Agronegócio

Falta de espaço afeta desembarques em Paranaguá

Falta de espaço afeta desembarques em Paranaguá
Mesmo com problema em porto, no ano volume de insumo descarregado registra crescimento | Crédito: Fabio Scremin/APPA

São Paulo – O volume de fertilizantes desembarcados no Porto de Paranaguá, o principal porto de entrada do produto no Brasil, vem caindo desde fevereiro, quando eclodiu a Guerra da Ucrânia. Segundo o porto, o problema não tem a ver com escassez de insumos vindos da Rússia, mas sim com a falta de espaço para armazenagem nos terminais privados e a corrida dos importadores para garantir o produto.

Em fevereiro, foi importado 1,3 milhão de toneladas de fertilizantes pelo porto localizado no litoral paranaense. Já em março, esse volume caiu para 880 mil toneladas. O dado mais recente, de abril, mostra que a tendência de queda se manteve, com recuo para 609,2 mil toneladas.

Além da queda em termos absolutos, o mês de abril também se destaca como o primeiro, desde novembro do ano passado, a registrar um recuo no volume importado em comparação com abril do ano passado – queda de 31%.

No período de seis meses, a maior taxa de crescimento foi registrada em fevereiro, com incremento de 40% sobre 2021. Essa alta, no entanto, já perdeu ritmo em março, quando os desembarques foram apenas 15% maiores que em março de 2021.

No resultado acumulado nos primeiros quatro meses do ano, há um crescimento de 11% nos desembarques, com 3,7 milhões de toneladas descarregadas, de acordo com o Porto de Paranaguá.

O insumo é essencial para a agricultura, e o Brasil é altamente dependente de fornecedores estrangeiros para suprir sua demanda. A possibilidade de escassez tem pressionado o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem no agro uma de suas principais bases eleitorais.

No fim de semana, o presidente declarou que “mais de 30 navios com fertilizantes estão a caminho da Rússia para o Brasil, resultado da viagem” que fez em fevereiro a Moscou, de acordo com a Agência Brasil. “Nossa agricultura não para”, disse Bolsonaro.

No entanto, os dados de Paranaguá, por onde passam cerca de 25% de todos os fertilizantes importados pelo Brasil, mostram que o problema não está na falta de navios, mas na de espaço de armazenagem. E pela gestão dos fluxos de entrada e saída desses estoques nos armazéns, de responsabilidade de importadores e da indústria de fertilizantes.

“A Rússia continua carregando (fertilizantes) para o Brasil. Essa queda (em abril) tem a ver com armazenagem e com as condições do mercado. Não temos espaço hoje na retroárea (terminas privados) para receber essa carga. E também houve uma compensação porque, em um mês, importou-se mais e agora, para compensar, caiu a importação (mensal)”, diz Luiz Fernando Garcia, presidente do porto. Por causa da dificuldade de descarregar em Paranaguá, alguns poucos navios têm optado por seguir viagem até o Porto de Rio Grande (RS), onde não tem faltado espaço nos armazéns.

O custo dessa operação varia conforme a carga e as condições contratuais da importação. Poderá resultar eventualmente em economia em relação ao custo das diárias extras decorrentes da impossibilidade de descarregar em Paranaguá. Os valores, no entanto, não são divulgados: são negociados entre armador e importador, sem ingerência da administração portuária.

Governo faz missão por fornecimento

Uma comitiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento iniciou ontem uma missão para Jordânia, Egito e Marrocos. Liderado pelo ministro Marcos Montes, o grupo irá se reunir com representantes de empresas privadas e de governos desses três países para tratar sobre o fornecimento de fertilizantes e a ampliação de investimentos no Brasil. Os encontros também vão servir para reafirmar os mercados de destino de produtos brasileiros.

Na Jordânia, o principal tema será o fornecimento de fertilizantes à base de potássio. No Egito, o foco serão os nitrogenados, e em Marrocos, os fosfatados. O retorno ao Brasil está previsto para o dia 14 de maio.

“Também vamos aproveitar a viagem para consolidar os nossos produtos agropecuários nesses três países, por isso, acredito que a viagem terá sucesso e voltaremos, se Deus quiser, com bons resultados”, disse o ministro, ao embarcar. (Com informações do Mapa)

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