Consumo de café dispara e favorece o Brasil

Nova York/Pequim/São Paulo – O consumo de café na China aumentou em dois dígitos na temporada 2022/23, impulsionado pela expansão das cafeteiras em várias das grandes cidades do país em meio a uma demanda crescente dos chineses mais jovens, o que tem favorecido embarques do Brasil, maior exportador global.
O volume de café consumido pela China na temporada 2022/23 (outubro-setembro) cresceu 15% ante o ano anterior para 3,08 milhões de sacas de 60 kg, de acordo com dados da Organização Internacional do Café (OIC) obtidos pela Reuters. Já o Departamento de Agricultura dos EUA (Usda) vê o consumo chinês em 5 milhões de sacas na nova temporada (2023/24).
Enquanto isso, as exportações de café brasileiro para a China superaram 1 milhão de sacas pela vez em um ano, segundo os primeiros dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que agora coloca o gigante asiático como o oitavo principal destino do grão nacional. “A China é uma realidade, não é algo pontual. Podemos ter muitas surpresas com a China ainda, sem dúvida nenhuma”, disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.
O país asiático importou 1,152 milhões de sacas no acumulado deste ano até novembro, mais do que triplicando suas importações frente ao mesmo período de 2022, segundo dados do Cecafé.
Apesar do forte crescimento, em meio a uma disputa das redes de cafeterias pelos clientes, a China ainda tem um consumo relativamente modesto para o tamanho do país e quando se compara com os volumes dos dois maiores consumidores – Estados Unidos e Brasil – que demandam mais de 20 milhões de sacas por ano.
Entretanto, de acordo com o Usda, a nação asiática já será o sétimo maior consumidor mundial em 2023/24. O avanço no consumo ainda destaca o potencial da China para aumento da demanda e reflete uma mudança cultural sobre o hábito de beber café semelhante à vista em outros países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul.
“A China tem muitos espaços. Mesmo exportar 1 milhão de sacas, pelo tamanho da China, com muitas regiões metropolitanas, cabe tanta coisa a mais”, opinou Matos. As exportações brasileiras para a China em 2023 deverão representar um volume mais de dez vezes maior na comparação com 2017, quando o Brasil exportou apenas 82,56 mil sacas, aponta o Cecafé.
Esse aumento se dá muito pelas mudanças culturais relacionadas à população mais jovem, atraídas pelos hábitos ocidentais. “A maioria das pessoas no interior da China ainda bebe apenas chá, mas a geração mais jovem, os estudantes universitários, as pessoas que viajam para o exterior, bebem café”, disse Jeffrey Young, CEO do Grupo Alegra, empresa que organiza feiras de café em todo o mundo e publica dados sobre o mercado.
As cafeterias
Segundo o grupo Alegra, a China superou recentemente os EUA como o país com o maior número de cafeterias de marca no mundo, crescendo surpreendentemente 58% nos últimos 12 meses, para 49.691 pontos de venda.
Matos, do Cecafé, reiterou que o crescimento do consumo na China é puxado pelos jovens, mulheres e por aquelas pessoas que circulam nos ambientes corporativos das grandes metrópoles. “O café é símbolo do Ocidente, da cultura ocidental. Então, por questão de status, a pessoa vai à cafeteria, é um local de socialização para encontrar amigos”, comentou.
O diretor-geral do Cecafé disse que o Brasil tem aproveitado este impulso das mudanças culturais, tendo concluído recentemente uma parceria com a rede chinesa de café Mellower para promover o grão brasileiro em áreas metropolitanas. Ele comentou ainda que a entidade esteve conversando com a Luckin Coffee, maior rede de café da China, desenvolvendo um projeto semelhante.
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