Exportações do agronegócio mineiro caem 3,74% em valor

As exportações do agronegócio de Minas Gerais encerraram o primeiro trimestre com retração de 3,74% em faturamento frente a igual período de 2022. Ao todo, os embarques dos produtos agrícolas e pecuários movimentaram US$ 3,18 bilhões entre janeiro e março.
Em volume, foi verificada alta de 18,12%, com o envio de 3 milhões de toneladas de produtos ao mercado externo. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
A queda no faturamento nas exportações foi puxada, principalmente, pela retração de 29,8% registrada no valor movimentado com os embarques de café e pelo valor 10% inferior visto no grupo das carnes, resultado da menor venda de carne bovina. A expectativa é que, ao longo do ano, os valores sejam recuperados.
Apesar do faturamento menor nos primeiros três meses do ano, o valor movimentado com os embarques do agronegócio (US$ 3,18 bilhões) é o segundo maior da série histórica, perdendo apenas para o recorde de 2022, quando as exportações do setor movimentaram US$ 3,3 bilhões. Com o resultado, o agronegócio representou 36% do total das vendas do Estado para o exterior.
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Conforme os dados da Seapa, entre janeiro e março de 2023, os principais compradores internacionais da produção agropecuária mineira foram a China (32%), Estados Unidos (10%), Alemanha (8%), Itália (5%) e Japão (4%). No período, os produtos do setor foram embarcados para 157 países.
De acordo com o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Seapa, Feliciano Nogueira de Oliveira, há uma expectativa de recuperação do faturamento dos embarques ao longo do ano.
“Esperamos recuperar o faturamento ao longo do ano. Há uma expectativa de uma safra maior de café e de uma boa safra de grãos. Com destaque para o crescimento da colheita de soja e da demanda do mercado asiático pelo produto. No grupo das carnes, ainda percebemos um impacto do embargo da China à carne bovina devido ao caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (mal da “vaca louca”). O embargo já foi suspenso e esperamos uma retomada”, explicou.
Produtos
O café, produto mais exportado do agronegócio de Minas Gerais, encerrou o trimestre com queda de 29,8% em faturamento, que chegou a US$ 1,32 bilhão ante os US$ 1,88 bilhão registrados no primeiro trimestre de 2022. Ao todo, foram exportadas 355,6 mil toneladas de café, volume que ficou 26,1% menor.
Também foi verificada a queda no preço da tonelada. O valor caiu de US$ 3.916 por tonelada de café para atuais US$ 3.721, retração de 4,9%.
“Ao contrário de 2022, quando enfrentamos o desafio das intempéries climáticas, em 2023, o clima tem sido favorável para a safra de café, mas temos uma situação conjuntural mais complexa, com aumento das taxas de juros e da inflação na Europa e nos Estados Unidos, o que gera queda no consumo. No café, temos informações que o consumo na Europa vem reduzindo. Mesmo assim, nossa expectativa é que com a colheita da safra haja uma recuperação nos resultados”.
Em relação aos preços, Oliveira explica que mesmo com a queda, eles ainda estão em patamares elevados e a tendência é de acomodação.
“Embora haja expectativas de que os preços do café se mantenham elevados, acreditamos que há uma acomodação dos preços nos patamares atuais. Os Estados Unidos são os maiores consumidores, depois vem o Brasil em segundo. Temos também a Alemanha e a Bélgica como grandes importadores, e a situação conjuntural seguramente vai refletir nos valores do café”.
O faturamento do grupo das carnes também ficou negativo no período. Ao todo, foram gerados com as vendas externas de carnes US$ 303,5 milhões, valor 10% menor que o registrado entre janeiro e março de 2022. Já em relação ao volume, 96,2 mil toneladas, foi verificado aumento de 4,1%.
O impacto negativo veio das negociações da carne bovina, que caíram 24,7% em faturamento e 13,2% em volume. As vendas do produto chegaram a 40,1 mil toneladas e movimentaram US$ 190,2 milhões em receita.
“No caso da carne bovina, ainda sofremos os reflexos do embargo feito pela China. A suspensão do embargo aliado à visita do governo brasileiro à China e à renovação de acordos, esperamos que haja uma retomada dessa importação de carne bovina”, disse Oliveira.
As demais carnes encerraram o trimestre com alta nos embarques. No caso da carne de frango, as exportações ficaram 38,7% maiores em faturamento, que encerrou o período em US$ 102,5 milhões. Foram embarcadas 50,6 mil toneladas, 23,6% a mais.
Em suínos, o faturamento cresceu 11,6% e o volume de carne embarcada, 5,3%. Ao todo, foram exportadas 4 mil toneladas de carne suína, que movimentaram US$ 8,6 milhões.
Soja e florestais
No complexo soja, os resultados foram positivos. Em faturamento, a expansão foi de 29,9% atingindo US$ 807,8 milhões. Ao todo, foram destinados ao mercado internacional 1,39 milhão de toneladas de produtos do complexo soja, aumento de 23,5%. A maior parte, 1,30 milhão de toneladas, foi de soja em grãos.
Destaque positivo também para os produtos florestais. O grupo movimentou US$ 340,8 milhões com o embarque de 431,4 mil toneladas, o que resultou em um faturamento 84,1% maior e uma alta de 16,2% em volume.
Dos produtos que compõem os produtos florestais, a maior movimentação veio da celulose. Foram 423,2 mil toneladas exportadas, 46,5% a mais. Os embarques de celulose movimentaram US$ 335,8 milhões, 110,7% de alta.
No mesmo período, as exportações do setor sucroalcooleiro movimentaram US$ 267,5 milhões, ficando 82% maior. O volume embarcado, 582 mil toneladas, cresceu 45%.
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