Agronegócio

Emater-MG monitora produção de cacau em Minas Gerais e futuro é promissor

Empresa pública inclui, pela primeira vez, fruta na lista de culturas acompanhadas mensalmente pelos técnicos; área já abrange 488 hectares no Estado
Emater-MG monitora produção de cacau em Minas Gerais e futuro é promissor
Região Norte domina produção, sendo que maiores áreas de plantio estão nas cidades de Jaíba e de Janaúba | Foto: Divulgçaão Sistema Faemg Senar

O aumento do plantio de cacau em Minas Gerais e o potencial do Estado se tornar, nos próximos anos, um dos principais produtores do País, estimulou a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) a incluir, pela primeira vez, a fruta na lista de culturas acompanhadas mensalmente pelos técnicos. Desde março, a produção de cacau vem sendo mapeada no Estado e, essa coleta dos dados será importante para a evolução, inclusive sendo base para a criação de políticas públicas.

A Emater identificou que a produção do cacau já ocupa cerca de 488 hectares, deste total, 172 hectares estão em produção. A estimativa é que o volume anual chegue a 161 toneladas. A região Norte domina a produção, as maiores áreas de plantio estão nos municípios de Jaíba, com 256 hectares, e Janaúba, com 120 hectares. Também são destaques os municípios de Bandeira, no Jequitinhonha, com o cacau ocupando 64 hectares, Matias Cardoso, com 25 hectares, e São Geraldo, com oito hectares, estas duas últimas cidades localizadas na Zona da Mata.

Conforme o coordenador técnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, nos últimos tempos, houve um crescimento expressivo na demanda por capacitações e informações relativas ao cultivo do cacau e os técnicos que atuam em campo perceberam também o avanço do cultivo. Assim, desde março, os dados começaram a ser catalogados e mostram que a cultura está ganhando espaço no Estado.

“Nossas equipes que atuam junto aos produtores identificaram um crescente interesse pelo cacau e viram que muitos produtores estão iniciando o plantio. Então, resolvemos incluir a cultura em nosso levantamento de safra, que já monitora, mensalmente, 40 frutas produzidas em Minas Gerais”.

Ainda conforme Sanábio, a inclusão do cacau no monitoramento é importante para o desenvolvimento de políticas públicas e também para identificar as regiões onde o cultivo acontece. “A inclusão do cacau em nossos levantamentos ajuda na formulação de políticas públicas. Com os dados, conseguimos monitorar o comportamento da cultura, regiões onde a produção cresce e, assim, podemos propor ações ou a criação de programas no Estado”.

Para Sanábio, a cultura do cacau tem grande potencial de crescimento em Minas Gerais, principalmente, na região Norte, onde a irrigação combinada com o clima seco, com as temperaturas elevadas e a baixa umidade geram condições interessantes para o desenvolvimento do cacau. Os fatores, além de promoverem uma produtividade maior também contribuem para uma menor incidência de pragas e doenças, principalmente, as fúngicas. Porém, ele ressalta que para o crescimento sustentável e duradouro é preciso organizar o setor produtivo.

Outro desafio é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) cuja última atualização aconteceu em 2019 e limita os municípios aptos ao cultivo. Conforme Sanábio, é necessário que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atualize o Zarc incluindo novas regiões com aptidão para o cacau. O plantio fora das áreas delimitadas pelo Zarc dificulta o acesso a crédito rural e a seguros agrícolas.

“A atividade exige infraestrutura para plantio, cuidado, colheita, fermentação, secagem e armazenamento. A falta de organização pode levar a problemas de comercialização, com produtores sem compradores para suas amêndoas. A articulação da cadeia produtiva é importante para se criar estruturas de compra dos produtos por grandes indústrias. Em São Paulo, por exemplo, eles fizeram isso e empresas como Nestlé, Cargill e Cacau Show compram o cacau”, disse.

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