Agronegócio

Desembolsos do crédito rural para MG sobem 21%

Em 11 meses da safra 2021/22, montante liberado para atividade agrícola e pecuária no Estado somou R$ 32,15 bi, alta de 21%
Desembolsos do crédito rural para MG sobem 21%
A soja demandou mais financiamento para custeio em maio | Crédito: REUTERS/Paulo Whitaker

Os desembolsos do crédito rural para Minas Gerais continuam em alta. De julho de 2021 a maio de 2022, o valor liberado cresceu 21% e chegou a R$ 32,15 bilhões. Com o valor, o Estado vem respondendo por 12% do total liberado para o País, que é de R$ 261,75 bilhões. Dentre as linhas, a maior demanda é pela de custeio. O valor liberado já chegou a R$ 17 bilhões, superando em 15% o montante registrado em igual período do ano anterior.

De acordo com os dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), ao longo dos primeiros 11 meses da safra, foram 198.558 contratos aprovados para os produtores do Estado, volume que ficou 6% menor.

A maior parte dos recursos do crédito rural disponibilizada para o Estado foi para aplicação na agricultura. Os dados mostram que foram desembolsados R$ 21,7 bilhões para o setor, montante 28% superior aos R$ 17 bilhões registrados em igual período do ano-safra anterior. Somente para a agricultura, foram aprovados 88.091 contratos, ante os 82.301 liberados na safra passada, o que representa um crescimento de 7%.

Na pecuária, a demanda pelo crédito subiu 9% e somou R$ 10,45 bilhões. No período, foram aprovados 100.467 contratos, volume 14% menor.

Com o objetivo de cobrir as despesas normais dos ciclos produtivos, os produtores buscaram mais pela linha de custeio. Foram aprovados 88.284 contratos, aumento de 3%.

Para o custeio das lavouras, foram liberados R$ 10,21 bilhões, aumento de 11% frente aos R$ 9,2 bilhões registrados entre julho de 2021 e maio de 2022. O número de contratos aprovados ficou 1% menor e chegou a 45.088.

Soja lidera

Em maio, a cultura que demandou maior volume de recurso da linha de custeio foi a soja, com demanda de R$ 364,7 milhões. Em seguida veio o café (R$ 282,49 milhões) e o milho (R$ 47,09 milhões).

O crédito de custeio para a pecuária somou R$ 6,78 bilhões, superando em 21% os R$ 5,62 bilhões registrados no mesmo período da safra anterior. O número de aprovações, 43.196, ficou 8% maior.

Ao longo de maio, a maior parte dos recursos de custeio da pecuária foi para a produção de bovinos, R$ 597,56 milhões. Para suínos, foram estimados R$ 32,72 milhões e R$ 18,56 milhões foram para a avicultura.

Investimentos avançam

Resultado positivo também foi verificado na linha de investimento. Ao todo, já foram desembolsados para o Estado R$ 8,62 bilhões, alta de 18% frente aos R$ 7,28 bilhões registrados anteriormente.

Do total, R$ 5,63 bilhões foram para investimentos na agricultura, valor 36% maior. Foram aprovados 40.930 contratos, alta de 16%.

A pecuária demandou R$ 2,99 bilhões da linha de investimento, demanda que ficou 5% menor que os R$ 3,15 bilhões liberados nos primeiros 11 meses da safra 2020/21. A aprovação de contratos caiu 25% e encerrou em 66.905 unidades.

Em Minas Gerais, ao longo dos primeiros 11 meses da safra 2021/22, a demanda pelos recursos da linha de comercialização apresentou elevação de 40% frente ao mesmo período da safra passada. De julho de 2021 a maio atual, os desembolsos somaram R$ 5,04 bilhões.

A agricultura puxou a demanda. Para o setor, as liberações ficaram 56% maiores e alcançaram R$ 4,7 bilhões. Foram aprovados 1.954 contratos, variação positiva de 69%.

Já na pecuária, a demanda pelos recursos da linha de comercialização recuou 44% e encerrou o período em R$ 340 milhões. A liberação de contratos caiu 23%, somando 328 unidades aprovadas.

País fecha ano com alta de 19% em contratações

O total das contratações de crédito rural na safra 2021/22 superaram em R$ 42,19 bilhões o que foi inicialmente disponibilizado em junho/2021 (R$ 251,2 bilhões), situando-se em R$ 293,41 bilhões, um aumento de 19% em relação à safra anterior. O desempenho favorável ocorreu apesar de as operações de crédito rural com recursos equalizáveis terem permanecido suspensas durante quatro meses, exceto para custeio no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Os números fazem parte do Balanço de Desempenho do Crédito Rural, divulgado ontem pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).  

Segundo a SPA/Mapa, isso ocorreu porque, no decorrer do ano-safra, a disponibilidade de recursos e concessão de financiamentos nas fontes livres e controladas, mas não equalizadas, a exemplo das LCAs e dos Fundos Constitucionais, respectivamente, superaram as expectativas.

As regiões que mais se destacaram no desempenho do crédito rural, em relação ao valor e ao aumento das contratações na comparação com a safra anterior foram Norte, com R$ 22,89 bilhões (+28%), região Sudeste, com R$ 69,95 bilhões (+24%) e região Nordeste, com R$ 26,72 bilhões (+23%).

As regiões Nordeste e Sul se destacam por apresentarem maior número de contratos, situando-se, respectivamente, em 735.776 e 578.338, que correspondem a 71% do total de contratos.

O aumento da demanda por crédito rural na safra 2021/2022 foi determinado principalmente pelo baixo nível das taxas reais de juros do crédito rural, negativas na maior parte do período, além dos estímulos de mercado, caracterizados pela elevação de preços dos produtos agropecuários.

O total do crédito rural concedido aos pequenos e aos médios produtores se situou em R$ 33,62 bilhões (+13%), no âmbito do Pronamp, e em R$ 40,17 bilhões (+21%) no âmbito do Pronaf, sendo de R$ 219,61 bilhões (+20%) para os demais produtores.

O fato de as operações subvencionadas de custeio, para os produtores familiares, não terem sido suspensas, somado ao aumento da participação dos recursos livres no financiamento aos demais produtores, contribuíram para que o total dos financiamentos de custeio atingisse R$ 160 bilhões (+19%). Em relação aos investimentos, o aumento foi de 7%, situando-se em R$ 78,86 bilhões.

Entre os destaques estão os financiamentos de investimento realizados no âmbito do Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC), R$ 3,07 bilhões (+41%) e do Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido (Proirriga), R$ 1,07 bilhão (+34%). Dentre os Fundos Constitucionais, destaca-se o crescimento de 37% nos financiamentos realizados ao amparo do FNE.

O diretor da Política de Financiamento ao Setor Agropecuário, Wilson Vaz de Araújo, destaca a importância da LCA para o funding do crédito rural, sobretudo para os grandes produtores, pois a utilização de recursos dessa fonte, cujas taxas de juros são livres, aumentou de R$ 38,52 bilhões na safra 2020/21 para R$ 57,81 bilhões (+50%) na safra 2021/22, respondendo por 20% das contratações totais. Além disso, a contribuição da Poupança Rural Livre para o funding do crédito rural teve contratações de R$ 47,88 bilhões, o equivalente a 16% das contratações totais.  (Com informações do Mapa)

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