Agronegócio

Três empresas mineiras são habilitadas a exportar ração animal para a China; veja quais

Indústria de reciclagem animal de Minas Gerais ganha novo impulso com habilitação de plantas para exportação ao mercado chinês
Três empresas mineiras são habilitadas a exportar ração animal para a China; veja quais
No Brasil, 100% dos resíduos coletados em estabelecimentos de abate são reciclados | Imagem: reprodução/ ApexBrasil

Três empresas mineiras de alimentos estão na lista das 51 plantas brasileiras do setor de reciclagem animal que foram habilitadas pela China em 29 de julho para exportação de ração animal. A informação foi divulgada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do governo federal, em parceria com a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra). No Brasil, 100% dos resíduos coletados em estabelecimentos de abate são reciclados.

A novidade abre caminho para um potencial crescimento nas exportações do setor, conforme avalia a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Conheça as empresas mineiras habilitadas:

  • Indústria de Rações Patense, nas unidades de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, e de Itaúna, no Centro-Oeste;
  • Céu de Minas Nutrição Animal, em Uberaba, no Triângulo Mineiro;
  • Avivar Alimentos, em São Sebastião do Oeste, também no Centro-Oeste mineiro.

O Diário do Comércio procurou, por telefone e mensagens, todas as empresas citadas para comentarem a autorização, mas não obteve retorno.

Veja a lista de itens habilitados para exportação à China:

  • farinha de pescado (inclusive de camarão, salmão e atum);
  • óleo de pescado;
  • farinhas de vísceras de aves e suínos;
  • farinha de penas, sangue e penas com sangue (hidrolisadas ou não);
  • proteínas hidrolisadas, plasma e células vermelhas de suínos;
  • misturas de origem animal;
  • palatabilizantes (aditivos que melhoram o sabor de alimentos) para pet food.

Habilitação deve impulsionar exportação de ração animal mineira

A habilitação das 51 empresas brasileiras, incluindo as três de Minas Gerais, foi resultado de meses de diálogo técnico, alinhamento regulatório e cooperação internacional, segundo a ApexBrasil.O resultado é o avanço da exportação de resíduos de origem animal no Brasil.

“Esta é uma oportunidade para o País e para o nosso Estado, que demonstra a qualidade e o potencial dos nossos estabelecimentos para exportação. Isso porque, para que fossem habilitados, eles precisaram passar por um processo bem detalhado de análise, tanto pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) quanto pelos órgãos reguladores da China. Por isso, é uma oportunidade para as empresas mineiras se tornarem mais internacionalizadas”, explica a analista de negócios internacionais do Centro Internacional de Negócios da Fiemg, Verônica Winter.

Segundo ela, o critério para habilitação de um país é muito rigoroso e envolve avaliação de qualidade, status sanitário e de sustentabilidade da produção, entre outros fatores. Porém, ao ser aprovado, ele acaba contribuindo para ajudar a aprovação em outras nações interessadas. Embora cada país tenha suas regras de habilitação, uma aprovação como a chinesa é positiva para auxiliar as empresas a diversificarem suas exportações.

De acordo com a ApexBrasil, a habilitação fortalece a posição do Brasil como fornecedor confiável e de alto desempenho no comércio global de nutrição animal. “Com mais unidades autorizadas a exportar, a tendência é de crescimento consistente nos próximos anos”, informou, em nota.

China: um mercado gigante para ingredientes de ração

Um dos motivos para a expectativa positiva nessa habilitação está no tamanho do mercado chinês, que concentra uma grande demanda por ingredientes utilizados na formulação de rações, pet food e produtos derivados de origem animal.

A projeção do mercado de produção animal é de:

  • 427 milhões de cabeças de porco previstas para 2025, o maior rebanho suíno do planeta;
  • 5,3 bilhões de cabeças de aves em 2023, a maior população;
  • 52,9 milhões de toneladas de pescados em 2025.

“Esses números não apenas evidenciam o tamanho da demanda chinesa, mas mostram que há espaço consolidado para fornecedores das Américas, e que o Brasil está entrando nessa disputa com força renovada”, completou a ApexBrasil.

Reciclagem animal movimenta cadeias inteiras

A indústria de reciclagem animal desempenha um papel considerado vital na cadeia produtiva brasileira. Isso porque, segundo a ApexBrasil, o setor é responsável por processar resíduos que não seguem para o consumo humano e que são gerados pelo abate de aves, suínos, bovinos e pescados, de forma segura.

Além disso, a indústria de reciclagem garante destino para esses produtos, convertendo a matéria-prima de origem animal em ingredientes de alto valor para diferentes segmentos.

“É uma engrenagem eficiente que conecta o campo à indústria: abastece a alimentação animal, contribui com a produção de pet food, é insumo para a saboaria, além de ter papel crescente no fornecimento de matéria-prima para o biodiesel”, informou a agência, em nota.

No Brasil, ainda de acordo com o governo federal, 100% dos resíduos coletados em estabelecimentos de abate são reciclados.

Autorização foi possível após trabalho conjunto

De acordo com a ApexBrasil, a habilitação foi possível após atuação conjunta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e seus adidos (funcionários designados para auxiliar em uma missão diplomática) em Pequim, do Ministério de Relações Exteriores (MRE) e da Abra.

A Abra, inclusive, desenvolve o Brazilian Renderers em parceria com a ApexBrasil. O projeto visa fomentar as exportações do setor de reciclagem animal e atua por meio da participação em feiras, realização de workshops e outras ações especiais de promoção comercial.

Em Minas, outra frente de apoio à exportação é liderada pela Fiemg. “A gente oferece orientação, independentemente do setor e do porte da empresa. Fazemos um atendimento customizado, entendendo a demanda da empresa e a característica do produto, com o objetivo de preparar a empresa para exportar”, detalha Verônica Winter.

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