Agronegócio

Dia da Cachaça: conheça os ‘segredos’ da bebida guardados em Minas, maior produtor do Brasil

Minas Gerais lidera o mercado com 2.492 rótulos registrados e especialistas explicam como identificar uma bebida de qualidade no Dia da Cachaça
Dia da Cachaça: conheça os ‘segredos’ da bebida guardados em Minas, maior produtor do Brasil
Foto: Diego Vargas / Seapa

Na liderança do mercado de cachaça com 2.492 rótulos registrados, Minas Gerais é referência quando o assunto é a tradição de se produzir e degustar a bebida. Para o empresário e fundador da Expocachaça, José Lúcio Ferreira, “as maneiras de se produzir cachaça são tantas que é preciso um bocado de estudo e dedicação para dominar o assunto”.

A bebida pode ser branca, dourada ou escura, variação que depende da madeira onde é armazenada. Essa diversidade acontece justamente porque, no Brasil, é permitido o envelhecimento da bebida em mais de 30 tipos de madeira, o que influencia na cor, no aroma e no sabor.

Celebrado neste sábado (13), o Dia da Cachaça resgata não apenas a história do destilado, mas também dicas para quem deseja consumir a bebida com mais conhecimento. Segundo Ferreira, entender o processo de produção é fundamental para diferenciar uma cachaça de alambique, feita em pequena escala, da industrial, produzida em colunas de destilação. “Explicar essa diferença para o consumidor exige investimento que o pequeno produtor não tem como fazer, em sua grande maioria”, observa.

Quando a cachaça “arde”

Um dos pontos que mais gera dúvida entre os consumidores é a sensação de ardência na garganta. Isso pode ocorrer pela falta de qualidade na destilação ou até por maior sensibilidade individual ao álcool. Bebidas mal elaboradas, com alta concentração de metanol, são as que mais causam esse efeito. “A culpa não é da cachaça em si, mas de determinadas marcas”, explica o fundador da Expocachaça.

A recomendação é evitar produtos de origem duvidosa, muitas vezes vendidos em garrafas improvisadas, como as de plástico. O risco vai além do desconforto: destilados mal produzidos podem causar cegueira e até levar à morte. A orientação do especialista é buscar sempre empórios, e-commerces e produtores devidamente registrados.

Cabeça, coração e cauda

A qualidade da cachaça também depende do corte da destilação. A “cabeça”, parte inicial do processo, carrega substâncias nocivas e deve ser descartada. O mesmo ocorre com a “cauda”, final da destilação, de menor concentração alcoólica. O “coração” é a fração valorizada, mais pura e equilibrada, que resulta em um destilado de excelência.

alambique de cachaça
Crédito: Diego Vargas/Seapa

Preço nem sempre é sinônimo de qualidade

O envelhecimento em barris, muitas vezes em diferentes tipos de madeira, eleva o custo de produção. Há rótulos que chegam ao mercado em embalagens sofisticadas, refletindo mais o prestígio da marca do que a qualidade da bebida. Apesar disso, há opções de grande valor sensorial por menos de R$ 100.

Para quem está iniciando, consultar bartenders ou sommeliers pode ser uma boa alternativa. Rankings especializados como o da Cúpula da Cachaça também servem como guia confiável.

Com tradição secular e diversidade de rótulos, Minas Gerais segue no centro deste universo. Para José Lúcio Ferreira, a chave está em beber com consciência e valorizar a produção local: “A sábia combinação é beber menos e melhor”.

A Cachaça e Minas Gerais

Dados do Anuário da Cachaça 2025 apontam que Minas concentra 2.492 produtos registrados, o que representa 34,5% do total nacional. Além disso, o Estado e conta com 501 estabelecimentos produtores da iguaria, cerca 39,6% do produzido no Brasil. 

A produção de cachaça em Minas Gerais é tão forte que 30% dos municípios possuem, pelo menos, um alambique regularizado. Ainda, o Estado é o detentor do maior número de marcas: são 3.478 registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Entre os municípios, Salinas, no Norte de Minas, se destaca com 292 produtos, correspondendo a 11,7% do total estadual.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas