Agronegócio

Estado dá novo passo para reduzir dependência de fertilizantes importados

Estado dá novo passo para reduzir dependência de fertilizantes importados
Entre apostas de Uberlândia como alternativa de fertilizante local está o estímulo ao uso do pó de basalto pelo Agro brasileiro | Crédito: Divulgação

A prefeitura de Uberlândia vem investindo cada vez mais em busca de alternativas para reduzir a dependência da produção agropecuária dos fertilizantes importados. Ontem, durante a abertura da Feira do Agronegócio Mineiro (Femec) 2022, foram assinados um termo de cooperação para a execução de um programa de crédito e também uma carta de intenções para a caracterização de agrominerais presentes no município.

As iniciativas desenvolvidas pela prefeitura, que incluem também o primeiro Polo Agromineral Verde do Brasil e estudos para o uso do pó de basalto como remineralizador, são consideradas fundamentais, uma vez que o setor enfrenta um aumento expressivo dos preços dos fertilizantes e uma ameaça de desabastecimento devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.

No que se refere ao estudo dos minerais presentes na cidade e que podem ser alternativas e contribuir para a menor dependência dos fertilizantes químicos, foi feita a assinatura de uma carta de intenções para ampliar o desenvolvimento de ações para caracterizar agrominerais presentes na cidade como remineralizadores junto ao Serviço Geológico do Brasil (CPRM). 

O diretor-presidente da CPRM, Esteves Pedro Colnago, destacou a importância da iniciativa. “Estamos vivendo uma situação ímpar quando se busca viabilizar os remineralizadores como oportunidade para que a agricultura do Brasil possa continuar a crescer. Nós, do serviço geológico, estamos direcionando grande atenção para isso. É muito grande a nossa satisfação em participar do estudo de um agromineral remineralizador que poderá contribuir para o crescimento do nosso agronegócio”, explicou. 

Para levar assistência e crédito ao produtor rural que investe em uma produção sustentável, foi feita também a assinatura do termo de cooperação junto ao Banco do Brasil. O acordo também visa ao desenvolvimento do Polo Agromineral  de Uberlândia.

Com a oferta de crédito, o objetivo é executar o programa conjunto de aplicação de crédito rural visando financiar as necessidades dos produtores rurais relativas à adoção de boas práticas ambientais, sociais e de governança e das boas práticas agrícolas. A assinatura do termo foi feita pelo prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão, pelo superintendente estadual do Banco do Brasil em Minas Gerais, Gustavo Henriques, e o diretor-presidente da Campo, Emiliano Botelho.

País tem grande potencial 

Durante a abertura da Femec, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli destacou como a agricultura brasileira se desenvolveu ao longo das últimas décadas e que o Brasil tem grande potencial para resolver a dependência dos fertilizantes importados. 

“É evidente que temos motivos para comemorar aonde chegamos com nossa agricultura, nossa pecuária e os produtos gerados. Mas não estamos em época fácil. Vivi várias. O País, para alimentar a população, precisava gastar dólares e comprar comida lá fora. Desenvolvemos a agricultura tropical. Transformamos a terra do Cerrado em produtiva,  com fibra, coragem e decisão do produtor rural. O mercado mundial se reverte, logo no momento em que o Brasil se torna o maior exportador de alimentos do mundo. Tentam, ou com justificativas escusas ou por manobras, dizer que não temos fertilizantes suficientes para plantar nossa safra, temos sim. Este País é capaz de resolver problemas desta natureza como resolveu na década de 1970. Como resolveu em mais 30 anos e se colocou como primeiro exportador mundial de alimentos. Temos que agir”, disse. 

Ainda segundo Paolinelli, é preciso que todos trabalhem juntos, desde produtores, entidades representantes do setor agrícola, minerário e bancário, para que o Brasil avance na produção de alternativas aos fertilizantes importados. 

“É o momento de mostrar nossa competência. Espero, caros companheiros do Banco do Brasil, que representam aqui as financiadoras brasileiras, das cooperativas fortes e dos bancos que têm dinheiro, é hora de financiar a quem tem competências, especialmente para produzir o que precisamos”, destacou.

Para  Paolinelli, é possível ter uma solução rápida, com apoio financeiro, da tecnologia e da ciência. “Se Deus não nos deu terras férteis, Ele nos deu rochas ricas, que têm todos os elementos que precisamos. Não precisamos esperar planos de autossuficiência de fertilizantes que vão começar daqui a seis anos, 15 anos. É muito tempo. A solução é mobilizar o produtor e o empresariado, chame e dê a condição de produzir o equivalente ao adubo solúvel em água que usamos hoje. A rocha tem os mesmos produtos, com a ciência brasileira, especialmente, a biologia, temos tudo que precisamos para que a rocha se solubilize, tenha a metamorfose mais rápida e entregue para a planta tudo que ela precisa”.

De acordo com o prefeito de Uberlândia, é preciso que o governo estadual abrace o plano agromineral, que trará uma solução mais ágil do que o plano nacional de fertilizantes. A disponibilização de crédito, por parte das entidades financeiras públicas, também é essencial. 

“O projeto é a solução do agronegócio brasileiro. Para o bem da agricultura mineira, se o plano do governo federal é de 28 anos, o nosso não pode esperar os 28 anos, porque vamos quebrar. Os órgãos financeiros do governo, se não apoiarem, vão ajudar a quebrar o principal setor da economia do nosso País, que é o agronegócio. Setor este que carrega o País nas costas”, completou. 

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