Agronegócio

Circuito Frutificaminas faz estreia em formato on-line

Circuito Frutificaminas faz estreia em formato on-line
Produtores mineiros têm mostrado interesse pelo retorno da amora preta | Crédito: Divulgação

A pandemia do Covid-19 e a necessidade do distanciamento social têm feito com que o setor produtivo busque alternativas para continuar acessando palestras e conteúdos interessantes para a evolução da produção.

Nessa quarta-feira (22), foi realizada a primeira edição on-line do Circuito Frutificaminas, programa criado em 2010 para a realização de palestras técnicas feitas por especialistas na área de fruticultura. A edição abordou o cultivo do marmelo e da amora preta e os potenciais de mercado para estas frutas.

A iniciativa de fazer o evento virtual pela primeira vez, segundo o coordenador-técnico estadual de Fruticultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Deny Sanábio, surgiu pela demanda proveniente de produtores e da prefeitura de Delfim Moreira, no Sul de Minas, que têm a intenção de retomar a produção de marmelo na região, que já foi referência no cultivo da fruta.

“Delfim Moreira, na década de 1960 a 1970, foi um grande produtor de marmelo, chegando a ter 13 agroindústrias para o processamento da fruta e a fabricação de doces. Na região, outros municípios, como Marmelópolis, Cristina, Maria da Fé e Virgínia, também produziam muito marmelo. Porém, a produção da região foi acometida por doenças, como a entomosporiose, que, no período, não tinha controle e afetou a cultura, causando queda da produção”, explicou.

Além disso, Sanábio conta que entraram no mercado grandes marcas com doces industrializados enlatados e com prazo de validade mais longo, o que também desestimulou a continuidade da produção de marmelo.

No Estado, em 1967, eram 7.582 hectares plantados com marmelo, o que gerava uma produção de 11.515 toneladas, área e volume que foram caindo gradualmente. Em 1994, recuou para 1.097 hectares; em 2002, reduziu para 170 hectares; e em 2020, são apenas 51 hectares ocupados pela fruta. Além do Sul de Minas, a fruta também é cultivada no Vale do Mucuri, Jequitinhonha e Norte de Minas Gerais.

“A produção foi caindo, mas o doce do marmelo é excepcional e acredito que estas cidades podem resgatar essa cultura. Acredito que é um caminho certo porque as pessoas gostam do doce e, hoje, encontram dificuldades para adquirir. Os produtores estão querendo reativar e existe grande potencial na região pela oferta ser pequena”, destacou.

Durante o evento, foram abordadas questões voltadas para a adubação, podas, controle de doenças e pragas e formas de agregar valor ao doce. Além da venda do doce de marmelo em barras tradicionais, também é uma alternativa a produção de barras menores para fornecimento da merenda escolar.

“Na região, também é tradicional a sopa de marmelo, que pode ser uma opção para o período frio. A intenção do evento é despertar o interesse do produtor, chamá-lo para o cultivo e a participar desse mercado e de feiras locais e em outras regiões do Estado”, disse Sanábio.

Amora preta – Outra alternativa para a diversificação de renda da região, que hoje está concentrada na produção de leite e de café, é a produção de amora preta, fruta que tem demanda elevada e preços valorizados no mercado.

De acordo com Deny Sanábio, a cultura ainda é nova no Estado, com cerca de 20 anos. Ele destaca que a época de produção é a mesma do marmelo e vale a pena o produtor ficar atento para ter mão de obra suficiente para colher os frutos e industrializar ou congelar.

“A amora preta é vendida em polpa, geleia, compota, sucos e in natura. É uma possibilidade a mais para que os produtores rurais ampliem a renda com a diversificação. O tema também foi escolhido pelos produtores da região. A característica do programa Circuito Frutificaminas é essa, atender à demanda das regiões. O objetivo é levar alternativas e informações para que os produtores possam conhecer e, se quiserem, investir em mais fontes de renda, sem abandonar as atividades tradicionais”, afirmou.

O quilo da amora congelado é vendido, em média, de R$ 15 a R$ 20. A bandeja da fruta in natura, com 150 gramas, a R$ 7,50.

“Muitos produtores também estão ganhando mercado ao comercializar a amora congelada individualmente, o que permite que o consumidor pegue poucas unidades por vez para fazer suco. A embalagem é vendida com 500 gramas a 1 quilo”.

A estimativa é de que Minas Gerais, em 2020, produza cerca de 409 toneladas de amora preta. Em torno de 70% da safra é produzida pela agricultura familiar. A área ocupada com a cultura no Estado é de 56 hectares. A produção está concentrada no Sul de Minas, com destaque para os municípios de Itamonte, Bocaina de Minas e Machado.

Com o objetivo de atualizar e capacitar os produtores, estudantes e profissionais do setor, o Circuito Frutificaminas, desde que criado, já promoveu 108 eventos, com mais de 11.293 produtores presentes e atingindo 482 municípios mineiros.

Existem demandas de várias regiões para que o evento aconteça on-line, mas os responsáveis irão avaliar os resultados dessa primeira edição para ver a viabilidade de novos eventos.

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