Região do Cerrado Mineiro celebra 20 anos da conquista da Indicação Geográfica
Em 2025, a Região do Cerrado Mineiro (RCM) comemora 20 anos da conquista da Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), um marco para a região que se destacou por ser a primeira no Brasil a obter o reconhecimento para o café. Concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o selo de IG atesta a excelência dos cafés de origem controlada, reforçando a força da certificação e o protagonismo da região no cenário nacional e internacional.
A região é uma das principais produtoras de café no Brasil. O registro abrange 55 municípios produtores de café no Cerrado Mineiro, que são responsáveis por uma produção média anual de 6 milhões de sacas ou 25,4% da produção de Minas Gerais. A região conta com cerca de 234 mil hectares cultivados com o café, deste total, 102 mil hectares são certificados e estão aptos a usarem o selo da IG. A atividade é desenvolvida por 4,5 mil produtores.
Desde a obtenção da IG, a região tem registrado um avanço significativo na promoção e na valorização da origem. Através da Federação dos Cafeicultores do Cerrado foi construído um sistema de certificação, houve o desenvolvimento da marca própria e implementado um sistema de rastreabilidade para a comercialização dos cafés em nível global, levando o selo do Cerrado Mineiro para o mundo.
Conforme o diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, a IG colocou os cafés do Cerrado em destaque no mundo e, hoje, o grão chega a mais de 50 países.
“Fizemos lançamento da marca no mercado norte-americano, na Europa e na Ásia. Hoje, a marca do Café do Cerrado Mineiro está presente em mais de 50 países, em todos os continentes, e se aproxima da marca de 2 milhões de sacas comercializadas com o selo ao longo dessa trajetória. Atualmente, 1.300 produtores estão credenciados para utilizar o selo, representando aproximadamente 1.400 propriedades. A cadeia produtiva é estruturada, contando com seis cooperativas, associações, exportadores e armazéns credenciados. São várias frente e conquistas acumuladas nos últimos 20 anos”, conta.
Café do Cerrado mineiro avançou na agregação de valor
Além da obtenção, em 2005, da Indicação Geográfica na modalidade Indicação de Procedência (IP), em 2013, a região avançou para o reconhecimento máximo como Denominação de Origem (DO), tornando-se a primeira do Brasil a conquistar esse título para cafés. A certificação atesta que os grãos produzidos na RCM resultam de uma combinação única de clima, solo, altitude – entre 800 metros e 1.300 metros – e práticas de cultivo e processamento que conferem identidade, rastreabilidade e excelência à origem.
As IGs combinadas com o trabalho de promoção da origem foram fundamentais para o aumento da qualidade e maior agregação de valor aos cafés do Cerrado Mineiro. Conforme Tarabal, os cafés certificados apresentam um valor agregado de 5% a 10% em comparação com cafés de outras regiões.
“São várias as formas de agregação de valor. Primeiro, fizemos várias ações para a evolução da qualidade. A promoção da origem gerou uma demanda para toda a região, que é reconhecida pelo mercado como “one stop shop” ou primeira parada de compra, indicando que compradores internacionais frequentemente iniciam suas aquisições no Cerrado Mineiro antes de complementar com outras regiões”, explica.
Rebranding
Na busca constante para a valorização do café do Cerrado e preocupados em comunicar os avanços da produção, principalmente, no que se refere à sustentabilidade, em 2026, a Federação dos Cafeicultores do Cerrado planeja um reposicionamento da marca e da estratégia. O foco será na divulgação da agricultura regenerativa.
“O reposicionamento da marca e da estratégia estará muito associado à comunicação da agricultura regenerativa. Vamos agregar à marca a questão da origem controlada, da qualidade e, agora, a agricultura regenerativa para ampliar a promoção da região. O consumidor está em busca de cafés sustentáveis e vamos acompanhar esse movimento”, diz.
Em relação à próxima safra de café, conforme Tarabal, a florada foi considerada boa. No entanto, a regularização do regime de chuvas é crucial para garantir o pegamento de toda a florada, evitando possíveis problemas na produção. Na safra 2025, conforme os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região do Cerrado Mineiro registrou queda de 13,8% na produção, totalizando 4,6 milhões de sacas de 60 quilos. A região, ao longo da safra, registrou temperaturas elevadas, períodos de estiagem, geadas, chuvas com menores volumes e mais concentradas, comprometendo assim, a produção local.
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