Agronegócio

Consórcio de máquinas agrícolas ultrapassa o de caminhões e movimenta economia rural em Minas

Crescimento de 15% nas contemplações e avanço de 9% nos participantes ativos mostram força da modalidade em Minas Gerais no primeiro semestre de 2025
Consórcio de máquinas agrícolas ultrapassa o de caminhões e movimenta economia rural em Minas
Foto: Reprodução/Adobe Stock

O consórcio de máquinas agrícolas vem ganhando cada vez mais espaço entre os produtores rurais de Minas Gerais e do Brasil. Pela primeira vez, os caminhões foram ultrapassados como principal categoria entre os veículos pesados adquiridos via consórcio. O movimento revela um novo perfil de consumo no campo, impulsionado pela busca por alternativas de crédito mais acessíveis e planejadas, em um cenário de juros elevados e incertezas econômicas.

Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), Minas Gerais registrou 45 mil produtores rurais ativos em consórcios de máquinas agrícolas no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2024. As contemplações também aumentaram 15,5%, chegando a 2,54 mil no Estado.

“É um sistema que vem crescendo muito porque oferece previsibilidade, custo mais baixo e não entra como endividamento para o produtor”, explica o diretor da Abac para Minas Gerais, Píndaro Luiz Sousa.

De acordo com dados da Abac, em julho de 2025, o consórcio de máquinas agrícolas em todo o País representou 51% das cotas ativas, superando os caminhões (41%), e outros equipamentos (8%).

No primeiro semestre deste ano, o segmento movimentou R$ 14,03 bilhões em créditos, alta de 14% em relação ao mesmo período de 2024. O volume de créditos disponibilizados avançou 43,3%, totalizando R$ 6,38 bilhões. Também houve crescimento nas contemplações, que chegaram a 27,9 mil consorciados, um aumento de 15,2%.

Por que o consórcio agrícola está ganhando força?

A principal vantagem do consórcio agrícola está no custo menor em relação ao financiamento tradicional. Em vez de juros, o consórcio aplica uma taxa de administração anualizada que gira em torno de 1%, enquanto o financiamento pode ultrapassar os 13% ao ano.

“O consórcio se tornou um instrumento eficiente para garantir acesso à inovação no campo. Ele oferece uma alternativa robusta frente aos custos elevados do crédito tradicional”, afirma o coordenador-geral do Consórcio Nacional Agritech, Elcio Guelere.

Outro ponto de destaque é a digitalização do processo. Atualmente a contratação e a contemplação de cotas podem ser feitas on-line, com rapidez e simplicidade. Isso atrai especialmente os agricultores mais jovens que vêm assumindo papéis de gestão nas propriedades rurais.

“A agricultura está muito tecnológica e os filhos estão apoiando os pais na gestão. Isso impacta diretamente no crescimento do consórcio, que também evoluiu tecnologicamente”, destaca Sousa.

Menos cotas vendidas, mas mais participação ativa

Apesar da retração de 10,9% nas cotas vendidas em Minas Gerais (de 6,22 mil em 2024 para 5,54 mil em 2025), os dados mostram que o número de participantes ativos e de contemplações aumentou. Isso demonstra maior maturidade e engajamento dos produtores que já fazem parte do sistema.

“Mesmo vendendo um pouco menos, o número de contemplações cresceu. Isso mostra que quem está no consórcio está adimplente e sendo contemplado, o que ajuda a girar a economia rural”, explica o diretor da Abac.

Segundo ele, o perfil predominante no consórcio agrícola hoje é o do produtor médio, que já possui uma máquina e planeja a substituição em ciclos de dois a três anos. Esse agricultor costuma dar a máquina usada como lance para antecipar a contemplação e reduzir o impacto financeiro da troca.

“Ele já sabe que em três anos a manutenção vai pesar, então entra no consórcio com antecedência. Isso mostra um planejamento mais estratégico”, aponta Sousa.

Expectativas para o segundo semestre de 2025

A expectativa do setor é de manutenção do crescimento, especialmente enquanto as taxas de juros seguem elevadas. Segundo Píndaro, muitos agricultores estão usando o consórcio para quitar financiamentos existentes, uma estratégia que permite reduzir o endividamento e manter os bens.

“O sistema de consórcio hoje está mais leve, mais confiável e mais digital. Com essa combinação, não tem jeito de não crescer”, avalia o diretor da Abac.

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