Castanha de baru do Cerrado Mineiro compõe cardápio de luxo e vai à COP30
A castanha de baru, produzida no Cerrado de Minas Gerais, está conquistando mercados. Um importante avanço para a comercialização e divulgação do Baru foi a inclusão da castanha no cardápio do restaurante Blaise, localizado no Rosewood São Paulo, considerado um dos 50 melhores hotéis do mundo, segundo o The World’s 50 Best Hotels. A presença da castanha de baru no Blaise representa um marco para a cadeia produtiva do Cerrado. Ao ser incorporada em um espaço de luxo e reconhecimento internacional, a castanha ganha visibilidade e legitimidade gastronômica.
Outra vitrine para o produto será a participação da Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase), com sede em Arinos, Noroeste de Minas Gerais, na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que acontece em Belém, no Pará, até 21 de novembro.
De acordo com a gestora da Copabase, Dionete Figueiredo, o uso da castanha do baru no Blaise é uma forma de valorização que vai muito além da compra.
“É uma enorme honra ter a castanha compondo o menu do Blaise. O Rosewood São Paulo celebra a cultura brasileira e valoriza os produtos nacionais. Nos restaurantes, a proposta é valorizar ingredientes e sabores brasileiros, com produtos frescos e regionais que criam experiências. Eles não apenas querem o nosso produto, mas também se interessam por tudo o que está por trás dele, como o valor nutricional, o impacto social, as pessoas da cooperativa e o processo de extrativismo. Mais do que cozinhar, eles celebram histórias”, observa.
Ainda conforme Dionete, o volume da castanha de baru destinado ao restaurante não é grande, pois os pratos do Blaise são pensados em pequenas porções, mas a importância da parceria é enorme. Mesmo em pequena escala, o apoio de um espaço como o Blaise tem um efeito multiplicador no mercado.
“O mercado de luxo serve de referência e inspiração para toda a cadeia, ajudando a dar visibilidade, prestígio e escala aos nossos produtos. O uso de ingredientes da sociobiodiversidade brasileira, como a castanha de baru, reposiciona esses produtos, assim, eles deixam de ser vistos como algo regional e passam a ser reconhecidos como sofisticados, sustentáveis e desejáveis”, pontua.
A expectativa é que a incorporação do baru nos cardápios de luxo estimulem restaurantes menores, marcas e consumidores a enxergarem o valor desses ingredientes. “A presença do baru no Blaise eleva o status dos produtos da sociobiodiversidade brasileira, gera visibilidade para as comunidades extrativistas, estimula melhores preços, parcerias diretas e incentiva a conservação do Cerrado, já que o baru só prospera em áreas preservadas”, diz.
A divulgação da castanha é importante para estimular o mercado, permitindo que mais famílias participem da produção do baru. Em 2025, a produção da castanha será menor que em 2024, quando a Copabase recebeu 14,69 toneladas da castanha. A queda é atribuída ao clima desfavorável.
Hoje, cerca de 100 famílias extrativistas trabalham junto à Copabase na produção da castanha, mas, na região há 300 famílias cadastradas que poderão trabalhar com o baru caso haja expansão do mercado.
“Nossas expectativas para a produção da castanha de baru em 2025, infelizmente, são muito baixas. Estamos observando, pelo terceiro ano consecutivo, uma safra bastante fraca no Cerrado. O clima não foi favorável. Há uma percepção crescente de que estamos sofrendo os efeitos das mudanças climáticas, que impactam diretamente a sazonalidade e a produtividade de frutos nativos, como o baru. Essa situação nos impõe a necessidade de um grande ‘jogo de cintura’ e de um profundo entendimento de nossos parceiros e clientes sobre a natureza sazonal do baru”, conta.
Baru na Cop 30
Dionete Figueiredo ressalta que o momento atual é de grande desafio, mas também uma oportunidade para reforçar a importância das discussões sobre os impactos das mudanças climáticas e a urgência de ações de mitigação para proteger a sociobiodiversidade e as cadeias produtivas locais na COP 30, evento que a cooperativa estará presente.
Além da exposição dos produtos, a gerente participará de rodas de conversa, mesas, seminários e estará presente na Cúpula dos Povos. A jovem cooperada e bacharel em agronomia, Maria Aparecida, que também atua na administração da Coopabase, participará de uma mesa de discussões no dia 17 de novembro, representando a cooperativa e os povos extrativistas.
“É com uma alegria imensa e um profundo senso de responsabilidade que a Copabase participa da COP 30 em Belém. Estar neste evento global é mais do que uma oportunidade. É a concretização do nosso compromisso com as pautas do Cerrado, da sociobiodiversidade e do extrativismo sustentável. Levaremos a voz das nossas comunidades, a riqueza dos nossos produtos e a urgência de um futuro mais justo e verde para todos”, destaca a gerente da Copabase, Dionete Figueiredo.
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