Efeitos climáticos e bienalidade negativa afetam a cafeicultura mineira em 2021

As condições climáticas irregulares durante o ciclo de produção do café em 2021 fizeram com que Minas Gerais registrasse muitas perdas. Com o tempo mais seco e temperaturas mais altas e a incidência de geadas em algumas regiões, o potencial produtivo, que já seria menor pela bienalidade negativa, foi ainda mais afetado.
No ano, o Estado colheu um volume total de 22,1 milhões de sacas de 60 quilos do grão, retração significativa de 36,1% sobre a safra anterior e 9,8% inferior a 2019, última safra sob o efeito da bienalidade negativa.
A quebra fez com que os preços do café disparassem. Entre 2020 e 2021, foi registrado aumento de 69% na cotação do grão arábica, saindo de R$ 543,25 por saca de 60 quilos em 2020 para R$ 916,03.
Da produção total de café, a variedade arábica respondeu por 21,8 milhões de sacas de 60 quilos e apresentou queda de 36,3% frente à safra 2020. A produção de conilon, 283,4 mil sacas, caiu 8,5%.
De acordo com o 4º Levantamento da Safra 2021 de Café, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a bienalidade negativa combinada com o clima adverso fez com que a produtividade total das lavouras cafeeiras recuasse 32,1% em Minas Gerais, chegando a um rendimento médio de 22,6 sacas de 60 quilos por hectare. Em relação à área produtiva, a mesma caiu 5,9% e somou 979,4 mil hectares.
Segundo a analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Alves Gomes, o clima desfavorável provocou perdas na safra 2021 e também vai impactar de forma negativa em 2022.
“O ano de 2021 foi bem desafiador para a produção do café, isto pelas adversidades climáticas enfrentadas. Tivemos seca, altas temperaturas e geadas. Todos estes eventos climáticos vão impactar também na próxima (safra), que tende a ser desafiadora para os cafeicultores”, disse.
Regiões mineiras
A região Sul de Minas é a maior produtora do grão. Ao todo, em 2021, foram 11,75 milhões de sacas de café beneficiadas, queda expressiva de 38,6%. As condições climáticas durante o ciclo foram desfavoráveis à cultura, com escassez de chuvas e incidências de geadas já ao final do ciclo. Além disso, os efeitos da bienalidade negativa também potencializaram a diminuição.
Na região do Cerrado Mineiro, a produção ficou em 4,77 milhões de sacas de café, o que representa uma redução de 20,4% em relação a 2020. Além da bienalidade negativa, a região enfrentou condições climáticas adversas ao longo do ciclo, com escassez de chuvas e temperaturas elevadas, impactando o potencial produtivo da cultura.
Na região da Zona da Mata, a produção final foi de 4,91 milhões de sacas de café beneficiado, volume 44% menor se comparado com a temporada passada. A redução foi resultado, principalmente, do efeito da bienalidade negativa, além das condições climáticas desfavoráveis em determinados períodos durante o ciclo, com falta de chuvas em fases críticas do desenvolvimento da cultura.
Nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, o volume total colhido foi de 693,2 mil sacas de café, valor 1,4% menor que as 703,1 mil sacas obtidas em 2020. Segundo a Conab, parte da produção é de café do tipo conilon, espécie que sofre menos efeitos em relação à bienalidade, além da região dispor de um bom percentual de lavouras irrigadas, o que ameniza o déficit hídrico, principalmente nas fases mais críticas do desenvolvimento da cultura.
Preços
Com a queda substancial da produção de café, a cotação do grão valorizou significativamente. De acordo com os dados divulgados pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), entre 2020 e 2021 foi verificado aumento de 69% para o café arábica, saindo de R$ 543,25 por saca, em 2020, para R$ 916,03.
Para o conilon, a alta foi de 58%, de um ano para o outro, saindo de R$ 359,03 por saca, em 2020, para R$ 567,78 por saca, em 2021, considerando a média anual do período de janeiro a novembro.
“A oferta de café ficou e tende a ser menor em 2022. O reflexo disso impacta em toda a cadeia. O mercado já está precificando a tendência de menor oferta, por isso, estamos com altos patamares de preços. A valorização grande ocorre pelo sentimento de falta, ou seja, de mais disputa pelo produto”, explicou a analista de Agronegócio da Faemg, Ana Carolina Alves Gomes.
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