Agronegócio

Café de Sabará vence concurso de qualidade da Emater-MG

Produtor da cidade é o campeão estadual do concurso
Café de Sabará vence concurso de qualidade da Emater-MG
Produção do Café Vila Real é no Sítio Santa Rosa; é a 1ª vez que RMBH leva título estadual | Crédito: Arquivo Pessoal/Mamédio Martins

O acesso à assistência técnica combinado com a disposição de mudar e evoluir foram fundamentais para que o cafeicultor Mamédio Martins dos Santos, de Sabará, melhorasse a qualidade do café produzido por ele. O trabalho para o aperfeiçoamento da produção, que durou cerca de três anos, gerou resultados. Agora, Martins foi o campeão estadual do Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, realizado há 20 anos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). Ele desbancou concorrentes de áreas com tradição no cultivo de cafés especiais das regiões produtoras do Sul de Minas, Matas de Minas e Cerrado Mineiro. Pela primeira vez, um produtor da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi campeão estadual

A produção do Café Vila Real acontece no Sítio Santa Rosa, em Sabará, na RMBH. O local está a 1,4 mil metros de altitude, o que favorece a produção de cafés especiais. A produção é familiar envolve, além de Martins, a esposa, os dois filhos e um funcionário.  Na safra 2023, a produção somou 55 sacas de 60 quilos e, deste total, 35 sacas são do café especial. A produção é natural e Martins não utiliza agrotóxicos nas lavouras.

Produção

As primeiras lavouras foram implantadas em 1998, mas o trabalho focado na melhoria da qualidade, foi iniciado há 3 anos. Com a assistência técnica da Emater-MG foram feitas várias intervenções na unidade, desde o controle de pragas e doenças até melhorias na colheita e no pós-colheita. Todo o esforço rendeu bons resultados. 

“Começamos quando não tinha a cultura do café em Sabará. Cheguei aqui e combinei com meu patrão e recebi todo apoio para o plantio e deu certo. Só tem três anos que recebo a assistência da Emater e agradeço muito à técnica que me atende. A terra de Sabará é excelente para a produção. No nosso caso, o segredo para a produção do café de qualidade é o cuidado ao longo de todo o processo”, declarou.

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Ainda conforme Martins, um dos pontos mais importantes para o café de qualidade é o processo de secagem. “Colhemos somente o café cereja, que é secado em terreiro suspenso e mexido de 5 a 6 vez ao dia. Trabalhamos com carinho e dedicação. Fiquei muito feliz em ganhar o concurso. Colocamos Sabará em destaque na produção de café. Pretendo participar de muitos outros concursos, no Brasil e no mundo”, comemorou Martins.

Concurso gera valorização para o café especial

O reconhecimento da qualidade diferenciada também é importante para o retorno financeiro. Conforme o cafeicultor, seis sacas do café campeão – que atingiu a nota de 91,7 pontos – serão vendidas para o supermercado Verdemar. O preço será de R$ 5 mil por saca. 

“O café comum, hoje, está cotado abaixo de R$ 1 mil. Então, vou ter um retorno muito bom. Espero conseguir vender o restante do lote a preços valorizados também”.

A conquista do certame também está incentivando Martins a continuar investindo na produção. Nos próximos anos, ele pretende ampliar o plantio de café e também investir na estruturação de uma agroindústria, passando, assim, a processar a produção.

Assistência técnica e dedicação geram avanços nos processos e na qualidade do café

O sucesso do café produzido pelo cafeicultor Mamédio Martins dos Santos é resultado de um trabalho planejado e bem executado no Sítio Santa Rosa. Há três anos, o produtor vem recebendo assistência técnica da Emater e as mudanças foram importantes para a produção.

De acordo com a técnica da Emater-MG em Sabará, Shelen de Souza, responsável pela assistência ao produto, várias ações foram desenvolvidas ao longo dos últimos anos no sítio.

Café de Mamédio Martins atingiu nota de 91,7 pontos | Crédito: Arquivo Pessoal

Assistência

Logo no início, foi feita uma avaliação do cafezal, onde foram observados a qualidade do solo, dos cafeeiros e definidos cuidados para a melhoria da produção, como planejamento de uma adubação correta e controle de pragas, principalmente, a broca-do-café e o bicho mineiro. 

“No primeiro ano, inscrevemos o café no concurso da Emater. Ganhando ou não, todo produtor recebe laudo de como o café está. Então, neste primeiro ano, o café foi desclassificado por dois fatores: café com umidade acima do permitido e muitos defeitos provocados pela broca. Com a devolutiva, trabalhamos no ano seguinte para tratar e retirar a broca. O produtor passou então a varrer o chão, a não deixar grãos nos cafeeiros e a fazer caldas agroecológicas para um combate natural das pragas. O produtor também investiu em um medidor de umidade”. 

No segundo ano de assistência, o café foi novamente inscrito no concurso, sendo classificado para a semifinal. Porém, foram identificados problemas com os cuidados no pós-colheita. 

“Diante do problema, o trabalho foi direcionado para o pós-colheita. Assim, o produtor passou a colher somente os frutos maduros, acompanhou de perto a secagem dos grãos e passou a controlar a umidade. O trabalho deu certo e na terceira participação no concurso de qualidade da Emater, o café foi o campeão estadual”, disse Shelen. 

O trabalho de assistência técnica vai continuar e o objetivo é estruturar uma agroindústria na propriedade. “A assistência faz muita diferença. Atendo muitos produtores na região de Sabará e todos têm a mesma oportunidade. Quem segue as orientações, tem força de vontade e acredita no profissional consegue evoluir”, apontou a técnica da Emater.

Concurso Cafés

O 20º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, na safra 2023, contou com 1.563 amostras inscritas nas categorias Café Natural e Café Cereja Descascado/Despolpado.

Conforme a Emater-MG, os jurados do concurso provaram cerca de 18 mil xícaras desde a primeira etapa da competição até chegar aos vencedores.

O anúncio dos ganhadores da competição foi na última segunda-feira (11). Além do campeão estadual, também foram anunciados os vencedores regionais das Matas de Minas, Sul de Minas e Cerrado Mineiro, nas duas categorias do concurso. Todos tiveram notas a partir de 86 pontos, de acordo com a metodologia da Associação de Cafés Especiais (SCA, em inglês), entidade internacional de referência do setor.

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