Epamig estuda sistemas integrados de produção agropecuária para mitigar impactos de mudanças climáticas

Com ênfase na redução dos impactos das mudanças climáticas, em conformidade com o Plano de Ação Climática (PLAC), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está conduzindo estudos em sistemas integrados de produção agropecuária. O objetivo é desenvolver e validar tecnologias capazes de reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), além de promover o uso mais eficiente dos recursos naturais.
As pesquisas realizadas no Campo Experimental Getúlio Vargas, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, contemplam sete diferentes sistemas produtivos, que combinam culturas agrícolas, pastagens e florestas em diversas configurações. São eles:
- integração lavoura-pecuária-floresta (com eucalipto, milho e capim-marandu),
- lavoura-pecu-aria (milho e pastagem),
- lavoura em monocultivo,
- pastagem reformada e não manejada,
- floresta em monocultivo,
- além do sistema silvipastoril (com cratyla e capim-marandu).
Essa diversidade permite uma análise comparativa sobre o impacto ambiental de cada modelo, considerando aspectos como produtividade, ciclagem de nutrientes, uso da água e sequestro de carbono.
Segundo o pesquisador e chefe da Epamig Oeste, Fernando Oliveira Franco, os trabalhos têm se concentrado na quantificação dos estoques de carbono.
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“Estamos quantificando os estoques de carbono nesses sistemas, tanto na parte aérea, na biomassa das plantas, como no solo, além do aproveitamento no uso da água”, explica.
Para ampliar a precisão dos dados, novos equipamentos estão sendo incorporados ao projeto, como gasômetro para medição da emissão de óxidos nitrosos, metano e vapor de água no solo, além de sondas que permitem a leitura instantânea da umidade em diferentes profundidades.
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Renovação da pesquisa
As pesquisas, iniciadas em 2022, enfrentaram um revés em 2024, quando uma queimada comprometeu cerca de 80% da área do campo experimental.
Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), um novo projeto para recuperação da área e continuidade dos estudos foi encaminhado. Outros dois projetos já estavam em andamento, com fomento da Fapemig e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS Cerrado).
“Por meio da aprovação de um novo projeto está sendo possível dar continuidade aos estudos, agora, diante de um novo cenário. Lidar com a área afetada pelo fogo nos possibilita entender qual sistema será mais resiliente às condições e quais são os efeitos causados”, ressalta o pesquisador.
Resultados promissores
Mesmo diante dos desafios, os resultados preliminares são promissores. A integração lavoura-pecuária-floresta já se mostra cerca de cinco vezes mais eficiente no uso da água do que os sistemas em monocultivo.
Além disso, os estudos indicam que os sistemas integrados apresentam menor pegada de carbono, em razão da diversidade de espécies, do acúmulo de biomassa e da melhoria da cilcagem de nutrientes.
“Temos um laboratório a céu aberto que nos proporciona atividades a longo prazo, especialmente no que se refere ao componente florestal e aos estoques de carbono no solo. Os dados gerados estão sendo trabalhados e já existem conclusões que os sistemas são mais eficientes no uso da água e mitigam a emissão de gases de efeito estufa”, conclui o pesquisador.
(Com Agência Minas)
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