Agronegócio

Custo em alta dos fertilizantes gera preocupação para a safra 2021/22

Custo em alta dos fertilizantes gera preocupação para a safra 2021/22
Desde o início deste ano, a cotação do cloreto de potássio já subiu 140%, do MAP 90% e da ureia 60% | Crédito: Scott Audette/Reuters

A safra 2021/22 de grãos, cujo plantio deve ser iniciado este mês (outubro), enfrenta o desafio da disparada dos preços dos fertilizantes. Além da demanda crescente, o dólar valorizado frente ao real também tem contribuído para o incremento.  Existe ainda um grande temor em relação à China, que é um dos grandes exportadores de fertilizantes.

O país asiático, que enfrenta uma grave crise energética, vem interferindo na produção de fertilizantes e ameaça suspender as exportações para garantir o abastecimento interno. No Brasil, somente neste ano, a tonelada da ureia subiu cerca de 60% frente ao mesmo intervalo de 2020. No caso do fosfato monoamônico (MAP), a cotação média da tonelada do período avançou significativos 90%.

De acordo com o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra, houve um aumento significativo nos custos de produção da safra 2021/22. Estudo feito pela CNA mostra um avanço no custo total em torno de 35% nos estados produtores, frente à safra anterior. O principal causador da alta foram os fertilizantes. 

“Este aumento dos custos se aplica em Minas Gerais. O grande ator desta alta são os fertilizantes. No momento, a tendência é que os preços sigam firmes. Em algumas regiões de Minas Gerais, no caso do milho, por exemplo, no ano passado, o custo médio para a implantação da cultura em um hectare girava em torno de R$ 4,5 mil, e agora está em pelo menos R$ 6 mil, um aumento de 33%”, explicou. 

Ainda segundo Coimbra, os preços de vários fertilizantes foram alavancados desde o início do ano. No caso do cloreto potássio, por exemplo, os preços já subiram 140% de janeiro a agosto, o MAP, 90%, e a ureia em torno de 60%.

Um conjunto de fatores explicam as altas significativas. Com a pandemia de Covid-19, houve aumento da inflação, com os países imprimindo mais moeda para cobrir os custos. A demanda por alimentos ficou maior e os preços subiram. No caso do milho e da soja, que são alimentos bases para várias cadeias, as altas estão em torno de 100%.

“O aumento dos grãos puxa o preço dos insumos, o chamado custo de oportunidade. A alta do produto final, é uma oportunidade para subir os demais, e os fertilizantes vieram neste ajuste”.

Outro fator que tem estimulado o aumento dos preços dos fertilizantes é a China. Segundo Coimbra, o país asiático enfrenta uma grave crise energética e o governo vem interferindo. Além de apagões, algumas indústrias tiveram a produção suspensa. 

Além disso, o governo chinês ameaça suspender os embarques dos fertilizantes para garantir o abastecimento interno.

“A China é um dos grandes produtores e exportadores de fertilizantes e está com problemas de energia. Por isso, há uma política de apagões programada para poupar energia. Em alguns locais, estão fechando as fábricas, então, há uma incerteza grande de como vai ficar o preço dos fertilizantes. Se faltar, vai subir muito mais. Enfrentamos um cenário difícil e obscuro. No momento, não existe tendência de baixa dos preços dos fertilizantes e nem dos preços do milho e da soja”.

Alta dos grãos mantém a lucratividade

O impacto do aumento significativo dos fertilizantes para os produtores mineiros vem sendo amenizado pela alta dos preços dos grãos. A expectativa é que as cotações sigam firmes. Somente na colheita da safra deve haver uma queda de preços, que não será substancial devido à oferta limitada. Hoje, a tendência é que a safra 2021/22 seja lucrativa para o setor, porém, os resultados serão menores do que os observados no ano anterior. 

Para alcançar bons resultados, o produtor deverá ficar atento à produção.

“A gestão e o planejamento farão toda a diferença. O produtor precisa acompanhar de perto as fases de produção, aplicar tecnologia, usar o volume e de forma correta os produtos químicos, para evitar desperdício e ter melhor eficiência. O manejo integrado de pragas e doenças também é importante. Além disso, para garantir um retorno mínimo, é preciso contratar um seguro para a safra”, explicou.   

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