Cinturão Verde é essencial à Grande BH
A produção de olerícolas é uma das grandes riquezas de Minas Gerais. Um dos principais cinturões produtivos está no entorno da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O cinturão verde é caracterizado pela grande importância econômica, social e ambiental. Além disso, são produzidas diversas hortaliças e frutas que têm papel fundamental de abastecer os centros urbanos.
De acordo com o coordenador técnico regional da área de Horticultura na Regional Belo Horizonte, que abrange 35 municípios produtores, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Wagner Santo Fanni, a produção na região atendida é bastante diversificada, fundamental para o abastecimento urbano e também para a geração de riquezas no campo.
“Na região do cinturão verde, temos uma diversidade grande de produtos, que vão de A a Z. Temos muitos tipos de hortaliças como as variedades de alface, acelga, abobrinha, couve, cebolinha, mix de cheiro verde, chuchu, coentro, manjericão, rabanete, vários tipos de brócolis, couve-flor, berinjela, jiló, inhame, mandioca, vagem, tomate de vários tipos. Enfim, é uma produção muito diversificada. A região também se destaca com a bucha vegetal de Bonfim, a pitaya, as variedades de bananas, morango, laranja, tangerina, entre outras”.
A Emater trabalha auxiliando os produtores que, na grande maioria, é da agricultura familiar. Além das orientações técnicas, são levadas tecnologias e inovações para as áreas. A regional de Belo Horizonte conta com cerca de 5 mil produtores da agricultura familiar e pouco mais de 500 entre médios e grandes produtores que produzem olerícolas.
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“A vida no cinturão verde é muito intensa. A Emater procura trabalhar levando tecnologias para uma melhor produção, apresentando maquinários e novas possibilidades de equipamentos para facilitar o trabalho. Também realizamos diversos dias de campo, oficinas e demonstrações técnicas. Incentivamos a organização dos agricultores fortalecendo o associativismo. Nosso papel é dar a melhor orientação, visando a melhoria da produção, a redução de custo, o uso mais sustentável e correto de insumos”, explicou Fanni.

Impactos positivos
O supervisor de campos do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema Faemg/Senar, Altino Junior Mendes Oliveira, ressalta que o cinturão verde gera diversos impactos positivos na região em torno de Belo Horizonte. Segundo ele, a maioria dos produtores é da agricultura familiar e cultiva em pequenas áreas.
“No cinturão verde, o destaque é a produção de hortaliças. Entre os municípios, estão Sarzedo, Mário Campos, Brumadinho e Rio Manso. Essa produção representa uma boa renda para produtores, que apesar de cultivarem em pequenas áreas, têm um grande retorno financeiro. A maior parte da produção é de folhosas e herbáceas, como agrião, rúcula, mostarda, alface, cebolinha. Também são cultivadas tuberosas como a cenoura mandioca, jiló e outras culturas. Há ainda, as frutas, como a mexerica e banana”.
Além de gerar uma boa renda para os produtores envolvidos, ajudando a fixar as famílias no campo, a produção no cinturão verde tem papel fundamental na disponibilidade de alimentos para o centro urbano e, pela demanda estar próxima à área produtiva, os produtos olerícolas chegam às cidades a preços acessíveis.
A proximidade do mercado consumidor também é importante para a preservação da qualidade e para o acesso a alimentos frescos. Porém, pelo fato de as culturas produzidas no cinturão, em sua maioria, serem frágeis e terem uma durabilidade muito pequena, isso também acaba sendo um gargalo muito grande para o setor produtivo.

Clima e mão de obra são desafios
Oliveira também destacou que o clima traz diversos desafios. No verão, as altas temperaturas e a maior incidência de chuvas causam perdas, que podem chegar a comprometer de 40% a 50% das lavouras mais sensíveis, como as folhosas, por exemplo.
Já no segundo semestre, entre julho e setembro, o gargalo é a escassez hídrica. No período, Oliveira explica que muitos produtores ficam sem o recurso hídrico para a irrigação.
“Por serem alimentos frágeis, o clima é sempre um desafio para produtores. Além disso, a produção enfrenta o gargalo da mão de obra muito escassa. Mesmo sendo grande parte cultivada no sistema da agricultura familiar é um trabalho pesado que não tem atraído os jovens”.
A sucessão familiar na região é outra questão que preocupa. Por estar próximo aos centros urbanos, os jovens, diante os desafios da produção das olerícolas, acabam não dando sequência ao trabalho dos pais.
“É uma situação difícil, pois as pessoas não querem continuar o que os pais faziam, e isso acaba reduzindo a quantidade plantada. Outro ponto que desestimula a continuidade dos negócios é a grande oscilação de preços. Não ter a segurança de uma renda fixa, desanima o trabalhador e os filhos a continuarem”, explica o supervisor de campos do ATeG.
Para auxiliar na produção e estimular a rentabilidade, o Sistema Faemg/Senar também leva assistência técnica e gerencial aos produtores do cinturão verde de Belo Horizonte.
“O serviço de assistência técnica está na área para ajudar, incentivar e orientar os produtores sobre novas tendências de manejo, de produção e também de comercialização das hortaliças e frutas. Levamos para os produtores informações e formas sustentáveis de produzir. Além disso, o trabalho ajuda a aprimorar a gestão das unidades, mapeando os custos e os ganhos e permitindo a identificação das melhores oportunidades”.
No que se refere à comercialização dos produtos, também há bastante diversificação. Na região do cinturão verde, a produção é vendida em feiras regionais, para empresas distribuidoras, supermercados, sacolões, restaurantes, na Ceasa Minas e também pelas redes sociais.
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