Após geadas, Conab corta projeção para moagem de cana em Minas

A estiagem prolongada e as geadas afetaram a produção de cana-de-açúcar na safra 2021/22 e vão refletir de forma negativa também na próxima temporada.
De acordo com os dados do 2º Levantamento da Safra 2021/22, feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a moagem de cana, no Estado, está estimada em 67,87 milhões de toneladas, queda de 3,8% frente à safra passada, que chegou a 70,5 milhões de toneladas.
No 1º Levantamento, divulgado em maio, a estimativa era esmagar 71,4 milhões de toneladas de cana, volume que ficaria 1,1% maior que o registrado na safra passada.
Devido às condições climáticas desfavoráveis os dados foram revisados, e a produtividade das lavouras tende a cair 3,2%, com a colheita de 79,9 toneladas por hectare. Na safra atual, a área produtiva é de 849,1 mil hectares, 0,6% menor que a safra anterior. A queda na área plantada se deve à migração para outras culturas mais rentáveis, e, segundo a Conab, é um movimento que vem acontecendo já há algumas safras.
De acordo com o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Maurício Ferreira Lopes, tanto a seca quanto a geada impactaram de forma negativa o desenvolvimento da cultura no Estado.
“A produção de cana em Minas Gerais também foi afetada pelas geadas, principalmente nas regiões do Triângulo e Sul próximo à divisa com São Paulo. É difícil separar os efeitos da geada nos canaviais já que a seca atuou na mesma época, somando perdas na produtividade e na produção. Os efeitos climáticos chegaram em um momento com poucas lavouras colhidas e muitas em fase de concentração de açúcares. Então, isso afetou o canavial e é estimada perda em torno de 4% na produção em comparação com a safra anterior”, avaliou.
Ainda segundo Lopes, por ser uma cultura semiperene, os efeitos negativos tanto das geadas como da seca serão sentidos ainda na próxima safra.
“O clima foi um problema na safra atual e vai trazer transtornos e perdas nas safras vindouras. A região Centro-Sul – que inclui Minas Gerais – foi bastante afetada pelas condições climáticas. Tivemos o outono e o inverno mais secos da história e registro de geadas com bastante intensidade. A condição climática foi bastante desfavorável em 2021, situação que vem desde a safra passada, quando tivemos uma primavera com poucas chuvas. Por isso, problemas serão vistos neste ciclo e na safra que vem”, explicou.
Com o clima desfavorável, também é esperada queda no Açúcar Total Recuperável (ATR), que representa a qualidade da cana. A Conab aponta para uma redução de 4,3% no ATR e rendimento médio de 138,5 quilos por tonelada de cana esmagada.
Menos etanol
Para a safra 2021/22,a estimativa é de que a produção de etanol total fique 8,2% inferior à anterior, com um volume de 2,8 bilhões de litros, 251,2 milhões de litros a menos. A destinação de cana para o biocombustível retraiu 3,8%, somando 35 milhões de toneladas.
O destaque produtivo será o etanol anidro. A previsão é de um volume 10,8% superior, chegando a 1 bilhão de litros, ante os 911,7 milhões de litros registrados na safra passada.
“É esperado, para o etanol anidro, aumento na produção. O anidro é adicionado à gasolina, e, com a previsão de retomada da economia, a tendência é de um consumo maior de gasolina. Consequentemente, as usinas se organizaram para uma maior produção”, disse Lopes.
Quanto ao hidratado, a produção tende a cair 16,2%, com a fabricação de 1,8 bilhão de litros.
Com uma colheita de cana menor, a produção de açúcar, em Minas Gerais, também irá cair. A estimativa é de uma fabricação de 4,3 milhões de toneladas, 371,3 mil toneladas a menos ou volume 7,3% inferior as 4,7 milhões de toneladas registradas na safra 2020/21. Ao todo, serão esmagadas 32,9 milhões de toneladas de cana para a produção do adoçante, queda de 3,8%.
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