Agronegócio

Com consumo em alta, Abics cria selo para café solúvel

Base para criação foi protocolo de análise sensorial desenvolvido pela associação em parceria com Instituto de Tecnologia de Alimentos, cuja metodologia avalia intensidade dos atributos de cada produto
Com consumo em alta, Abics cria selo para café solúvel
Primeiro a receber selo foi o Café Solúvel Orgânico da Native, em junho; produto ganhou certificado “Premium” | Foto: Divulgação Abics

O consumo de café solúvel vem crescendo no mercado brasileiro. Diante de uma demanda aquecida, o setor investe em ferramentas para estimular ainda mais o consumo e também apresentar para quais usos eles melhor se adaptam. Neste sentido, os cafés solúveis do Brasil passaram a contar com Selos de Qualidade da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics). Ao longo do primeiro semestre, o consumo do produto aumentou 4,2% , somando, assim, 12,64 mil toneladas de café solúvel.

A criação dos Selos de Qualidade Abics teve como base o protocolo de análise sensorial desenvolvido pela associação em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), cuja metodologia avalia a intensidade dos atributos de cada produto. O primeiro a receber foi o  Café Solúvel Orgânico da Native, em junho.

Os selos são divididos em três categorias: “Excelência”, concedido aos cafés com atributos intensos de acidez, doçura, frutado e aroma mais floral e mel; “Premium”, ao produto com notas sensoriais marcantes e intensas, como chocolate, amêndoas e amadeirado e com potência média no paladar; e “Clássico”, que estampa os solúveis com notas de amadeirado, mais potência e baixa acidez.

Conforme a consultora da Abics para o mercado interno, Eliana Relvas, os selos vieram para identificar as principais diferenças entre os cafés solúveis disponíveis no mercado. A ação é considerada importante para o consumidor conhecer a diversidade e as aplicações de cada tipo. 

“Os selos identificam as principais diferenças sensoriais entre os cafés solúveis e as melhores aplicações para cada tipo. Cada empresa tem um protocolo de avaliação sensorial, o que tornava mais difícil a caracterização para o consumidor. Para entender melhor isso, fizemos diversos testes envolvendo várias marcas sempre priorizando as características sensoriais”, explicou.

Ainda conforme Eliana Relvas, o selo voltado para o café solúvel não tem o objetivo de classificar os cafés pela qualidade específica, mas, sim, identificar atributos e apresentar para quais usos eles melhor se adaptam.

“Com o selo, a população conseguirá identificar a melhor forma de consumo para o produtos, seja o café solúvel puro, com leite, cappuccinos, para produção de bebidas prontas, cápsulas de múltiplas medidas, barras de cereais, doces e sorvetes, na confeitaria ou como base para pratos da gastronomia, entre tantas outras possibilidades que existem”, disse.

Atualmente, 21 marcas de café solúvel foram certificadas no Brasil, através de avaliações realizadas por profissionais treinados e capacitados. A medida é considerada importante para ampliar o consumo.

“O consumo do café solúvel está crescendo e nosso objetivo é explicar melhor as questões sensoriais do produto. O selo vai balizar o consumidor conforme o que ele quer consumir”, observou.

Consumo em alta

O mercado do café solúvel está em plena expansão. Conforme os dados da Abics, ao longo do primeiro semestre de 2025, o consumo do produto avançou 4,2% e atingiu 548.054 sacas de 60 quilos, o que corresponde a 12,6 mil toneladas. A alta é atribuída à melhor qualidade dos café, ao ingresso de novos produtos no mercado e também ao custo mais acessível em relação aos demais cafés.

“O solúvel tem um custo por xícara relativamente inferior para os consumidores, além de não demandar gastos com filtros e outros utensílios em seu preparo, o que gera economia essencial em tempos de inflação. Além disso, nossas indústrias não param de investir e apresentar novidades, melhorando ainda mais a qualidade da bebida e ampliando a diversidade de uso do produto em diversas formas de preparo e processamentos”, explicou o diretor de relações institucionais da Abics, Aguinaldo Lima.

Quando considerados os tipos, o consumo do freeze dried cresceu 18,7% chegando, então, a 1,55 mil toneladas. Já no spray dried (em pó), a alta foi de 2,5% com o consumo de 11,09 mil toneladas.

Exportações também cresceram

Assim como no mercado interno, as exportações do café solúvel também ficaram maiores no primeiro semestre. Os dados da Abics mostram um incremento de 1,3% em volume, com o embarque de 1,94 milhão de sacas de 60 quilos. Quanto ao faturamento obtido com as exportações, o mesmo avançou 45,2%, chegando a US$ 586,9 milhões. 

No período, o produto foi embarcado para 81 países, sendo o principal consumidor os Estados Unidos, com a compra de 361,08 mil sacas do produto. Em seguida, vieram a Argentina, com 193.298 sacas; Rússia, com 138.492 sacas; Indonésia, com 75.140 sacas; e Peru, com 74.069 sacas.

Pelos Estados Unidos serem os maiores compradores, o anúncio feito pelo presidente Trump, no último dia 9 de julho, de taxar produtos brasileiros a serem importados pelos norte-americanos em 50% a partir de 1º de agosto, gera grande preocupação e pode impactar o desempenho das compras. O Brasil é o segundo principal fornecedor do produto aos norte-americanos, respondendo por 24% do mercado e atrás somente do México.

“Se isso se tornar realidade, o produto brasileiro, certamente, perderá espaço para o produzido por outros concorrentes, uma vez que o principal fornecedor, o México, poderá comercializar sem tarifas, e os demais principais fornecedores serão taxados de 10% a, no máximo, 27%”, explicou o presidente da Abics, Fabio Sato.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas