Agronegócio

Veja diferenciais do café do Sul de Minas na venda para a rede chinesa Luckin Coffee

Lote especial de 30 sacas da Fazenda das Almas, em Cabo Verde, no Sul de MG, é um dos cafés vendidos para rede chinesa Luckin Coffee
Veja diferenciais do café do Sul de Minas na venda para a rede chinesa Luckin Coffee
Fazenda das Almas, em Cabo Verde, no Sul de Minas, tem cafeeiros que ficam em altitude entre 950 e 1.150 metros | Crédito: Divulgação Fernanda Fabrino

A produção sustentável aliada aos cuidados ao longo de toda a produção foram essenciais para que o café produzido na Fazenda das Almas, em Cabo Verde, no Sul de Minas Gerais, despertasse o interesse do mercado internacional. O lote especial de 30 sacas é um dos cafés que compõem as 120 mil toneladas de café brasileiro negociado com a Luckin Coffee neste ano.

A rede de café chinesa possui mais de 16 mil lojas no país asiático e firmou memorando de entendimento com o governo brasileiro para a promoção do café nacional em toda a rede. O acordo deve movimentar cerca de US$ 500 milhões em exportações de café. 

O proprietário da Fazenda das Almas, Virgolino Adriano Muniz, que está na atividade desde 1980, atribui a negociação ao trabalho desenvolvido na unidade. A venda do café para a Luckin Coffee é um reconhecimento da qualidade superior do café e incentivo para continuar melhorando ainda mais.  

“Quando uma empresa do porte da Luckin Coffee compra um lote de café especial de uma fazenda, é sinal que se surpreendeu com a qualidade. Isso confirma que o trabalho ali realizado está na direção correta, além de estimular a fazer ainda mais para aprimorar os itens que influenciam na qualidade”.

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Para Muniz, o diferencial do café vendido para a rede chinesa é uma soma de fatores. “Vários fatores diferenciam o nosso café, incluindo, por exemplo, o ambiente sustentável que desenvolvemos na fazenda. Além disso, temos cuidado com o cafeeiro e com os frutos em cada etapa da produção e do processamento. Tudo isso resultou em um café com aroma de frutas tropicais, sabor de ameixa, morango, uva, acidez tartárica, corpo licoroso, retrogosto doce e prazeroso”.

Venda para Luckin Coffee traz maior visibilidade

A negociação com a  Luckin Coffee, segundo o cafeicultor, também traz mais visibilidade para a produção da Fazenda das Almas, podendo gerar, assim, outros negócios.

“Ganhamos um lugar de destaque e muita visibilidade na negociação do Brasil com a China, o que deixou toda a equipe da Fazenda das Almas muito contente e, também, com a expectativa de novos negócios”, disse.

Muniz explica ainda que o lote foi negociado em janeiro de 2023 junto à SMC Specialty Coffees da Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), do Sul de Minas Gerais. A SMC foi a responsável por comercializar o lote com uma empresa chinesa e, essa, para a Luckin Coffee.

“Como a fazenda tem a certificação Rainforest Alliance, que exige rastreabilidade, a Luckin Coffee conheceu a origem do lote do café comprado”.

Em relação aos preços, os cafés especiais têm valores compatíveis com a qualidade, diferenciando da produção do café commodity.

“O preço do café especial é interessante e vantajoso, principalmente em épocas de preços baixos do café, o que mantém a rentabilidade da fazenda. Na época de preços altos, o diferencial é menos significativo”, disse o produtor.

O segredo para a alta qualidade do café

A produção dos cafés especiais exige muita dedicação e trabalho. Na Fazenda Das Almas, Virgolino Adriano Muniz destaca cinco pontos essenciais para que os cafés tenham alta qualidade. Segundo o produtor, a unidade tem uma altitude que varia de 950 a 1.150 metros e possui fragmentos florestais próximos dos talhões, o que alivia a temperatura nos dias quentes. Então, isto favorece o desenvolvimento do cafeeiro e promove melhoria da qualidade.

Outro ponto são as variedades do café e a seleção das melhores opções para o plantio, o que é feito em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

“Na unidade, existem variedades mais antigas que expressam ótima qualidade. Hoje também temos dois campos experimentais da Epamig. O primeiro foi instalado há cinco anos e o outro há dois anos. Estes campos nos dão o privilégio de conhecer perfeitamente as cultivares no sentido de vigor, resistência a pragas e doenças, produtividade e qualidade. Hoje sabemos claramente quais os cultivares que devemos usar nos próximos plantios”.

Outro ponto de atenção para garantir a qualidade é o manejo bem-feito na entressafra. Incluindo, por exemplo, as adubações, controle do mato, de pragas e doenças, desbrotas e cuidados foliares.

A colheita e o pós-colheita também merecem atenção especial. Conforme Muniz, há o momento certo para iniciar a colheita, de tal forma que se consiga o máximo de cafés cerejas. Já o pós-colheita é essencial para manter a qualidade obtida nos processos anteriores. Assim, a fazenda é totalmente equipada e os funcionários capacitados para que o café expresse o melhor potencial. 

“O trabalho pós-colheita, não vou dizer que é o mais importante, mas é aquele que mantém a qualidade conseguida nos estágios anteriores. Talvez, com os cuidados, se consiga melhorar a qualidade um pouco mais”, finaliza o cafeicultor.

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