Desembolsos do crédito rural crescem 19% em 2021/22

Ao longo do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2021/22, Minas Gerais demandou 19% a mais de recursos para aplicação na agricultura e pecuária. Ao todo, foram desembolsados para o Estado R$ 36 bilhões, ante os R$ 30 bilhões registrados no Plano Safra passado. Entre as linhas disponíveis no crédito rural, a mais demandada foi a de custeio, que encerrou com alta de 15% e desembolso de R$ 19,65 bilhões.
Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), ao longo dos 12 meses da safra 2021/22, o número de contratos aprovados em Minas ficou 6% menor, somando 218.071 unidades aprovadas.
Entre julho de 2021 e junho de 2022, Minas Gerais respondeu por 12% do total de crédito rural liberado para o País, que foi de R$ 300,2 bilhões, alta de 22%.
Dos R$ 36 bilhões destinados a Minas Gerais, R$ 24,18 bilhões foram para as atividades da agricultura. O valor ficou 25% maior. Em relação ao número de contratos, 96.064, o incremento ficou em 7%.
As liberações para a pecuária somaram R$ 11,82 bilhões, superando em 8% os R$ 10,98 bilhões registrados no Plano Safra anterior. Na atividade, foi registrada queda de 14% no número de contratos fechados, encerrando o período em 122.007 unidades.
Problemas com acesso
De acordo com a assessora econômica do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, ao longo do Plano Safra 2021/22, os produtores enfrentaram problemas para acessar os recursos, o que pode ter contribuído para a queda de 6% no número de contratos liberados para o Estado.
“Tivemos muitos problemas na disponibilização de recursos para as instituições financeiras e, em vários momentos, os recursos findaram. A partir de fevereiro, faltaram recursos para as linhas do Pronaf, do Pronamp e outras linhas e programas específicos. Nós, da Faemg, fizemos todo um trabalho conjunto com a CNA e o Mapa para agir junto ao Ministério da Economia e liberar os recursos para os bancos. Quando olhamos nos resultados de Minas e vemos uma queda no número de contratos do crédito rural, essa redução pode estar ligada a este problema de indisponibilidade de crédito”, explicou.
Para o Plano Safra que se inicia, o Ministério da Economia publicou, na última terça-feira (19), a Portaria nº 6.454, que autoriza o pagamento de equalização de taxas de juros em financiamentos rurais no âmbito do Plano Safra 2022/2023. O total de recursos equalizáveis disponibilizados para a atual safra soma R$ 115,8 bilhões.
Para Aline, a expectativa é que, ao longo do plano, não faltem recursos para os bancos, já que o crédito rural é importante para que os produtores deem continuidade às atividades e tenham acesso a recursos com melhores condições de juros.
“Vamos acompanhar para que os recursos para equalização do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2022/23 sejam aportados sem as dificuldades que foram verificadas no ciclo anterior e que levaram ao fechamento em diversos momentos, como de fevereiro a junho de 2022”.
Linhas
No encerramento do Plano Safra 2021/2022, em relação às linhas disponibilizadas, a que apresentou maior demanda foi a de custeio, cujos recursos são usados para cobrir as despesas normais dos ciclos. Ao todo, foram R$ 19,65 bilhões liberados para a linha em Minas Gerais, um aumento de 15% frente aos R$ 17,03 bilhões liberados no plano anterior. Ao longo do ciclo, foram 98.551 contratos aprovados, variação positiva de 4%.
Para a agricultura, foram liberados R$ 11,77 bilhões para custeio das atividades, variação positiva de 13%. O número de contratos recuou 1%, com a aprovação de 49.410. Somente em junho, o maior volume de crédito para custeio da safra foi liberado para a soja (R$ 595,9 milhões), seguida pelo café (R$ 461,7 milhões), milho (R$ 131,7 milhões), cana-de-açúcar (R$ 36,48 milhões) e alho (R$ 31,66 milhões).
Na pecuária, o incremento nas liberações do crédito para custeio ficou em 20%, somando R$ 7,88 bilhões. O volume de contratos cresceu 9%, com a aprovação de 49.141 solicitações de crédito. Em junho, as produções que demandaram maior volume de recursos do custeio foram a de bovinos (R$ 939,3 milhões), avicultura (R$ 46,93 milhões) e suínos (R$ 17,94 milhões).
Em Minas Gerais, as liberações de recursos para investimentos totalizaram R$ 9,34 bilhões, avanço de 15%. Ao todo, foram aprovados 116.869 contratos, número 13% menor.
Para investimentos na agricultura, foram destinados R$ 6,15 bilhões, aumento de 34% frente aos R$ 4,58 bilhões liberados nos 12 meses da safra anterior. Na pecuária, a demanda pelos recursos da linha de investimentos ficou 9% inferior, com a liberação de R$ 3,19 bilhões.
Na linha de comercialização, de acordo com os dados da Seapa, nos 12 meses da safra 2021/22, os desembolsos para o Estado alcançaram R$ 5,36 bilhões, ficando 29% maiores que o valor liberado no mesmo período da safra anterior. A aprovação de contratos cresceu 39% e totalizou 2.481.
A agricultura ficou com a maior parcela dos recursos da linha de comercialização. Dos R$ 5,36 bilhões, R$ 4,96 bilhões foram destinados ao setor, alta de 40% quando comparado com os R$ 3,53 bilhões liberados anteriormente. Foram aprovados 2.135 contratos, volume 62% superior.
No período, foi verificada queda de 36% nos desembolsos para a comercialização na pecuária, com os recursos somando R$ 410 milhões. A aprovação de contratos caiu 26% e encerrou o intervalo em 346 liberações.
DC Responde: O que é crédito rural?
O crédito rural são recursos financeiros destinados ao financiamento de despesas normais dos ciclos produtivos da agricultura e da pecuária. Os produtores rurais utilizam os recursos das linhas de crédito de diversas maneiras na propriedade, aplicando em custeio, comercialização, industrialização e fazendo investimentos.
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