Agronegócio

Do Sul de Minas, segunda maior cooperativa de café do País planeja vender em BH; conheça a Cocatrel

Com produção anual de 1,8 milhão de sacas e 9 mil cooperados, a cooperativa mineira planeja vender seus cafés, incluindo a linha produzida por mulheres, em supermercados da Capital ainda este ano
Do Sul de Minas, segunda maior cooperativa de café do País planeja vender em BH; conheça a Cocatrel
Café Cafeína é feito por cafeicultoras, como Adalgisa Miranda. | Foto: Diário do Comércio/ Anderson Rocha

A Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), sediada na cidade homônima, no Sul de Minas, é a segunda maior cooperativa de café do Brasil. Criada há 64 anos, reúne cerca de 9.050 cooperados de aproximadamente 90 municípios da região e produz, em média, 1,8 milhão de sacas de café por ano, entre commodities e grãos especiais, incluindo uma marca feita exclusivamente por mulheres (conheça abaixo). O produto, já comercializado on-line para todo o País, deve chegar em breve às prateleiras de Belo Horizonte.

A informação foi adiantada ao Diário do Comércio pelo produtor cafeeiro e presidente do conselho administrativo da Cocatrel, Jacques Miari, durante a realização do World Coop Management 2025 (WCM’25) — considerado o maior fórum mundial de liderança e estratégia cooperativista — realizado nesta segunda (22) e terça-feira (23) no Minascentro, em Belo Horizonte.

“Estamos em expansão e planejando, estudando em quais parceiros e supermercados o produto será vendido. Em breve, estaremos em Belo Horizonte expondo e comercializando nossos cafés de todas as linhas, com foco no premium, como o Cafeína, produzido pelas cooperadas. Acredito que até o fim do ano já teremos presença na Capital”, disse.

Números da Cocatrel:

  • 1,8 milhão de sacas em armazéns, nas formas a granel, em bags e sacarias;
  • Duas cafeterias próprias no interior de Minas;
  • Venda on-line para todo o Brasil;
  • Segunda maior cooperativa de café do País;
  • 23ª maior entre as cooperativas brasileiras de todos os setores;
  • 368ª maior empresa do Brasil em faturamento.

Para Jacques Miari, a força do cooperativismo está na união dos cooperados. “A grande virtude do cooperativismo é adquirir escala, fornecer insumos a preços justos e garantir remuneração mais vantajosa ao produtor”, afirmou.

Presidente do conselho administrativo da Cocatrel, o produtor cafeeiro Jacques Miari. | Foto: Diário do Comércio/ Anderson Rocha
Presidente do conselho administrativo da Cocatrel, o produtor cafeeiro Jacques Miari. | Foto: Diário do Comércio/ Anderson Rocha

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Café feito por mulheres

Entre os cafés que devem chegar a Belo Horizonte está o Cafeína, uma linha conceito produzida por mulheres cooperadas da Cocatrel. Segundo a cafeicultora Adalgisa Miranda, integrante do grupo, a iniciativa foi criada há cinco anos para dar visibilidade e incentivar o trabalho feminino no campo. Cada rótulo traz o nome da produtora associado na embalagem.

“Somos a cooperativa com o maior percentual de mulheres: 22%. O grupo nasceu para mostrar que a mulher também participa da gestão da propriedade, ao lado de maridos, filhos e pais. A presença feminina veio para agregar, e a cooperativa auxilia tecnicamente, oferecendo cursos de acordo com cada etapa da produção do café”, declarou.

A história do cooperativismo

O cooperativismo surgiu em 1844, em Rochdale, na região de Manchester, Inglaterra. Naquele período, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Revolução Industrial precarizou a vida dos trabalhadores, que recebiam salários baixos e tinham dificuldades até para comprar alimentos básicos.

Para enfrentar essa realidade, 28 pessoas se uniram em uma iniciativa: comprar produtos em grandes quantidades para conseguir preços melhores e dividi-los de forma justa entre os associados — tudo com base em honestidade, solidariedade e transparência.

No Brasil, a primeira cooperativa surgiu em 1889, em Ouro Preto, voltada ao consumo de produtos agrícolas. Em 1902, foi criada a primeira cooperativa de crédito do País, no Rio Grande do Sul.

O modelo foi consolidado a partir de 1969, com a criação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), seguida pela Lei 5.764/71 e, mais tarde, pela Constituição de 1988, que assegurou a autogestão das cooperativas.

World Coop Management 2025 (WCM’25)

Com cerca de 25,8 milhões de cooperados no Brasil — o equivalente a 12,14% da população — e R$ 757,9 bilhões em movimentação financeira no último ano, o cooperativismo consolida sua importância para a economia e para a sociedade.

Nesse contexto, Belo Horizonte sediou o fórum de liderança e estratégia do cooperativismo World Coop Management 2025 (WCM’25). O encontro contou com palestras, painéis e a participação de lideranças globais do setor, com o objetivo de discutir inovação, estratégia e o impacto da inteligência artificial no cooperativismo.

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