Centro de Referência de Qualidade de Cachaça vai favorecer setor

Com investimentos de R$ 3,7 milhões, o Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça (CRAQC), que fica na Universidade Federal de Lavras (Ufla), foi estruturado e vai prestar assistência a produtores de cachaça de Minas Gerais e também do País. A expectativa com o centro, que tem capacidade de realizar diversas análises de qualidade das cachaças, é estimular a melhoria da bebida, promover a maior regularização da produção e contribuir para a valorização da cachaça.
O aporte do governo de Minas Gerais ocorreu por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Conforme as informações da Fapemig, o CRAQ compreende um grande complexo de laboratórios onde há o desenvolvimento das análises e pesquisas referentes à origem e formação dos principais congêneres e contaminantes da bebida. A estimativa é iniciar as análises em setembro, já que o momento agora é de testes dos equipamentos.
Ao todo, a unidade tem capacidade de emitir laudo sobre os 20 Parâmetros de Identidade e Qualidade (PIQs). Estes parâmetros são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e fundamentais para registrar uma cachaça. A estimativa é de que quando estiver em pleno funcionamento, será capaz de prestar assistência para os produtores de Minas Gerais e do País.
Para a coordenadora do CRAQC, Maria das Graças Cardoso, a inauguração do centro, que aconteceu em abril, é a realização de um sonho e terá um papel muito relevante no desenvolvimento da produção de cachaça.
“É a realização de um sonho e foi possível porque na Ufla já são realizados, há muitos anos, estudos e pesquisas que envolvem a cadeia da cachaça. Um trabalho que é atrelado ao Mapa. Contamos com pesquisadores qualificados que já desenvolveram e desenvolvem muitos trabalhos”.
Unidade é equipada para realizar diversos testes
Ainda segundo a coordenadora, o CRAQC conta com diversas salas de análises, anfiteatro e equipamentos modernos para analisar todos os parâmetros necessários da cachaça.
“Quando as análises apontam características fora dos parâmetros, o produtor é chamado e orientado em como corrigir e melhorar a produção. A consultoria é gratuita e nosso objetivo é que o produtor tenha conhecimento para fabricar a cachaça dentro dos parâmetros estabelecidos”.
O serviço de análise é para todos os produtores de cachaça. As análises são cobradas e há emissão de laudos. A Ufla também realiza cursos para a capacitação dos produtores. Em outubro, por exemplo, dos dias 2 a 5, haverá um, no qual a capacitação dos produtores irá desde o plantio da cana-de-açúcar até a comercialização da cachaça.
“O curso é muito completo e relevante para a produção da cachaça. Além disso, esse tem um preço acessível, R$ 650, que inclui as aulas, visita em campo, ao laboratório, lanche”, explica.
Regularização das cachaças pode avançar
Com a possibilidade de realizar os mais diversos testes para a qualificação das cachaças, consultorias e cursos, a expectativa é também incentivar a regularização das marcas. Apesar de Minas Gerais contar com o maior número de alambiques registrados do País, o volume ainda é pequeno quando comparado com o potencial e o número de unidades irregulares.
Segundo o Anuário da Cachaça de 2021, elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Estado tem mais de 1.700 produtos registrados. Conforme os dados da Seapa, em 2022, Minas Gerais contava com 397 estabelecimentos produtores de cachaça com registro. Atualmente, há mais de 560 locais regularizados.
“No Estado temos muitos alambiques dentro dos padrões exigidos. Diante das amostras testadas, temos condição de mostrar ao produtor que é possível trabalhar com qualidade e que é preciso ter o registro da cachaça. Além da segurança para o consumidor, é importante para a valorização”, explicou a coordenadora Maria das Graças Cardoso.
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