Com El Niño, cuidados com a cafeicultura devem ser redobrados

O El Niño, caracterizado pelas temperaturas mais altas e redução das chuvas, pode impactar de forma negativa na produção de café. Em Minas Gerais, maior Estado produtor do grão no País, os cafeicultores precisam ficar atentos às lavouras, já que o clima mais seco é propício para o acometimento dos cafezais por pragas, como o bicho-mineiro e a broca.
De acordo com a desenvolvedora de mercado da FMC, Fernanda Duarte, com a manifestação do El Niño é preciso adotar cuidados que podem evitar sérios prejuízos para o café em Minas Gerais.
“Hoje, temos uma previsão nas agências meteorológicas que mostram que estamos caminhando para um percentual de 66%, que indica um super El Niño. Então, é mais crítico do que se pensava”.
No que se refere ao café mineiro – nas regiões Sul, Cerrado, Mata de Minas – o El Niño implica em um ano com chuvas mais esparsas, em menor volume, com clima mais quente e seco.
“Com estas características, com certeza, será um desafio para a cafeicultura. A produção vem de um ano safra (2022/23) de recuperação de geadas e também de seca. Foi um ano bom de chuvas. Tivemos regiões que se recuperaram muito bem, como o Cerrado, com alta de 20% na produtividade das plantas. Mas, com a entrada de El Niño e a possibilidade de redução de chuvas, temos desafios, principalmente, na cafeicultura não irrigada”.
Para enfrentar o desafio, a desenvolvedora de mercado explica que os tratos culturais voltados para a cultura serão essenciais, tanto no que se refere à nutrição como no controle de pragas.
“O bom manejo é fundamental, já que o produtor estará lidando com questões desafiadoras. Os cuidados devem ser aplicados nos momentos certos, desde a adubação, o manejo de pragas, o manejo de pré e pós-florada, com a utilização dos fungicidas. Se ele acerta no momento, principalmente, em um ano que ele não poderá contar com as chuvas e um clima favorável, o manejo correto pode ajudar bastante”.
Clima do El Niño favorece o bicho-mineiro
Entre os principais desafios que o cafeicultor pode enfrentar com o clima mais seco e a redução das chuvas é a infestação das lavouras pelo bicho-mineiro (Leucoptera coffeella). A praga, se não controlada, pode acometer de 30% a 70% da produção.
De acordo com Fernanda Duarte, o produtor deve ficar muito atento. A infestação começa com o aparecimento de adultos, gerando os ciclos de produção da praga. Se não for observada, a infestação pode sair do controle.
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“O bicho-mineiro será ainda mais desafiador. O produtor precisa redobrar a atenção no pós-colheita e observar se tem adultos do bicho-mineiro nas plantas, se há mariposas no campo. O clima está muito seco e tem muita poeira, ambiente muito propício para a praga adulta começar a revoada”.
Se presente nas lavouras, a indicação é usar produtos para reduzir a população e abaixar o ciclo. “Nesta fase de pós-colheita, os produtos devem ser mais voltados para ação de choque sobre o inseto”.

Cuidados com a florada
Outro ponto que o produtor deve se preocupar são as floradas. De acordo com a especialista, a tendência é registrar floradas espaçadas e múltiplas, então, os cuidados devem ser voltados para o pegamento.
“Os produtores devem ficar atentos às flores, que dirão qual será a produtividade do próximo ano. Para favorecer a florada, é importante trabalhar com produtos pensando em complexos de doenças, como o fungo Phoma, que acontece nas floradas e pode provocar o abortamento. Também é importante para o pegamento, além da questão nutricional, o uso de fungicidas próprios para a florada”.
O cafeicultor, quando houver momentos de maior umidade, deve pulverizar o cafezal pensando na proteção das flores, contra doenças. No momento, os produtores estão organizando a colheita, que está praticamente finalizada.
Os trabalhos estão concentrados no recolhimento dos grãos que estão no chão. “Finalizando este trabalho e com a chegada das chuvas, os cafeicultores irão para a pulverização pós-colheita, pré e pós florada”.
Neste período, o controle tende a ser bastante voltado para o controle da Broca do café (Hypothenemus hampei). A broca impacta na qualidade do grão.
“A broca causa prejuízos enormes. Ao atacar os grãos, ela está destruindo a lucratividade dos produtos, que terá perda de peso e da qualidade do café”.
Uma das opções para o produtor é fazer o controle das duas pragas, broca e bicho mineiro, de uma só vez. Um dos produtos de controle simultâneo é o Prêmio Star, da FMC.
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