Embarques do agro têm receita recorde até maio em Minas

As exportações do agronegócio de Minas Gerais seguem registrando recorde no faturamento. Nos primeiros cinco meses do ano, os embarques movimentaram US$ 6,17 bilhões, superando em 43,82% os US$ 4,29 bilhões registrados em igual intervalo do ano anterior.
Apesar do aumento da receita gerada com os embarques, o volume destinado ao mercado internacional caiu 3,87%. Dentre os destaques positivos estão o café, grupo das carnes e o complexo soja.
Com o resultado até maio, as exportações do agronegócio de Minas Gerais responderam por 9,71% do faturamento obtido em nível nacional, que chegou a US$ 63,6 bilhões e superou em 29% o resultado acumulado de janeiro a maio de 2021.
Conforme dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e maio, foram embarcadas 5,3 milhões de toneladas de produtos agrícolas e pecuários, redução de 3,87%.
O gerente de Agronegócios do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Caio Coimbra, explica que, apesar do volume menor embarcado, frente ao ano passado, houve uma valorização dos itens, o que permitiu o avanço do faturamento.
“Embarcamos um menor volume frente ao ano passado, mas, em compensação, a valorização dos produtos do agronegócio – que ainda são muito demandados – e o dólar elevado contribuíram para o crescimento do faturamento”.
Ele destacou que as exportações são importantes para o produtor diversificar o mercado, ampliar o retorno financeiro e ter condições de investir na maior produção, em tecnologias e em qualidade.
“Na nossa visão, a exportação é sempre bem-vinda. Os produtos embarcados são de ótima qualidade, uma vez que o mercado externo tem exigências muito maiores que o interno. As negociações com o exterior trazem empregos, recursos, mais tecnologia, desenvolvimento, pesquisa e inovação. Além disso, é mais um mercado para escoar a safra. Ao ganhar mais recursos, o produtor investe mais na lavoura, trazendo o benefício de produzir mais alimentos. Não exportamos tudo que produzimos, somente cerca de 20%, então, o abastecimento é garantido”.
Grãos
Entre os produtos exportados, o café movimentou o maior valor. Ao todo, os embarques movimentaram US$ 2,9 bilhões, superando em 70,59% o valor registrado em igual intervalo do ano passado, que foi de US$ 1,7 bilhão. Foram embarcadas 726,4 mil toneladas, volume 5,91% inferior. Somente o grão respondeu por 47,04% das exportações do agronegócio.
Destaque também para os preços valorizados do café no mercado internacional. Após perdas na produção, resultado de uma bienalidade negativa que foi agravada pelo clima desfavorável, a tonelada do grão foi negociada, em média, a US$ 3.992, ante os US$ 2.202 registrados anteriormente, alta de 81,36%.
As exportações mineiras do complexo soja também ficaram maiores. A receita cresceu 30,77%,chegando a US$ 1,77 bilhão. Em volume, a alta ficou em 3,79%, com 3,01 milhões de toneladas embarcadas. No intervalo de janeiro a maio, o complexo soja ocupou o segundo lugar no ranking da pauta exportadora do agronegócio de Minas Gerais, respondendo por 28,69% do faturamento total.
Durante os cinco primeiros meses de 2022, o grupo das carnes, responsável por 10,6% da receita gerada com as exportações do setor, obteve um faturamento de US$ 654,8 milhões, alta de 59,28%. Em volume, as exportações atingiram 168,2 mil toneladas, variação positiva de 20,21%.
Frigoríficos
Somente os embarques de carne bovina cresceram 70,6% em valor, que ficou em US$ 499,1 milhões. Foram exportadas 86,6 mil toneladas, volume 31,66% maior que o registrado anteriormente.
A exportação de carne de frango cresceu 40,18% em receita, que alcançou US$ 135,5 milhões. O volume embarcado, 71,7 mil toneladas, aumentou 13,28%.
Ao contrário das carnes de frango e bovina, as negociações de carne suína com o mercado externo recuaram. No período, as exportações movimentaram US$ 14,5 milhões, retração de 15,85%. Em volume foi verificada queda de 14,55% e envio de 7,3 mil toneladas de carne suína.
Florestal e sucroalcooleiro
Outro setor que registrou alta nas exportações foi o de produtos florestais. O avanço foi de 40,03% em receita, US$ 342,1 milhões. Ao todo, foram embarcadas 628,2 mil toneladas, variação positiva de 20%.
No setor sucroalcooleiro foi verificada queda tanto em faturamento quanto no volume embarcado. Com o atraso no início da safra, o setor exportou 714,9 mil toneladas, volume 30,93% menor. Em relação ao faturamento, a queda está em 14,46%, com as negociações movimentando US$ 271,6 milhões.
Na UE, soja do Brasil é destaque
Paris e São Paulo – As importações de soja pela União Europeia na temporada 2021/22, encerrada em 30 de junho, atingiram 14,54 milhões de toneladas, queda de 6% em relação ao volume importado no ciclo anterior, mostraram dados publicados ontem pela Comissão Europeia . O volume importado do Brasil, maior fornecedor global da oleaginosa, atingiu quase 60% do total comprado pela UE em 2021/22, ou cerca de 8,5 milhões de toneladas.
Já as importações de farelo de soja 2021/22 totalizaram 16,50 milhões de toneladas, 4,5% abaixo da temporada anterior. O Brasil, que tem na UE seu principal cliente para o farelo de soja, foi o maior fornecedor do produto ao bloco de países europeus, com 45,3% do total, superando a Argentina, que lidera a exportação de soja processada.
Já as importações de óleo de palma ficaram em 4,80 milhões de toneladas, 12% abaixo do volume importado em 2020/21.
As importações de óleo de girassol da UE, a maioria proveniente da Ucrânia, terminaram a temporada em 1,95 milhão de toneladas, um aumento de 13% em relação à temporada anterior, mostraram os dados.
Os dados, baseados em números alfandegários apresentados pelos 27 países membros da UE, podem ser revisados nas próximas semanas.
Frango
As exportações de carne de frango do Brasil atingiram 432,5 mil toneladas em junho, alta de 8,8% no comparativo anual e o terceiro maior volume da história, informou ontem a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Com o desempenho positivo e um cenário de inflação global dos alimentos, a receita obtida com os embarques de junho cresceu 46,3%, para US$ 951,7 milhões.
As exportações totais do primeiro semestre alcançaram 2,423 milhões de toneladas, volume 8% superior ao registrado nos seis primeiros meses de 2021, mostraram os dados.
Em receita, a alta do semestre é de 36%, com US$ 4,728 bilhões. (Reuters)
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