Agronegócio

Campos Altos lança ‘marca território’ para fortalecer café regional

Identidade geográfica está em vias de homologação e aguarda caracterização de perfis sensoriais dos cafezais
Campos Altos lança ‘marca território’ para fortalecer café regional
Entre as planícies do Oeste de Minas Gerais e ao lado de serras da Canastra, da Saudade e do Salitre, o município de Campos Altos, que já se destacava no cultivo de cafés especiais | Crédito: Sebrae Minas/Divulgação

Mais uma região cafeeira se prepara para fortalecer a produção e ganhar maior reconhecimento. A Associação dos Cafeicultores de Campos Altos (ACCA) e o Sebrae Minas se uniram para lançar a “marca território” Café de Campos Altos. A iniciativa é uma estratégia de promoção e posicionamento no mercado para o café de origem produzido no município mineiro de Campos Altos, um dos principais produtores de café na microrregião de Araxá.

A região localizada no Alto Paranaíba tem cafezais com altitudes médias de 1.100 metros e as condições favoráveis de chuva da região proporcionam um ambiente propício para o cultivo de cafés especiais comparada a outras regiões do Estado.

“É uma região cuja característica é possuir um clima frio à noite e calor durante o dia, o que que não traz, inclusive, a necessidade de se fazer irrigação ao longo de todo o ano. Esses são fatores perfeitos para uma alta qualidade de café”, diz o analista do Sebrae Minas, Alexandre Henrique Sousa.

A lançamento da marca, que terá a participação de dezenas de produtores e especialistas em café, será no dia 25 de outubro no município. A cidade, aliás, tem outros diferenciais competitivos com relação a outras regiões cafeicultoras do Estado, pois possui resquícios de Mata Atlântica e Cerrado, baixa utilização de defensivos agrícolas e até redução expressiva de podas. Esse cenário, segundo Sousa, é capaz de resultar em grãos que “se destacam pelos aromas de chocolate, melaço, caramelo e frutas vermelhas”, qualifica.

O plano é fazer com que a produção local seja forte o suficiente para poder atrair investimentos na produção, processamento e comercialização do café, conforme explica o presidente da ACCA, Heron Reger.

“A atração de investimentos pode levar a melhorias na qualidade e na infraestrutura da indústria cafeeira local. Uma marca de território pode ajudar a diferenciar o café de Campos Altos de outros produtos no mercado, criando um nicho especializado que pode atrair consumidores em busca de cafés únicos”, aposta o presidente da ACCA.

Segundo Reger, um dos efeitos que podem ser explorados com a criação da marca é o “senso de pertencimento” entre os cafeicultores locais, incentivando-os a manter e aprimorar as práticas de produção. O que concorda o analista do Sebrae Minas. Para Sousa, o processo requer uma complexidade de estudos que estão sendo desenvolvidos não somente para a obtenção de um selo de excelência em qualidade, mas para valorizar a produção local e contribuir para o valor adicional no preço do café, por exemplo.

“Não adianta ter apenas um café na região de Campos Altos e não ter um patamar mínimo de padrão de qualidade. Se não fizermos nada, o café já é bom, mas se fizermos agora, a gente contribuirá para resultados ainda melhores”, diz o especialista que, desde o ano passado, atua em análises para a acelerar o registro da marca e de outros processos junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). “Esse trabalho iniciou por conta de uma demanda da comunidade e de lideranças e, assim, estamos executando esse trabalho que envolve a formação de grupos, trabalho de governança e região delimitada”, cita ele.

Hoje, a “marca território” se restringe apenas às propriedades urbanas e rurais do município de Campos Altos. Segundo Heron, com os avanços do processo de estudos e registros há a possibilidade de ampliação geográfica.

“Temos o intuito de anexar, em um futuro breve, os municípios vizinhos. Será um trabalho em conjunto com o Sebrae e a Emater-MG, o que demanda um trabalho minucioso de levantamento de dados feito por essas instituições”, adianta.

Segundo o IBGE, hoje existem em torno de 500 propriedades rurais cafeeiras no município e em torno de 600 produtores. “Cadastrados em nossa associação são 44. Então vemos a região com um potencial gigantesco e, da mesma forma, muito trabalho pela frente em mostrar os benefícios da “marca território” da nossa região a esses produtores”, aponta Reger.

E finaliza: “A nossa identidade geográfica está em vias de ser homologada. Falta apenas mais uma caracterização dos perfis sensoriais dos cafés de Campos Altos e, após isso, estaremos aptos a requerer registro ao Inpi”.

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