Agronegócio

Desmate no Brasil ligado ao café atingiu 737 mil hectares entre 2002 e 2023, diz relatório

O desmatamento direto levou à derrubada de cerca de 312.803 hectares durante o período
Desmate no Brasil ligado ao café atingiu 737 mil hectares entre 2002 e 2023, diz relatório
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O desmatamento brasileiro ligado às lavouras de café atingiu 737 mil hectares entre 2002 e 2023, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira que advertiu que os impactos ambientais negativos da perda de florestas poderiam afetar o setor cafeeiro do país.

O desmatamento direto — em que a terra foi desmatada para o cultivo de café — levou à derrubada de cerca de 312.803 hectares durante o período, disse a Coffee Watch em seu relatório, acrescentando que o restante veio da perda adicional de florestas nas fazendas de café.

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, produzindo dezenas de milhões de sacas de 60 kg de café por ano. No entanto, seu futuro está em perigo, disse a Coffee Watch, devido ao impacto da perda de florestas para as chuvas necessárias para as colheitas.

“O Brasil precisa reverter o curso urgentemente porque esse desmatamento não é apenas um desastre de carbono e biodiversidade — também está matando as chuvas e levando à quebra de safra”, disse Etelle Higonnet, diretora da Coffee Watch, em um comunicado.

Em Minas Gerais, o principal Estado produtor de café do Brasil, oito dos últimos 10 anos registraram déficits de chuva, disse o Coffee Watch, acrescentando que a missão do satélite Soil Moisture Active Passive da Nasa mostra que a umidade do solo caiu até 25% em seis anos nas zonas de maior produção.

Embora os produtores de café do Brasil dependam tradicionalmente das abundantes chuvas de primavera e verão do país, as secas dos últimos anos levaram os agricultores a explorar opções de irrigação caras para acompanhar a demanda global.

O relatório combinou dados do MapBiomas, Hansen Global Forest Change e Nasa, entre outras fontes, para chegar às suas conclusões.

Os cafeicultores brasileiros devem adotar práticas agroflorestais sustentáveis — atualmente utilizadas em menos de 1% das principais zonas cafeeiras — para garantir o futuro do setor, segundo o relatório.

O grupo de exportadores de café brasileiro Cecafé disse que o relatório se concentra no desmatamento de municípios inteiros e não analisa a dinâmica da preservação da vegetação nativa nas próprias fazendas de café.

O Cecafé apontou para uma pesquisa publicada pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2023, que constatou que 99% das 115.000 propriedades produtoras de café registradas no cadastro ambiental rural não apresentaram desmatamento significativo desde 2008.

(Conteúdo distribuído por Reuters)

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