Agronegócio

Cotação do suíno vivo sobe com exportações

Cotação do suíno vivo sobe com exportações
Após valores pagos pelos suínos ficarem abaixo do esperado no 1º trimestre, houve valorização em abril | Crédito: Ronaldo Ronan Rufino

A demanda aquecida pela carne suína nos mercados interno e externo está contribuindo para a recuperação dos preços pagos aos produtores em Minas Gerais. Após os valores ficarem abaixo do esperado pelo setor ao longo dos primeiros meses de 2021, em abril houve uma retomada e o quilo do suíno vivo vem sendo negociado, em média, a R$ 8. A valorização dos preços é considerada essencial, já que a inflação dos custos de produção subiu mais de 100% em um ano.

Para superar os desafios da atividade e, em especial, pela comemoração ao Dia da Carne Suína Mineira, hoje, 30 de abril, a Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), que está completando 49 anos, vem promovendo eventos que orientam produtores e mostram oportunidades. Uma destas iniciativas foi o evento on-line “As exportações e a suinocultura mineira”, que abordou, ontem, as oportunidades de se comercializar o produto com o mercado externo. 

De acordo com o presidente da Asemg, João Carlos Bretas Leite, os eventos promovidos pela entidade são importantes para orientar o produtor e mostrar oportunidades. “Enfrentamos muitos desafios e, por isso, buscamos orientar sempre da melhor forma o nosso associado. Sempre trabalhamos formas de divulgar a carne suína, a qualidade e também buscamos levar informações relevantes aos produtores, o que é importante para ele tomar as decisões”, ressalta.

O médico veterinário e consultor de mercado da Asemg, Alvimar Jalles, explica que as exportações brasileiras de carne suína estão excepcionais e Minas Gerais tem evoluído nos embarques. 

“No Brasil, os volumes embarcados nos últimos dois meses já superaram o recorde de 2020 e, podemos dizer, que Minas Gerais também está acompanhando o crescimento mesmo que em proporção menor que os estados do Sul, que são os maiores exportadores”. 

Os dados levantados por Jalles mostram que, somente em março, Minas exportou 1,61 mil toneladas de carne suína. O volume foi o maior desde junho de 2020 e o segundo maior da história. “As exportações estão se recuperando e, em abril, também se mantiveram aquecidas”.

A retomada dos volumes em março e a estimativa de um abril também positivo são necessárias para reverter os números do primeiro trimestre. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Minas Gerais, entre janeiro e março, exportou 4,1 mil toneladas de carne suína, volume que ficou 2,7% menor frente ao mesmo período do ano passado. O faturamento recuou 3,5%, encerrando o período em US$ 7,9 milhões.

Custos de produção recordes

O aumento dos volumes embarcados é importante para gerar renda aos produtores, que estão trabalhando com custos recordes e sem estimativas de queda. Além da demanda internacional aquecida pela carne suína, impulso que vem principalmente da China, o mercado interno também está demandando mais, o que promoveu a recuperação dos preços pagos pelos suínos. Os preços mais atrativos que os da carne bovina são favoráveis para uma maior procura.

“O custo de produção do suíno continua muito elevado em Minas. Em abril, o preço do suíno vivo chegou a R$ 8 e este é o primeiro momento de alívio em 2021. Começamos o ano com queda de preços, que foi provocada pelas expectativas negativas provocadas pelo fechamento das atividades econômicas não essenciais para controle da pandemia de Covid-19. Mesmo sob isolamento social, o consumo da carne suína continuou bom e foi importante para a recuperação dos preços”, disse Jalles.

Com o valor de R$ 8 por quilo do suíno vivo, o setor produtivo está registrando margens de lucro positivas. De acordo com o presidente da Asemg, João Carlos Bretas Leite, isso é importante para que o produtor tenha condições de arcar com as despesas, que estão bem mais altas.

Somente no caso do milho, o aumento de preços está em quase 100% e as estimativas são pessimistas, já que, em pleno período de colheita da safra, os valores do cereal aumentaram. Além disso, a segunda safra de milho vem enfrentando problemas climáticos e o receio é de perdas produtivas, o que pode encarecer ainda mais o cereal.

“Os desafios enfrentados são inéditos. Jamais imaginamos o milho com estes níveis de preços. A inflação do custo de produção é de mais de 100%, uma situação inimaginável. Ano passado, o milho posto na granja, entre maio e junho, variava entre R$ 45 e R$ 47 por saca, e, este ano, já está entre R$ 98 e R$100 e não chegamos no período de entressafra. Estamos vivendo um cenário de incertezas. Hoje temos uma margem de lucro satisfatória, mas não sabemos o amanhã”, disse Leite.

Dia da Carne Suína Mineira
No dia 30 de abril, é celebrado o Dia da Carne Suína Mineira, instituído pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), através da Lei 21.125, de 03/01/2014. A criação da data tem o objetivo de valorizar a cadeia produtiva da carne suína e a representatividade econômica, social e cultural do setor no Estado.

No mesmo dia, também é comemorado o aniversário da Asemg, que em 2021 completa 49 anos. A associação tem o propósito de conectar a cadeia produtiva para gerar desenvolvimento sustentável na suinocultura.
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