Compras chinesas de soja do Brasil cresceram 71% no mês passado

Pequim e São Paulo – As importações de soja brasileira pela China subiram 71% em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2022, mostraram dados divulgados ontem, impulsionadas por preços mais baixos em virtude de uma grande safra no Brasil.
A China importou 4,81 milhões de toneladas da oleaginosa do Brasil no mês passado, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas.
A produção recorde de soja brasileira na safra passada deve influenciar as importações chinesas nos últimos três meses de 2023, um período tipicamente dominado pela oleaginosa recém-colhida nos Estados Unidos, disseram traders e analistas no início de novembro. As chegadas do produto vindas dos EUA caíram de 772.787 toneladas no ano passado para apenas 228.264 neste ano.
As compras chinesas de produtores norte-americanos têm sido muito abaixo do normal neste ano, mas nas últimas semanas a China, maior importadora de soja do mundo, adquiriu grandes remessas do produto nos EUA.
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A avalanche de compras coincide com o clima irregular que prejudicou o início da temporada do cultivo de soja no Brasil, o maior produtor mundial.
As importações totais da China no mês passado chegaram a 5,16 milhões de toneladas. Nos primeiros dez meses de 2023, a nação importou 59,68 milhões de toneladas de soja do Brasil, um crescimento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações norte-americanas caíram 1,8%, para 18,78 milhões de toneladas.
As importações de milho brasileiro pela China atingiram 1,8 milhão de toneladas em outubro, quase a totalidade das remessas de 2,04 milhões de toneladas que chegaram à nação no mês passado.
Safra
O plantio de soja da safra 2023/24 do Brasil havia atingido 68% da área estimada até a última quinta-feira (16), configurando o mais baixo índice para esta época do ano desde a safra 2019/20, devido ao excesso e à falta de umidade em diferentes regiões, informou a consultoria AgRural ontem.
Até a semana anterior, o plantio havia atingido 61% da área, enquanto era de 80% no mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento da AgRural, que chamou a atenção em relatório para riscos em Mato Grosso, maior produtor brasileiro.
A consultoria citou ainda excesso de chuvas no Sul e a falta delas no Norte/Nordeste.
“Mas é em Mato Grosso que o foco das preocupações ainda se concentra, já que as chuvas registradas na semana passada continuaram irregulares e o calor foi grande”, disse a consultoria.
“Com pouca umidade, a necessidade de replantio aumenta. A esta altura, porém, os produtores das áreas mais afetadas se dividem entre replantar, deixar a soja do jeito que está para ver se ela se recupera pelo menos parcialmente, ou abandonar parte das lavouras e partir direto para o plantio da segunda safra no início de 2024.”
O clima seco está forçando os agricultores a desistir da soja para plantar algodão ou outras culturas em Mato Grosso, o principal Estado agrícola do Brasil, segundo associações de produtores da pluma disseram à Reuters, na semana passada.
O replantio também é uma possibilidade em áreas de Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, caso as chuvas não melhorem nos próximos dias.
“De um modo geral, a irregularidade das precipitações é um problema em grande parte das áreas produtoras do Centro-Oeste, Norte/Nordeste e Sudeste, mas a situação não é tão preocupante como em Mato Grosso”, destacou.
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