Agronegócio

Exportações de frutas de Minas Gerais crescem quase 40% no 1º semestre de 2025

Abacate lidera exportações do setor, que movimentou US$ 9,7 milhões entre janeiro e junho deste ano em Minas Gerais
Exportações de frutas de Minas Gerais crescem quase 40% no 1º semestre de 2025
Cidade de Rio Paranaíba, no Alto Paranaíba, é maior produtora nacional de abacate | Crédito: Reprodução AdobeStock

As exportações de frutas de Minas Gerais registraram um crescimento expressivo no primeiro semestre de 2025. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), o Estado exportou 5,8 mil toneladas de frutas entre janeiro e junho, com receita de US$ 9,7 milhões. No mesmo período de 2024, haviam sido embarcadas 4,3 mil toneladas, com faturamento de US$ 6,98 milhões. O resultado representa um aumento de 34,9% no volume e 38,9% no valor exportado.

O destaque ficou com o abacate, que sozinho respondeu por US$ 8,4 milhões e 4,69 mil toneladas exportadas. Em seguida, aparecem o limão e a lima, o mamão papaia, a banana e a manga, completando a lista dos cinco produtos mais embarcados por Minas no período.

Veja quais foram as frutas mais exportadas por Minas Gerais

(janeiro a junho – 2024 e 2025)

Abacate (frescas ou secas)

  • 2024: US$ 5,46 milhões | 2,63 mil toneladas
  • 2025: US$ 8,40 milhões | 4,69 mil toneladas

Limão e lima (frescas ou secas)

  • 2024: US$ 865,3 mil | 1,27 mil toneladas
  • 2025: US$ 543,2 mil | 705 toneladas

Mamão Papaia (frescas ou secas)

  • 2024: US$ 60,8 mil | 49 toneladas
  • 2025: US$ 294,8 mil | 210 toneladas

Bananas (frescas ou secas)

  • 2024: US$ 97,1 mil | 71 toneladas
  • 2025: US$ 79,4 mil | 74 toneladas

Mangas (frescas ou secas)

  • 2024: US$ 282,2 mil | 199 toneladas
  • 2025: US$ 35,5 mil | 45 toneladas
Foto: Divulgação/Abanorte

Mercados em expansão e liderança no abacate

Apesar de as frutas representarem menos de 0,1% do total, uma fatia ainda pequena das exportações do agronegócio mineiro, o setor é considerado estratégico pelo governo estadual por seu potencial de diversificação da pauta exportadora.

Segundo o secretário adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado (Seapa), João Ricardo Albanez, o crescimento das frutas reflete tanto o esforço dos produtores quanto o fortalecimento de políticas públicas voltadas para inovação, defesa agropecuária e assistência técnica.

“Temos mais de 590 itens exportados do agronegócio mineiro e é fundamental que os produtos além do café, soja e carne também ganhem espaço. O abacate, por exemplo, teve um crescimento expressivo, com destaque nas exportações para os Países Baixos, Reino Unido e Argentina”, explica Albanez.

Minas Gerais é hoje o segundo maior produtor nacional de abacate, com participação de quase 72% da produção da fruta no Estado. Na avaliação do secretário-adjunto, o bom desempenho é resultado de uma combinação de fatores: investimento dos produtores, expansão da irrigação, atuação técnica dos órgãos estaduais e a busca por novos mercados internacionais.

“Temos atuado em parceria com o Ministério da Agricultura e com os adidos agrícolas para apresentar os produtos mineiros em feiras internacionais e rodadas de negócios, abrindo portas para o mercado externo”, reforça. 

Especialista vê avanço como reflexo de estrutura e oportunidade

Para o professor de relações internacionais do Ibmec e doutorando em economia, Pedro Hudson, o avanço das exportações de frutas de Minas é resultado de uma combinação entre tendência estrutural e conjuntura internacional favorável.

“O desempenho de Minas nesse primeiro semestre de 2025 é um fato a ser comemorado. Mesmo com um cenário externo desafiador, o Estado manteve e até ampliou sua posição como fornecedor de frutas no mercado internacional”, afirma o professor.

Hudson destaca que a estrutura de produção no Estado tem sido fortalecida nos últimos anos, com polos como o Projeto Jaíba, no Norte de Minas, que tem impulsionado a produção de frutas irrigadas. “Ali você tem uma produção relevante de limão, por exemplo, que gera renda e emprego para milhares de famílias”, pontua.

Mangas
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Queda no limão e na manga: efeito de mercado e clima

Embora o resultado geral tenha sido positivo, duas frutas importantes apresentaram queda nas exportações: o limão e a manga. No caso do limão, a receita caiu de US$ 865,3 mil (1,27 mil toneladas) em 2024 para US$ 543,2 mil (705 toneladas) em 2025. A manga teve retração ainda mais acentuada: de US$ 282,2 mil para apenas US$ 35,5 mil.

Segundo Pedro Hudson, as variações são comuns no setor agropecuário. “No caso do limão, houve uma redução na qualidade do fruto em algumas regiões, principalmente em São Paulo, que afeta a oferta nacional. Já a manga passou por oscilações normais de mercado. Em alguns anos há um pico, em outros, uma retração. Isso faz parte do ciclo das exportações”, explica.

Sobre a queda nas exportações de alguns produtos, Albanez afirma que as variações estão relacionadas às dinâmicas do mercado externo. “Muitas vezes, há maior oferta global ou preços menos competitivos para o exportador brasileiro. Em alguns casos, os produtores optam por direcionar a produção ao mercado interno, dependendo das condições de preço e da demanda local”, explica.

Outro fator que impacta o desempenho das exportações, especialmente para os Estados Unidos, são as barreiras tarifárias, que dificultam o acesso competitivo ao mercado norte-americano.

Brasil também cresce no cenário internacional

O bom momento das exportações de frutas não é exclusivo de Minas. O Brasil exportou 512,4 mil toneladas no primeiro semestre de 2025 com receita de US$ 491 milhões. Na comparação com o mesmo período de 2024, o volume cresceu 28,2%, e a receita, 10,9%.

Para o secretário adjunto da Seapa, isso confirma o potencial do Estado em mercados de nicho e reforça a importância de estimular a diversificação da pauta exportadora mineira.

“Há poucos anos, Minas era o 15º estado em exportações do agro. Hoje, somos o terceiro. Esse avanço mostra que estamos no caminho certo ao buscar ampliar nossa presença internacional com produtos de qualidade e valor agregado”, finaliza Albanez.

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