Cafeicultores do Cerrado investem em cultivares

Patrocínio – A procura por cultivares de café melhoradas geneticamente tem aumentado entre os cafeicultores do Cerrado Mineiro. De acordo com viveiristas da região, entre 70% e 80% das mudas adquiridas nos últimos três anos foram de novos materiais como MGS Paraíso 2, Arara, Catucaí Amarelo 2SL, entre outros.
No Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em Patrocínio, onde há a comercialização de sementes, a busca pelas cultivares desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético do Café da empresa, em parceria com a Embrapa Café e as universidades federais de Lavras e de Viçosa, corresponde a cerca de 70% do total.
“Dentre as mais procuradas, três são do Programa de Melhoramento da Epamig – MGS Paraíso 2, Topázio MG 1190 e MGS Aranãs – e uma é do grupo das consideradas tradicionais, a Catuaí Vermelho IAC 144, cultivar do Instituto Agronômico de Campinas”, conta o pesquisador Diego Júnior Martins Vilela.
Diego, que é o responsável técnico pelo Banco Germoplasma de Café da Epamig, avalia que o desempenho dessas novas cultivares em campo tem motivado os produtores a investirem no cultivo.
“Outro fator que justifica a atual demanda pelos cafeicultores é a grande difusão dos resultados que estão sendo obtidos nos experimentos conduzidos em mais de 35 Unidades Demonstrativas mantidas pela Epamig, tanto na região do Sul de Minas (projeto em parceria com a Cooxupé), quanto no Cerrado Mineiro (projeto em parceria com a Federação dos Cafeicultores do Cerrado). Essas Unidades Demonstrativas abrangem os mais variados climas, tipos de solo, altitude, manejo, dentre outros caracteres inerentes à produção”.
MGS Paraíso 2 – Dentre as cultivares avaliadas, a MGS Paraíso 2 tem se sobressaído em quesitos como qualidade e produtividade em diversas condições de cultivo. “Como características agronômicas favoráveis ao cafeicultor, podemos dizer que a MGS Paraíso 2 apresenta como destaques alta produtividade, alto rendimento, excelente qualidade de bebida com aptidão para cafés especiais, resistência à ferrugem e maturação média”, aponta Diego Vilela.
O cafeicultor e produtor de mudas Enivaldo Pereira, conhecido como Pioi, também atribui essa nova demanda ao que já vem sendo demonstrado em campo. “Os produtores têm a intenção de aumentar a produtividade e a qualidade e buscam por variedades que já vêm dando resultados”.
Premiado, recentemente, em concursos de qualidade na categoria Café Natural, com a cultivar MGS Paraíso 2, Enivaldo conta que as mudas desta cultivar se tornaram as mais procuradas neste ano de 2021. “Ano passado a maior procura era pelo Arara, cultivar desenvolvida pela Fundação Procafé. Este ano está sendo o Paraíso. Por ordem de procura temos Paraíso 2, Arara, Guará e Catucaí Amarelo (ambos da Fundação Procafé)”, informa.
O também viveirista Paulo Almeida enumera os fatores que motivam o cafeicultor a investir na renovação da lavoura. “Eles buscam por resistência a pragas e doenças, tolerância à seca e alta produtividade”. Quanto à busca por mudas, Paulo informa que neste ano as mais procuradas são a MGS Paraíso 2, a Arara e a IPR100, desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná.
Há dez anos trabalhando com a produção de mudas, a agrônoma Elisa Müller Veronezi também cita essa procura por cultivares mais novas e com maior agregação de benefícios. “Há três anos o Arara vinha sendo o mais procurado, este ano é o MGS Paraíso 2, que já foi o segundo colocado na procura em 2020. As mais buscadas são MGS Paraíso 2, Arara, Catucaí 2SL, Topázio (Epamig)”.
Sementes qualificadas – A Epamig iniciou a comercialização de sementes qualificadas de café para o ano de 2021, nos campos experimentais de Patrocínio, no Alto Paranaíba, e de Machado, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas, no Sul de Minas. As sementes oferecidas são de alta qualidade fisiológica e atendem às exigências da legislação vigente. As características destes materiais contribuem para a obtenção de mudas e plantas mais sadias e produtivas.
A pesquisadora da Epamig Vanessa Figueiredo destaca que o investimento na formação da lavoura de café é um dos pontos determinantes para a definição do potencial produtivo. “Deve ser dada atenção especial ao plantio de mudas vigorosas, formadas a partir de sementes de alta qualidade física, fisiológica, genética e sanitária. Outro ponto fundamental é a escolha da cultivar, com elevado potencial genético e adaptada às condições de cultivo”, aponta. (Com Epamig)
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