Dia Nacional do Café: Minas Gerais lidera produção

O Dia Nacional do Café, comemorado em 24 de maio, é a data mais importante da cafeicultura nacional. Criado pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), em 2005, a data marca o início da colheita do grão. Em Minas Gerais, o café tem um papel fundamental na economia e no desenvolvimento de diversos municípios. O Estado é o maior produtor nacional, respondendo, assim, por 51,1% do total produzido no Brasil. A cultura está presente em 502 municípios e ocupa 1 milhão de hectares.
Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o café lidera os resultados das exportações do agronegócio de Minas Gerais. Em 2023, os embarques do grão responderam por 38,8% da pauta de exportação do agronegócio. Assim, movimentou US$ 5,6 bilhões em receita e 25,7 milhões de sacas exportadas.

O café produzido nas lavouras mineiras é exportado para diversos países. Entre os principais compradores estão os Estados Unidos, cujas compras movimentaram US$ 919,0 milhões em 2023. Logo em seguida, vieram Alemanha (US$ 881,7 milhões), Itália (US$ 512,2 milhões), Japão (US$ 378,8 milhões) e Bélgica (US$ 348,9 milhões).
Para 2024, a estimativa é que o faturamento bruto da produção de café, em Minas Gerais, chegue a um total de R$ 29,1 bilhões, superando, então, em 7% o registrado em 2023. Para o café arábica, o mais cultivado no Estado, a tendência é de aumento de 6,9% no faturamento bruto, estimado em R$ 28,8 bilhões. O faturamento do café conilon, R$ 291 milhões, tende a crescer 22,9%.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Volume e qualidade
Conforme o diretor de Cadeias Produtivas da Seapa, Julian Silva Carvalho, o produto tem papel relevante na economia mineira. “Minas Gerais é o maior produtor e exportador nacional de cafés. O café é cultivado em mais de 400 municípios, envolvendo e gerando na sua cadeia produtiva milhões de empregos diretos e indiretos. Na pauta de exportações, o café se destaca como o principal produto do agronegócio mineiro e, no ano passado, foi exportado para mais de 80 países”.
Mais do que o grande volume produzido, em Minas Gerais, há um forte trabalho voltado para o ganho de qualidade, assim, o café produzido nas terras mineiras têm alta qualidade.
“É importante salientar que o Estado também possui outro diferencial: a altíssima qualidade dos grãos. A qualidade do café mineiro está associada à grande diversidade de regiões com climas distintos que possibilitam a produção de diferentes tipos de cafés, com grande pluralidade de sabores e aromas, que atendem aos paladares mais exigentes”, explicou.
Consumo de café sobe no primeiro quadrimestre
Com qualidade e variedade de café no mercado, o consumo da bebida no Brasil, entre janeiro e abril, somou 4,96 milhões de sacas de 60 quilos, registrando, assim, uma alta 0,16% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. Conforme os dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), no consumo de abril de 2024, frente a igual mês de 2023, houve avanço foi de 9,2%, já na comparação com março as vendas subiram 1,11%. Em abril, o consumo somou 1,29 milhão de sacas.
Os dados da pesquisa da Abic, em parceria com o sistema Horus, mostram que as vendas aumentaram nas categorias e estilos Superior, Gourmet e Especial, bem como para Cápsulas e Solúvel. Já as categorias e estilos Tradicional e Extraforte foram os únicos que apresentaram queda. Do total consumido no período, 82,9% são de café Tradicional e Extraforte.
Em relação aos preços, na maior parte dos cafés vendidos no varejo brasileiro, caíram. Conforme os dados, em abril, frente a igual mês do ano passado, apenas os cafés da categoria Especial registraram valorização, de 2,84%. Por outro lado, as demais categorias/estilos registraram uma diminuição no preço médio. No café Tradicional/Extraforte, a retração foi de 5,72% e no Gourmet de 9,35%. Alta também no café Superior, de 10,69%, no solúvel, 0,26% e nas cápsulas, com queda de 6,38%.
O diretor executivo da Abic, Celírio Inácio, explica que o acréscimo de 0,16% no consumo de café no primeiro quadrimestre sinaliza boas expectativas para o mercado em 2024.
“O crescimento mostra um mercado firme e com boas expectativas. Lembremos que estamos vindo de um ano de crescimento de consumo de 1,64%. E isso, nos leva a continuar seguindo com a expectativa positiva de consumo. Esperamos chegar a 22 milhões de sacas, algo em torno de 1% de crescimento”.
Café: propulsor do desenvolvimento
Em relação ao Dia Nacional do Café, Inácio ressalta a pujança da produção no Brasil e a importância no desenvolvimento do País. “É honrar a história de todos que contribuíram para o desenvolvimento dessa cultura que está há mais de 150 anos presente aqui. A cultura do café nos trouxe muitas riquezas e foi uma das grandes responsáveis para o desenvolvimento econômico, como a industrialização, trazendo ferrovia, rodovia, portos e tudo mais”.
Inácio destaca ainda que a cultura do café é responsável, também, pelo desenvolvimento político e cultural do Brasil e fonte de riqueza para milhares de famílias.

“Participou e contribuiu diretamente com o império, com a abolição e por tantos irmãos imigrantes que estabeleceram suas colônias aqui, que vieram por causa do café. Trouxe e traz riqueza para o Brasil, para milhares de famílias e centenas de municípios que vivem do café. O café é sinônimo de sustentabilidade, é sinônimo de ser brasileiro, é sinônimo de indústria pujante. Comemorar o Dia do Café é comemorar o Brasil que deu certo”.
Colheita do café 2024 já foi iniciada em Minas Gerais
Concentrando mais de 50% da produção nacional, a safra 2023/24 total de café em Minas Gerais será de 30,1 milhões de sacas, 4,1% maior que a de 2023. Para o Brasil, a estimativa é de 58,8 milhões de sacas de café beneficiado, 6,8% superior à produção de 2023. Conforme o 2º Levantamento da Safra de Café, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a maior produção em Minas Gerais é do café arábica. Serão 29,8 milhões de sacas na safra atual, 4,1% maior. A produção do conilon, estimada em 344,9 mil sacas, 3% a menos.

A analista de agronegócio do Sistema Faemg/Senar, Ana Carolina Gomes, explica que pela alta produção, o café, no agronegócio, é o carro-chefe da economia de Minas Gerais.
“O café, mesmo com frustração de safra nos últimos anos, é o principal produto do agronegócio, trazendo, então, divisas, empregos e renda para todos que estão ligados direta ou indiretamente à cultura. Um ponto de destaque é que o Dia Nacional do Café marca o início da colheita da safra. Este ano, a colheita antecipou para abril. Isso aconteceu devido à adversidades climáticas”.
Clima interfere
As mudanças climáticas têm afetado os cafezais de Minas Gerais. Se nos últimos anos as safra foram impactadas pelas geadas e seca, na safra 2023/24 as regiões também sofreram com as ondas de calor. As altas temperaturas registradas no final de 2023, período de granação dos grãos, impactaram no desenvolvimento.
Os relatos iniciais sobre as condições das primeiras lavouras colhidas, principalmente, na região das Matas de Minas, são de perda no rendimento, devido a grãos menores, e também da qualidade, já que há vários estágios de maturação em um cafeeiro.

“O que a gente tem observado é que muitas regiões anteciparam a colheita. Isso tudo em razão das adversidades climáticas. Infelizmente, a gente tem uma cultura que é muito sensível ao clima e o último ano não foi muito favorável para a produção. Os fenômenos provocados pelo El Niño prejudicaram a safra 2024, que seria uma safra muito boa. No campo, há relatos que ela não está tão boa assim. Mas, uma maior precisão dos impactos só saberemos ao longo da colheita”, explicou a analista de agronegócio do Sistema Faemg/Senar, Ana Carolina Gomes.
Produção sustentável: cafeicultura regenerativa avança no Cerrado de Minas Gerais
Em busca de resultados melhores e também de uma produção cada vez mais sustentável, os cafeicultores mineiros investem sempre em novas alternativas, inovação e tecnologias. Exemplo disso é a cafeicultura regenerativa, que é cada vez mais adotada pelos produtores.
No Estado, há um avanço significativo da agricultura regenerativa na Região do Cerrado Mineiro. Conforme os dados da Regenagri, responsável pela certificação no Brasil, a RCM se destaca por possuir a maior área de cafeicultura regenerativa do Brasil. Ao todo, são quase 30 mil hectares certificados.
A agricultura regenerativa, adotada amplamente na região, visa à conservação da fauna e flora, proteção de mananciais de água, cobertura do solo e técnicas climaticamente inteligentes. Assim, hoje, o Cerrado Mineiro é referência em sustentabilidade no agronegócio e na proteção do meio ambiente.
Destaques mundial
Os investimentos na agricultura regenerativa têm gerado bons resultados para os produtores. O cafeicultor e proprietário da Fazenda Três Meninas, em Monte Carmelo, Marcelo Urtado, ficou entre os seis finalistas do mais renomado prêmio de sustentabilidade do mundo, o Sustainability Award, realizado pela Specialty Coffee Association (SCA). A fazenda foi a única propriedade individual a integrar a lista.
Ele implantou as práticas regenerativas na fazenda dos pais em 2000. Posteriormente, na fazenda Três Meninas, juntamente com a esposa, Ana Paula Curiacos Urtado, em 2016.
“Decidimos produzir café especial de forma a impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente, criando assim um ambiente produtivo mais equilibrado e resiliente. Planejamos a fazenda de forma sistêmica e holística, integrando-a com a paisagem. Um dos grandes benefícios dessa forma de produção é a maior disponibilidade hídrica. Assim, nos transformamos em produtores de água, além de café especial”, explicou.
Conforme Urtado, todas as práticas regenerativas, como as plantas de cobertura, a arborização, o uso de compostos orgânicos, insumos biológicos, dentre outras ações, também impactam na xícara de café, resultando em um café mais saboroso e saudável. “É uma cafeicultura virtuosa, que quanto mais produzimos, melhor é o impacto ambiental e social, sem falar na tão gostosa xícara do Cerrado Mineiro”, disse Urtado.
Sustentabilidade e qualidade no Cerrado Mineiro
Com investimentos em inovação e sustentabilidade, o café do Cerrado Mineiro conquistou o mundo. Cerca de 70% da produção anual é destinada à exportação, sendo os principais compradores a Europa, Estados Unidos e Ásia. A marca Cerrado Mineiro está presente em mais de 50 países.
“O café do Cerrado Mineiro possui características exclusivas, fruto de um terroir único, práticas sustentáveis e o esforço de milhares de produtores. No Dia Nacional do Café, celebramos este grão e esta bebida que fazem do café do Cerrado Mineiro, um símbolo de qualidade reconhecido globalmente. A Região do Cerrado Mineiro exemplifica que inovação e sustentabilidade devem caminhar juntas para produzir um café de alta qualidade e com origem controlada, reconhecido mundialmente. Celebrar o café do Cerrado Mineiro é reconhecer o trabalho árduo dos produtores, a importância da sustentabilidade e a excelência que fazem deste café um orgulho nacional”, disse o diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal.
Ouça a rádio de Minas