Agronegócio

Clima impacta e safra de cana-de-açúcar recua em Minas Gerais

A produção estadual ficará 2,6% inferior, com a colheita de 79,6 milhões de toneladas de cana
Clima impacta e safra de cana-de-açúcar recua em Minas Gerais
Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

As precipitações reduzidas associadas às altas temperaturas impactaram na produtividade da safra 2025/26 de cana-de-açúcar em Minas Gerais. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção estadual ficará 2,6% inferior, com a colheita de 79,6 milhões de toneladas de cana. Assim como em Minas Gerais, o clima adverso também prejudicou as demais regiões produtoras. Diante do cenário, a produção nacional esperada para a cana é de 666,4 milhões de toneladas, redução de 1,6% em relação à 2024/25.

Segundo os dados do terceiro levantamento para a cultura, divulgados pela Conab nesta terça-feira (4), a área em produção no Estado cresceu 5% e chegou a 1,03 milhão de hectares. O crescimento da área produtiva não foi suficiente para compensar as perdas na produtividade, que ficou 7,3% menor e gerou um rendimento por hectare de 76,8 toneladas de cana. A safra de cana em Minas Gerais já caminha para o encerramento, com o índice de conclusão de colheita em 85%.

Conforme o gerente substituto de acompanhamento de safras da Conab, Marco Antônio Chaves, a terceira estimativa de safra manteve o cenário de redução na produção de cana-de-açúcar, resultado do clima adverso.

“O levantamento mostrou que as precipitações reduzidas e associadas às altas temperaturas impactaram de forma negativa a produtividade da safra. Além disso, a condição vivenciada foi propícia a incêndios em várias regiões. Isso impactou as plantas, a fisiologia e a dinâmica dos solos. O impacto aconteceu, principalmente, na rebrota da cana. No início de 2025, foram registradas chuvas melhores, mas não tão favoráveis a ponto de reverter os impactos negativos”, explicou.

Ainda conforme o representante da Conab, o clima adverso rompeu o ciclo de recuperação visto na produtividade dos canaviais, o que vinha acontecendo desde 2022. “O clima e o manejo propícios estavam aumentando a produtividade média das lavouras, que vinham se recuperando desde 2022. Mas, os efeitos do El Ñino mudaram o cenário. Minas Gerais e São Paulo foram os estados mais afetados”, disse.

O mercado mais promissor para o açúcar estimulou a produção do adoçante por parte das usinas na safra 2025/26 em detrimento do etanol. Assim, a produção de açúcar, em Minas Gerais, deve alcançar 5,6 milhões de toneladas, volume que supera em 1,9% o fabricado na safra passada, quando a produção chegou a 5,5 milhões de toneladas.

Com a menor disponibilidade de cana-de-açúcar para a moagem, a produção de etanol ficará menor. Conforme os dados da Conab, a produção de etanol total foi estimada em 2,8 bilhões de litros, o que representa uma retração de 17,9% quando comparado com os 3,4 bilhões de litros registrados na safra anterior.

Entre os etanóis, a produção de hidratado tende a retrair 28,7%, com um volume de 1,5 bilhão de litros, ante os 2,2 bilhões registrados no ano anterior. Já para o anidro, que é adicionado à gasolina, a fabricação está 1,8% maior e somando 1,2 bilhão de litros.

Conforme a Conab, no mercado interno, as vendas de etanol seguem em bons patamares, sobretudo para o anidro, refletindo maior demanda pela mistura e reposição de estoques pelas distribuidoras. Já o hidratado segue sensível à paridade com a gasolina e ao câmbio.

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