Cenoura e alface são as vilãs na Ceasa
As chuvas abundantes registradas em Minas Gerais desde o final de 2022 estão impactando a oferta de hortaliças e frutas e gerando aumento nos preços. Em janeiro, o preço de quatro das cinco hortaliças pesquisadas aumentou, tendo como principais destaques as altas de 43,88% no valor da cenoura e de 30,8% na alface, se comparado com dezembro.
Entre as frutas, o movimento também é de alta dos preços. Das cinco pesquisadas, quatro tiveram reajustes em janeiro frente a dezembro. No período, a maior alta foi na cotação melancia, que subiu 22,03%.
Os dados são do 2º Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) 2023, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira, as chuvas abundantes estão interferindo na oferta de importantes produtos e, como consequência, há um aumento dos preços.
“Tem sido registrada muita chuva nas regiões produtoras, o que pode refletir nos preços. A gente tem hortaliças com queda na comercialização geral, explicado pela elevação de preços. A recuperação de preços, frente ao mesmo período de 2022, mostra um novo patamar, o que pode favorecer a oferta, que tem se recuperado frente a janeiro do ano passado”.
Dentre os hortigranjeiros, na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas), unidade Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a maior alta foi verificada no preço da cenoura, 43% a mais em janeiro frente a dezembro. O preço médio do quilo chegou a R$ 1,97.
De acordo com a Conab, a alta de janeiro deste ano foi provocada pela menor oferta do mês. Assim como em Belo Horizonte, nas 11 demais Ceasas analisadas, a movimentação total de cenoura caiu quase 10% com retração nos envios do produto a partir de Minas Gerais e de São Paulo. Minas é o principal abastecedor dos mercados, com representatividade de 40% do total. As chuvas constantes vêm atrapalhando a colheita, sobretudo na região de São Gotardo.
Aumento expressivo também foi visto no preço da alface. O quilo foi negociado a R$ 7,87 na Ceasa Minas, valor 30,80% maior. Segundo a Conab, o aumento se deve à queda na oferta nos mercados que abastecem a Capital. As chuvas, iniciadas em outubro continuam sendo a principal causa de diminuição da oferta em BH, que registrou altos índices pluviométricos em janeiro.
No caso da batata, a alta chegou a 4,06% em janeiro frente a dezembro, com o quilo comercializado, em média, a R$ 3,34. Assim como nos produtos anteriores, as chuvas impactam a colheita, reduzem a oferta gerando preços mais altos.
O tomate ficou um pouco mais caro, com reajuste de 0,71% em janeiro frente a dezembro. O quilo foi cotado a R$ 4,82.
Os técnicos da Conab explicam que a oferta de tomate da safra de verão foi intensificada e há perspectiva de manter os volumes em fevereiro. As chuvas constantes até metade de janeiro prejudicaram a colheita, afetando os níveis de oferta, porém, com a diminuição delas e com o forte calor, que é típico dessa época, a maturação do fruto acelera e o produtor precisa colocar seu produto no mercado para não o perder.
Já a cebola, apresentou queda expressiva de 43,72% e o preço médio de R$ 3,31 por quilo. Segundo os dados da Conab, o que determinou a queda foi a entrada no mercado em maiores volumes da cebola do sul do País, em especial a catarinense.
Frutas
Assim como nas hortaliças, a oferta de frutas também ficou menor. A nível nacional, em janeiro, o segmento apresentou queda de 9,7% em relação ao mês anterior e queda de 5,4% em relação ao mesmo mês de 2022.
Na Ceasa Minas, a maior alta de preço foi registrada na melancia, 22,03%, e preço por quilo em R$ 2,37. No período, a oferta ficou 24% menor. Contribuíram para o aumento dos preços o período de entressafra e chuvas intensas em algumas regiões produtoras, o que interferiu no desenvolvimento da fruta.
Também em janeiro, o quilo da maçã avançou 13,63% e foi negociado, em média, a R$ 9,29. Segundo a análise da Conab, o mercado de maçã registrou alta de preços – em níveis já elevados – e menor comercialização nas Ceasas em janeiro em virtude da “praticamente zerada” disponibilidade de frutas. As variedades de maçã que ajudaram a suprir parte da demanda foram as variedades eva (originárias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo) e as maçãs importadas, com ótima qualidade e preços puxados para cima por causa da falta de concorrência com outros tipos.
O mamão encerrou o primeiro mês de 2023 com um aumento de 8,15%. O quilo foi negociado a R$ 5,27.
Alta também na cotação da banana, 2,12%, e quilo vendido a R$ 4,02. A oferta de banana-prata foi reduzida por causa da entressafra da variedade.
Somente a laranja apresentou queda de preço, 0,66%, com o quilo negociado, em média, a R$ 2,06. A Conab explica que a demanda pela fruta foi lenta no início do mês devido às temperaturas mais baixas nos principais centros consumidores e também à concorrência com as frutas de caroço, com preços ainda acessíveis nesse período.
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