Agronegócio

Desvalorização do real pode onerar setores de café e proteína animal

Desvalorização do real pode onerar setores de café e proteína animal
Exportadores de commodities como grãos podem se beneficiar, mas custos serão maiores para pecuaristaas - Foto: Divulgação

A desvalorização do real frente ao dólar se por um lado beneficia a produção agropecuária em Minas Gerais, uma vez que o Estado é grande exportador de produtos oriundos das atividades agrícola e pecuária, por outro, a valorização da moeda norte-americana – que somente em agosto registrou alta de 8,5% – encarece os insumos importados. O impacto negativo poderá ser sentido no plantio da safra de grão 2018/19, que deve começar em breve, nos cuidados com as lavouras de café e no setor de proteína animal. Para evitar perdas, os produtores rurais devem ficar atentos ao mercado, planejar as compras e manter a gestão das propriedades em dia.

De acordo com coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, três principais fatores contribuem para a desvalorização do real frente ao dólar.

O primeiro é o cenário político instável vivenciado no Brasil, devido ao período de eleições, o que deixa o mercado receoso. Outro fator é a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Por serem as maiores economias do mundo, grandes consumidores e exportadores, qualquer decisão reflete no comércio internacional, inclusive nas commodities do agronegócio tanto para a alimentação humana como animal. Aline destaca que a guerra entre os países pode trazer novas possibilidades de acordos podendo beneficiar, inclusive, o Brasil.

Além disso, a instabilidade política nos Estados Unidos, em função das decisões tomadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, deixa o mundo receoso em relação aos acontecimentos e negociações.

Diante da instabilidade, o dólar está valorizado e os impactos são sentidos no agronegócio de Minas Gerais.

“A cotação do dólar influencia bastante nas nossas possibilidades do agronegócio em exportar produtos. Com a moeda americana valorizada, quando nós mineiros comercializamos com outros países, nós recebemos em real, então uma vez que a cotação está maior, nosso produto se torna mais competitivo e recebemos mais. Esse fator favorece as nossas exportações de produtos como o milho, a soja, o farelo de soja e o café, por exemplo. Por outro lado, há um impacto direto nos custos, porque os grãos, especialmente o milho e a soja, são utilizados na alimentação do rebanho. Logo, ocorre aumento nos custos de produção de aves, suínos, leite e bovinos, setores que ficam com as margens mais apertadas”, explicou.

Outro ponto desfavorável são os custos com os fertilizantes e produtos para sanidade animal, itens que também ficam mais caros. Aline explica que o momento é de preparação de solo para plantio da safra de grãos e de tratos culturais com o final do café. O produtor que se planejou deve sofrer menos impacto com a desvalorização do real.

Frete – Ainda segundo Aline, nessa situação com o dólar valorizado, há outro impacto negativo para o setor produtivo. É a tabela do frete, que foi reajustada devido ao aumento dos preços dos combustíveis, cujos valores são balizados pelo dólar.

“Além de estar ocorrendo o aumento do custo por influência do barril de petróleo, a tabela do frete foi reajusta para compensar a alta dos combustíveis. Então, é mais uma influência negativa para o setor produtivo”.

Com o aumento dos custos, a situação dos produtores rurais é considerada delicada. Por isso, é fundamental ter uma gestão eficaz das propriedades.

“O produtor precisa buscar informações, fazer o levantamento dos custos e definir estratégias para que ele, dentro das possibilidades, consiga minimizar o impacto da elevação dos gastos e se manter na atividade. A alta do dólar favorece o aumento dos ganhos com as exportações, mas o setor sofre com a alta dos custos”, sintetizou Aline.

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