Chuva ameniza situação de produtores

Produtores rurais dos municípios afetados pela seca no Norte e Noroeste de Minas e dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri tiveram melhoria da situação nas fazendas com o registro de chuva nos últimos dias. A avaliação foi feita pelo presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvo, apontando também as medidas emergenciais adotadas pelo governo do Estado. A seca intensa que atingia as regiões desde outubro do ano passado é resultado da atuação do fenômeno El Niño.
“Essas medidas emergenciais que foram tomadas com muita agilidade, apesar de não serem ainda suficientes, atenuam muito a situação de grande parte dos produtores rurais e de várias cidades que estão sem água. Agora, o que precisa ser feito, além de rezar para chover, é monitorar isso. Logo após a primeira quinzena de janeiro, o Sistema Faemg Senar e todos os envolvidos vão fazer nova avaliação da situação para verificar se a gente precisa tomar algumas outras medidas para salvaguardar não só os produtores rurais, mas toda a população dessas regiões”, frisou Salvo.
Levantamento realizado pela Emater-MG apontou que cerca de 326 mil produtores rurais foram afetados pela escassez de chuva, principalmente pecuaristas. Na última semana, o governo estadual suspendeu por 90 dias a cobrança de ICMS para movimentação de gado bovino nos municípios mineiros afetados pela seca. Minas tem hoje 170 cidades que decretaram situação de emergência por causa da falta de chuva.
Impacto e medidas
A partir da suspensão da cobrança do ICMS, os pecuaristas que vivem em cidades atendidas pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) e que decretaram emergência poderão levar seu rebanho para a Bahia e o Espírito Santo, sem cobrança de imposto, se houver o retorno a Minas em até 180 dias.
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Esta é uma prática comum entre os pecuaristas dessas regiões na busca por melhores condições de pastagem e plantio em períodos de seca. “O governo abriu mão desse ICMS para poder deixar os animais saírem para não morrer de sede e de fome nas regiões afetadas. Esse é um efeito imediato que atenua um pouco as vendas”, salientou também o presidente do Sistema Faemg Senar.
O Estado também negociou com o Banco do Brasil a prorrogação, durante um ano, da dívida de produtores instalados em cidades com decreto de emergência. A medida é válida para débitos de até R$ 200 mil e já está em vigor. O banco também flexibilizou laudos técnicos para os pedidos de prorrogação feitos pelos afetados. O produtor deverá buscar informações na agência de relacionamento e formalizar a solicitação.
Por orientação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a instituição financeira deverá criar uma linha de crédito específica destinada a atender os produtores mineiros afetados pela seca. Prioritariamente, o crédito extra deverá atender à agricultura familiar e ser destinada para a aquisição de ração, alimentos e a recuperação das áreas de plantio e pastagens.
“Vamos esperar esses primeiros 15 dias de janeiro porque temos tido informações que tem chovido nessas regiões agora. Vamos esperar um pouquinho para a gente ver qual é o segundo ponto, a segunda leva de socorro que nós temos que fazer”, reiterou Salvo.
Volume de chuva – Apesar de as regiões afetadas pela seca já serem conhecidas historicamente pelo baixo volume pluviométrico, o avanço do El Niño impactou diretamente no registro de chuvas em 2023. O fim do período chuvoso foi antecipado no Norte do Estado e em alguns municípios dos Vales do Mucuri, Jequitinhonha e Nordeste mineiro, prolongando o período de escassez hídrica.
Perdas em lavouras de milho, feijão e soja
O estudo feito pela Emater e divulgado no dia 20 de dezembro identificou que, dentre os 326 mil produtores afetados pela seca, em 56,4% das propriedades o estoque de volumoso para alimentar o gado (cana, silagem e capineira) estava esgotado e 27,8% tinham quantidade suficiente somente até o fim desta semana. Apenas 15,8% das propriedades pesquisadas possuem alimentação suficiente para o gado para o período de 30 dias.
Conforme o levantamento, o abastecimento de água está comprometido em 78,4% das propriedades rurais, prejudicando o consumo de pessoas e dos rebanhos. Ainda de acordo com a empresa pública, a área de grãos perdida soma 92 mil hectares, principalmente de milho, feijão e soja. A estimativa é que 91,3% das lavouras deixaram de ser irrigadas e que 71% do que já foi semeado deverão ser replantados, caso haja chuva suficiente nas próximas semanas. (Com informações do Sistema Faemg Senar)
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