sacas de 60 quilos. O volume representa um acréscimo de cerca de 5,7 milhões de sacas em relação ao ciclo anterior ou alta de 12%. Se comparado com a colheita de 2020, último ano de bienalidade positiva, a produção esperada para este ano é 15,3% inferior.

De acordo com o segundo levantamento da cultura, divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra atual a área em produção em Minas Gerais foi ampliada em 4,1% e chegou a 1,01 milhão de hectares. A produtividade está 7,5% maior, com um rendimento médio por hectare de 24,3 sacas. 

Somente a produção do café arábica será de 24,48 milhões de sacas, superando em 12% o volume colhido em 2021. A colheita do café conilon deve somar 305,6 mil sacas de 60 quilos, avanço de 7,8% frente ao volume anterior.

Geadas

O presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, explicou que a produção em 2022 será maior e que os técnicos da companhia estão atentos ao clima, principalmente, no momento atual, quando existe risco de novas geadas em áreas importantes para a produção de café, incluindo, Minas Gerais. 

“A Conab está acompanhando os riscos climáticos, que no momento são as geadas. Mas, por enquanto, apesar das baixas temperaturas, os ventos têm evitado a formação da geada”, explicou.

O gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, explica que apesar da alta esperada frente à produção de 2021, quando comparado com a safra 2020 – ano em que a bienalidade também era positiva e a produção chegou a 34,6 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado -, Minas Gerais vai registrar, em 2022, uma queda significativa de quase 10 milhões de sacas de café. 

“Esta queda se deve à estiagem no período de pré-floração. Com as plantas debilitadas, não houve pegamento adequado dos chumbinhos. Outro fator que comprometeu o rendimento foram as geadas no Estado. Minas Gerais, no ano passado, enfrentou quatro meses de adversidades climáticas, sendo dois de baixas temperaturas e geadas e dois de estiagem, o que impactou muito na produtividade. Por isso, frente a 2020, a produção apresenta tendência de queda de quase 10 milhões de sacas”.

Preços

No que se refere ao mercado, o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira, explica que os preços continuam valorizados, resultado de uma oferta restrita. Porém, a estimativa de um crescimento menos intenso do PIB mundial pode interferir no consumo e, consequentemente, nos preços do café. 

“Temos uma menor oferta de café no mercado nacional, o que vem contribuindo para a valorização dos preços no mercado internacional desde o ano passado. Grande parte da alta é pelo cenário interno de produção, por ser o principal exportador do grão. Mas, por outro lado, existe o receio de uma demanda menor pelo impacto da guerra na previsão de crescimento do PIB mundial. São pontos que precisam ser observados”, disse. 

Grão é motor de desenvolvimento e modernização

Principal produto da agricultura de Minas Gerais, o café, segundo a analista de Agronegócios do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Gomes, foi responsável pelo desenvolvimento e modernização de Minas e do Brasil. 

“O café tem uma importância extrema para Minas Gerais. Primeiro porque somos os maiores produtores de café do Brasil e, se Minas fosse um país, seríamos o maior exportador do mundo. O café tem a peculiaridade de ter sido o responsável pelo desenvolvimento e modernização do Brasil e do Estado. Para o escoamento da safra e dadas as necessidades, foram construídas estradas de ferro, portos e houve um processo migratório”, conta.

Ainda segundo Ana Carolina, o grão tem grande importância social, promovendo a geração de empregos, renda, e movimentando a economia das cidades produtoras e do entorno da cultura.

“O café tem grande importância social na geração de renda, emprego e transferência de renda para outros setores por mover diversos setores da economia, como o de máquinas, insumos, infraestrutura, entre outros. A cultura tem uma cadeia de valor muito fortalecida”, explica.

Nos primeiros quatro meses do ano, a exportação de café foi responsável pela movimentação de US$ 2,43 bilhões em Minas Gerais, valor 66,2% maior que o registrado no ano passado. O grão responde por 51,9% do valor exportado pelo setor agropecuário do Estado. 

O faturamento bruto da produção cafeeira de Minas Gerais estimado para 2022, com base nos dados até abril, é de R$ 37,97 bilhões, superando em 57,6% o registrado em 2021. 

Além da importância social e econômica, o cultivo do grão vem avançando, cada vez mais, em sustentabilidade. “A sustentabilidade no café vem avançando muito. Tivemos, no Estado, a primeira produção regenerativa do café certificada. As práticas sustentáveis são crescentes e adotadas de forma natural até mesmo pelo processo de cultivo do café”.

A cultura tem como grande desafio o clima, que afeta a produção e a renda dos cafeicultores. “O que preocupa a cadeia é a questão climática. Ela impacta não só no volume, mas nas divisas e distribuição dos valores na cadeia, afetando também a indústria, o comércio e o consumidor”, diz. 

O grão é um dos principais geradores de renda no Estado. É cultivado em mais de 600 dos 853 municípios mineiros, sendo a principal atividade econômica em 340 deles.

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