Chuvas volumosas pressionam preços dos hortifrútis em Minas

As fortes chuvas registradas em Minas Gerais já estão impactando no preço dos hortifrutis. O excesso de água no campo interfere no ritmo da colheita, nos tratos culturais e até mesmo na qualidade de diversos itens. Além disso, o escoamento da produção é dificultado. Na Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas), unidade Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), já foi registrado aumento em vários itens, com destaque para o tomate, com variação positiva de 29,9%, repolho, 16,5%, e batata, com alta de 4,23%.
O chefe da Seção de Informações de Mercado da Ceasa Minas, Ricardo Fernandes Martins, explica que o início do ano, geralmente, é marcado pelo aumento das chuvas e encarecimento de produtos. Mas, as chuvas têm ocorrido de formas mais volumosas desde o final do ano passado, antecipando a alta dos valores.
“Normalmente temos muitas chuvas no início do ano. Esse ano houve antecipação, com chuvas muito fortes desde setembro e, com isso, os produtos acabaram sofrendo muito mais”, disse Martins.
Entre os produtos, um dos mais prejudicados e que também é um dos mais consumidos é o tomate. O item é muito sensível à umidade.
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Na unidade de Contagem, o quilo do tomate longa vida foi vendido em média, ao longo de dezembro, a R$ 4,86, superando em 29,9% a cotação de novembro. Os dados do site da Ceasa, mostram que no dia 6 de janeiro, dependendo da classificação do tomate, os preços já chegavam a R$ 6,75.
“No caso do tomate, a cultura é muito sensível ao excesso de água e umidade, que favorecem o desenvolvimento de doenças. Sem condições de realizar os tratos adequados, há uma quebra de produtividade, redução da qualidade e até mesmo perda de parte da produção. O mesmo acontece com a batata”, explicou o gerente de Agronegócios do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Caio Coimbra.
A batata é outro item que tem a produção prejudicada pela chuva em excesso. A menor oferta no campo aliada às dificuldades de colheita e escoamento, já impactam nos preços.
O quilo da batata, na Ceasa Minas, encerrou dezembro, em média, a R$ 3,21, valor que superou em 4,2% o visto em novembro. Já no dia 6 de janeiro, conforme os dados do site da Ceasa, o valor do quilo já variava de R$ 4 a R$ 6, dependendo do tipo.
“A batata mesmo como a situação de produção tranquila, já é um produto muito difícil colher, retirar do local e transportar. Com a chuva, a situação fica ainda mais complicada”, explicou Ricardo Martins.
Caio Coimbra explica que além da dificuldade de colheita, no caso da batata, as chuvas favorecem o aparecimento de fungos, sendo necessário o descarte do produto, gerando grandes perdas.
As verduras de folhas também são mais sensíveis às chuvas e estão com a oferta prejudicada e preços mais altos. De acordo com os dados da Ceasa, no grupo das hortaliças houve um incremento de preços de 6% entre dezembro e novembro. O quilo passou de R$ 3,52 para R$ 3,73.
O repolho também está com a oferta menor e preços mais altos. O quilo passou de R$ 1,21 para R$ 1,41, alta de 16,5%. No site da Ceasa, no dia 6 de janeiro, o preço já estava em R$ 1,50, dependendo do tipo.
Dentre as frutas, a tangerina encerrou dezembro com alta de 47,9%, com o quilo passando de R$ 2,92 para R$ 4,32. Além da chuva, a produção entrou em período de entressafra. O mesmo aconteceu com o abacate, com aumento de 26,8% e maçã, 6,3%.
Apesar dos diversos aumentos, os consumidores ainda encontram opções mais em conta. No mesmo período, o quiabo apresentou queda de 40%, o milho verde de 34% e a beterraba de 15,2%. Nas frutas, o limão teve o preço reduzido em 52,2%, resultado do período de safra, e a banana nanica, cuja oferta está se regularizando, ficou 33,7% mais barata. A manga encerrou dezembro com queda de 26,4% no preço.
“O consumidor ainda tem opções interessantes e pode trocar os itens mais caros por aqueles que estão em safra e com preços mais acessíveis. Neste momento de alta de preços, a pesquisa dos valores também é importante. Uma melhora da oferta e da qualidade só é esperada para abril e maio”, explicou Ricardo Martins.
Para o produtor, de acordo com Caio Coimbra, é interessante investir na produção em estufas. “Uma alternativa para o produtor é usar estufas. Desta maneira, é possível garantir a produção de qualidade. O produto chegará ao mercado em um período de baixa oferta e o produtor pode ter a chance de comercializar a preços mais valorizados”.
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