Campanha busca valorizar a cadeia de ovinos e caprinos de Minas Gerais

Com o objetivo de dar maior visibilidade e fomentar a popularidade da cadeia produtiva de ovinos e caprinos, o Sistema Faemg Senar lançou uma campanha que vai mostrar os benefícios e produtos gerados com as atividades. A campanha é considerada muito importante para chamar a atenção dos consumidores e fomentar o mercado.
Conforme a analista de Formação Profissional Rural do Sistema Faemg Senar, Tatiana Ude Neiva Araújo, a iniciativa da campanha partiu da Comissão Técnica de Ovino e Caprinocultura e a expectativa é levar mais informações para o mercado consumidor, chamando atenção da população e estimulando o consumo dos produtos.
“Nossa campanha tem o objetivo de dar visibilidade e fomentar a popularidade da cadeia produtiva de ovinos e caprinos em Minas Gerais. O grande desafio enfrentado pelos nossos produtores é a comercialização dos produtos, tanto a carne como o leite e derivados. No caso da carne, por exemplo, o animal produzido em Minas é abatido em São Paulo e a carne vendida lá. Então, falta estimular o consumo no Estado”.
Ainda conforme a analista, com a campanha a expectativa é mostrar para a população que a carne de cordeiro pode ter um valor acessível. Ao longo da campanha, serão divulgadas receitas envolvendo vários cortes de cordeiro.
“Queremos popularizar a carne de cordeiro porque ainda há uma visão muito elitizada. Vamos mostrar que tem opções de carne a valores acessíveis, que temos várias receitas com carnes menos nobres”, explicou.
Desafios na produção de leite
No leite, também há o desafio da comercialização do produto e dos derivados. Segundo Tatiana, há apenas um laticínio que capta o produto. “Temos apenas um laticínio que capta leite de cabra no Estado, então, há uma dificuldade muito grande de comercialização”.
Tatiana explica que é preciso estimular a produção dos derivados de leite de cabra, como iogurtes e queijos. Os produtos além de ter um valor agregado maior também são oportunidades para que o produtor tenha mais opções ao escoar a produção. Mas, para isso, é preciso do mercado consumidor.
“A Comissão de caprinos e ovinos da Faemg tem pedido apoio ao governo de Minas para que haja a inclusão do leite e derivados na merenda escolar. Encaminhamos ofícios para as prefeituras e para a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A inclusão pode atrair laticínios que vão buscar a matéria prima para abastecer as escolas”.
A campanha para valorização da produção de ovinos e caprinos do Sistema Faemg Senar também vai mostrar aos consumidores os benefícios dos produtos para a saúde.
“O leite de cabra tem propriedades muito nutritivas e pode ser consumido por quem tem restrição à proteína de leite de vaca. Com a campanha, queremos criar um elo entre a produção e o mercado de consumo. Vamos mostrar para o consumidor os produtos, os benefícios da carne, do leite e dos derivados e, assim, desmistificar a cadeia”.
A campanha
Conforme Tatiana, durante os 90 dias da campanha, que foi iniciada em 27 de fevereiro, através de vários canais da mídia, serão abordados os mitos e verdades sobre a produção, divulgados vídeos de receitas e depoimentos de produtores.
“Queremos que a campanha realmente ajude a incentivar o consumo dos produtos da cadeia. Em Minas Gerais, conforme os dados de 2022 do IBGE, a produção de caprinos conta com um rebanho em torno de 73 mil animais. O rebanho de ovinos está estimado em 202 mil animais”.
As regiões de maior concentração de cabras são o Norte de Minas e a Zona da Mata, e de ovelhas são o Norte, Triângulo e Alto Paranaíba.
Produtor de ovinos e caprinos
O zootecnista, ovinocultor e produtor rural de Alfredo Vasconcelos, Luciano Piovesan Leme, ingressou na ovinocultura de corte em 2008. Na época, o principal desafio enfrentado foi o da comercialização dos produtos. A falta de volume e de regularidade na entrega dos animais para abate também afetava outros produtores da região.
Mas, o problema foi resolvido com a união dos produtores. Juntos eles conseguiram ampliar a oferta e, assim, regularizar a entrega. A primeira venda coletiva foi em 2010, com a negociação de 74 cordeiros de 8 criadores. As entregas avançaram e, hoje, o volume regular é de 130 a 140 animais por mês, vindos de 54 produtores.
Conforme Piovesan, mesmo com o avanço, há ainda muito espaço para a atividade crescer e um dos maiores desafios é estimular o consumo junto às famílias. A expectativa é que a campanha da Faemg contribua para isso, ao levar informações importantes para o mercado consumidor.
“A campanha auxilia em muito no sentido de possibilitar a compreensão do consumidor que a carne de cordeiro é mais uma opção de proteína altamente nutritiva, com menos gordura e muito saborosa. É preciso desmistificar o setor. Muita gente tem a ideia preconcebida que carne de cordeiro é doce, forte, porque, lá atrás, se abatiam animais mais velhos. Hoje, a produção evoluiu muito. O abate dos cordeiros acontece com cerca de 150 dias. Gerando, assim, uma carne com um ótimo marmoreio de gordura e macia. A carne tem um teor de fibras e maciez muito diferente”.
Leite
No que se refere ao leite, Piovesan também está investindo na criação de cabras. Este ano, ele comprou 50 matrizes, cuja produção de leite iniciará nos primeiros meses de 2025. A ideia é produzir iogurte para a merenda escolar e queijos finos para o mercado consumidor.
“Nos últimos anos, a produção de queijos finos de cabra avançou muito em Minas Gerais. A alta qualidade tem rendido prêmios inclusive, internacionais. Essa campanha vai ajudar muito a cadeira produtiva em valorizar e destacar produtos. vai ser uma oportunidade para o consumidor conhecer as opções e também para despertar a curiosidade”.

Expedição Bééé Brasil
Além de produtor, Piovesan também está à frente da Expedição Bééé Brasil, projeto que vem percorrendo diversas unidades produtoras de ovinos e caprinos em Minas Gerais. A expedição também acontecerá em nível nacional. O objetivo é ouvir os produtores, mapear as produções e identificar potenciais e desafios enfrentados.
“O projeto está percorrendo Minas Gerais. Com ela, tenho a oportunidade de mostrar e dar visibilidade à cadeia em Minas e no Brasil. Toda semana público vídeos novos nos canais da expedição que mostram a produção, as fazendas e os produtos. Farei um diagnóstico, que servirá de base para que o setor busque políticas públicas para os gargalos”
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