Agronegócio

Diversidade dos produtos pode garantir protagonismo da agroindústria florestal mineira

Além dos impactos econômicos, a floresta plantada pretende contribuir com a inclusão social e o desenvolvimento de comunidades locais de todas as regiões do Estado
Diversidade dos produtos pode garantir protagonismo da agroindústria florestal mineira
Crédito: Paulo Cardoso / My Wood Home

O setor florestal mineiro quer se tornar protagonista da agroindústria florestal e desenvolver a economia verde como um novo vetor de crescimento econômico em Minas Gerais. O Estado já é responsável pela maior área cultivada de floresta plantada do País (2,3 milhões/hectares) e pretende avançar na produção de subprodutos da agroindústria florestal. A diversificação é a maior aposta. De acordo com a Associação Mineira da Indústria da Floresta (Amif), para isso acontecer, já foram anunciados para os próximos anos mais de R$ 15 bilhões de investimentos no Estado em ampliações de negócios já existentes na agroindústria florestal no Estado.

edifício de madeira
Crédito: Reprodução Unsplash

A meta é ousada, mas não impossível na visão da presidente da Amif, Adriana Maugeri. Na opinião da executiva, o Estado possui um cenário propício para o protagonismo que deve ser aproveitado. “A floresta é a maior cultura agrícola do Estado e o nosso ‘fruto’ principal é a madeira. Porém, o segmento florestal é capaz de gerar mais de 5 mil bioprodutos. Tudo que você faz com o petróleo, você faz com a madeira”, afirma a presidente da associação.

De acordo com dados levantados pela associação, apesar de Minas Gerais possuir 2,3 milhões de hectares de florestas cultivadas e estar presente em 811 dos 853 municípios do Estado, ainda ocupa o quinto lugar em volume de produção e valor de produto movimentado no segmento florestal. Enquanto o estado do Paraná que é líder, produz 460 milhões de metros cúbicos (m³) de produtos e movimenta R$ 127 bilhões em valores, Minas Gerais produz 192 milhões de m³ e movimenta R$ 11 bilhões em produtos no segmento.

Adriana Maugeri
Adriana Maugeri: floresta plantada é petróleo invertido porque não precisa esperar milhares de anos para produzir | Crédito: Divulgação AMIF

Adriana Maugeri explica que o Estado é recordista na produção e no consumo de carvão vegetal, um subproduto que possui valor agregado mais baixo que o papel e a celulose – maiores produtos da produção paranaense. Entretanto, acredita que o Estado possui condições propícias para se tornar protagonista e desenvolver a economia verde como novo vetor de crescimento econômico com diversificação e aproveitamento dos novos usos não só da madeira como de outros bioprodutos. 

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“A floresta plantada é o petróleo invertido. Você não precisa esperar milhares de anos para produzir e ela se renova a cada ciclo de sete anos. Essencialmente, é o carbono que é contido na matéria orgânica, no vegetal, que em decomposição produz o petróleo. Então, se você utiliza processos químicos diversos e diferentes você produz as mesmas coisas”, explica.

madeira
Crédito: Paulo Cardoso / My Wood Home

Para isso acontecer é necessário investimento em pesquisas, desenvolvimento e inovação, que já é historicamente comuns por aqui. “A indústria florestal possui aplicações que quebram paradigmas. E Minas possui pesquisas avançadas nesse sentido. Temos clones de espécies adaptadas a diferentes regiões do País. A adaptação que a ciência trouxe para estes clones com melhoramento genético contou, principalmente, com tecnologias desenvolvidas nas pesquisas do Estado. Mudas que se adaptam a regiões mais chuvosas, outras às regiões mais secas, por exemplo, estão plantadas em todo o Brasil”, detalha.

Edifício de madeira
Crédito: Reprodução Unsplash

A presidente da Amif afirma que o Estado é também o que possui o maior número de faculdades oferecendo a graduação Engenharia Florestal, são 11 no total. O segmento possui apoio de empresas e indústrias locais que investem em pesquisa há mais de 60 anos. 

Outra vantagem do Estado é a desburocratização recente dos processos de licenciamento ambiental que vai facilitar a permissão do cultivo das florestas. “Tínhamos dificuldades, rigidez e burocracias desnecessárias para o licenciamento ambiental de áreas florestais. É um erro achar que desmatamos florestas nativas para plantar florestas. Plantamos em áreas degradadas e de forma planejada o que está levando a gente a chamar as florestas desta natureza de florestas ‘pensadas’ e não mais ‘plantadas’ como anteriormente”, afirma.

Quanto à diversidade dos usos das madeiras, ela cita os Estados Unidos e Europa, que já usam a madeira para fazerem edifícios usando um material mais resistente que o próprio aço,. Ela explica que a ciência também já desenvolveu produtos mais resistentes ao fogo, que permite nestas situações o consumo de forma mais lenta. “Não acredito que o uso da madeira vire uma tendência no Brasil, mas são aplicações que podem ser melhores aproveitadas. As oportunidades são inúmeras e acredito que Minas tem como se beneficiar disso”, comenta.

edifício de madeira
Crédito: Paulo Cardoso / My Wood Home

Em São Paulo, por exemplo, uma unidade do Mc Donald’s na avenida Paulista utiliza estrutura de madeira reflorestada visando atributos mais politicamente corretos para suas lojas e “surfa” na onda de projetos alinhadas com o desenvolvimento sustentável.

Impactos vão além do econômico

Além dos impactos econômicos, a floresta plantada pretende contribuir com a inclusão social e o desenvolvimento de comunidades locais de todas as regiões do Estado. “Todos os municípios que possuem base florestal apresentam aumento do índice de desenvolvimento humano (IDH). Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, é um exemplo dessa evolução”, cita.

O desenvolvimento da produção do mel nas áreas florestais plantadas e conservadas sob os cuidados da indústria florestal é outra atividade crescente que tem expandido o número de famílias envolvidas e beneficiadas de maneira positiva. 

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