Embarque de carne também tem recorde

A demanda externa aquecida pela carne bovina, proveniente principalmente da China, está estimulando as exportações brasileiras e a tendência é de encerrar 2020 com recordes em volume e faturamento gerados com os embarques.
De acordo com os dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a projeção é de que os volumes embarcados alcancem 2,02 milhões de toneladas até o fechamento do ano, o que se alcançado será 8,8% superior em relação a 2019. Já as receitas devem alcançar o total de US$ 8,53 bilhões, 11,8% acima do ano passado. A projeção para 2021 é positiva e novos recordes devem ser alcançados.
O presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, explica que os resultados estavam dentro do planejado pela associação em relação a 2020. A qualidade da carne bovina produzida no País é um diferencial que tem sido reconhecido no mundo e permitido o avanço das negociações com o mercado externo. Além disso, estão sendo desenvolvidos trabalhos para ampliar os mercados já atendidos e para abrir novos.
“Os dados estão dentro das estimativas realizadas no ano passado e demonstram a qualidade da carne brasileira e a confiança dos mercados internacionais no nosso produto. Devido à pandemia de Covid-19, os frigoríficos se adaptaram e trabalharam com a fumigação de contêineres, para não ter risco da presença do vírus como em outros casos. Isso fez com que a nossa cadeia tivesse poucas chances de ter abalos consideráveis. O que nos interessa é exatamente isso, porque, no pós-Covid e pós-vacina, o setor está pronto para atender a uma demanda que a gente não tem condições de mensurar, mas sabemos que será muito maior”, disse Camardelli.
Com protocolos rigorosos implantados para conter o avanço da pandemia, Camardelli ressaltou que quase nenhum frigorífico brasileiro precisou parar as operações em função de questões de saúde relacionadas à Covid-19, o que foi importante para atender ao mercado.
Segundo o levantamento da Abiec, no acumulado de janeiro a novembro de 2020, as vendas brasileiras de carne bovina registraram um volume de 1,84 milhão de toneladas, avanço de 9% em relação ao mesmo período de 2019.
Em faturamento, o crescimento foi de 13,9%, somando US$ 7,76 bilhões. No mês de novembro, as exportações chegaram a 196 mil toneladas, volume 9,7% acima do mesmo mês de 2019. Já em faturamento, o mês cresceu 0,4% e fechou com US$ 844,3 milhões.
Minas – Em Minas Gerais, segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), de janeiro a novembro, as exportações de carne bovina movimentaram US$ 732,65 milhões, ante US$ 735,5 milhões registrados em igual período do ano passado, valor que ficou praticamente estável, com pequena variação negativa de 0,4%. Em volume, foi registrado incremento de 4,5%, com a destinação de 174,2 mil toneladas ao mercado externo.
China ainda é principal destino do produto
A China segue como principal destino dos embarques de carne bovina brasileira, respondendo por 42,27% do total exportado, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). De janeiro a novembro, foram embarcadas 779 mil toneladas, o que representou um avanço de 88,3% frente a igual período do ano passado. Em relação à receita, a alta foi de 65,8%, com a movimentação de US$ 3,62 bilhões.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a tendência é de que os embarques para a China continuem aquecidos em 2021. O Brasil está em negociação para expandir o mix de produtos exportados. O objetivo é comercializar com a China carne com osso e miúdos.
O segundo maior comprador da carne bovina brasileira em 2020 foi Hong Kong, com 15,73% de participação, seguido do Egito, com 6,63%.
Próximo ano – Para 2021, a projeção é de alta nos embarques de carne bovina. O presidente da Abiec, Antônio Camardelli, estima, com conservadorismo, que o volume aumente 6%, alcançando 2,14 milhões de toneladas. Em relação ao faturamento, é esperada alta de 3%, com receita total podendo alcançar US$ 8,78 bilhões.
“Nossa estimativa é de manutenção do mercado externo aquecido para a carne bovina. Estimamos um crescimento mais conservador em 2021 por possíveis dificuldades de controle da pandemia e da vacinação contra a Covid-19. Vamos trabalhar para ampliar nossa atuação, que já é significativa. Podemos dizer que, a cada segundo, exportamos, em 2020, cerca de US$ 273 e 65 quilos, o que é um fenômeno pelos desafios enfrentados com a logística nacional. É um dado interessante”.
Balança do setor agropecuário é positiva em US$ 81,9 bi
A balança comercial do agronegócio brasileiro teve superávit comercial e exportações recordes no acumulado de janeiro a novembro de 2020, segundo dados do Ministério da Economia divulgados na sexta-feira (18) e compilados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O saldo positivo registrado foi de US$ 81,9 bilhões, enquanto a receita com as vendas externas somaram US$ 93,6 bilhões. Em relação ao mesmo período de 2019, as exportações cresceram 4,9% em valor e 10,6% em volume (204,5 milhões de toneladas).
Os principais produtos da pauta neste ano foram: soja em grãos (US$ 28,5 bilhões), carne bovina in natura (US$ 6,8 bilhões), açúcar de cana em bruto (US$ 6,7 bilhões), celulose (US$ 5,6 bilhões) e farelo de soja (US$ 5,5 bilhões).
Estes itens responderam por 56,7% das vendas externas até o mês passado. Quanto aos mercados alcançados, a China segue como o principal destino dos produtos do agro brasileiro, com participação de 34,8% das exportações. Na sequência aparecem União Europeia (16,3%), Estados Unidos (6,7%), Japão (2,5%) e Coreia do Sul (2,1%).
Novembro – No mês passado, as vendas para outros países alcançaram US$ 7,9 bilhões, queda de 1,5% na comparação com novembro de 2019. O volume embarcado foi de 15,8 milhões de toneladas, 3,5% a menos do que no mesmo mês no ano passado.
Os principais produtos exportados no mês foram o milho, o açúcar de cana em bruto, a carne bovina in natura, o café verde e o farelo de soja, que tiveram participação de 44,3% do total das vendas externas mensais. Entre os principais destinos, destaque novamente para China, União Europeia e Estados Unidos. Completam a lista dos cinco primeiros Vietnã e Japão.
Entre os produtos que fazem parte do escopo de ações do Projeto Agro.BR, desenvolvido em parceria com a Apex Brasil para estimular a participação de pequenos e médios produtores no comércio internacional, destaque para os seguintes produtos: chá, mate e especiarias, produtos apícolas e lácteos.
De janeiro a novembro, o embarque de chá, mate e especiarias subiu 13%, gerando uma quantia de US$ 323,5 milhões. A receita obtida com as vendas externas de produtos apícolas foi de US$ US$ 96,3 milhões (crescimento de 39,5%) e as exportações de lácteos totalizaram US$ 68,6 milhões (alta de 30,3% em relação ao mesmo período de 2019).
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