Faturamento da soja supera o do café no Estado

Após encerrar 2020 com recorde no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), Minas Gerais vem apresentando tendência de estabilidade no faturamento bruto em 2021. Conforme os dados acumulados até fevereiro, o faturamento da produção agropecuária estadual foi estimado em R$ 101,3 bilhões, montante 0,24% menor.
O resultado se deve, principalmente, ao desempenho negativo da cultura do café, que tende a recuar 33,49%. Já a soja, produto que está com preços e produção em alta, apresentou valorização de 29,9% e um VBP de R$ 18,7 bilhões. A oleaginosa ultrapassou o café, que até então era o maior faturamento do Estado.
Os dados sobre o faturamento da produção agropecuária, que são calculados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foram divulgados ontem e estimam VBP das lavouras em R$ 62,5 bilhões, representando uma queda de 3,11% sobre os R$ 64,5 bilhões registrados em 2020.
O valor da produção total de café apresentou queda expressiva de 33,49%, com a produção avaliada em R$ 14,7 bilhões ante os R$ 22,2 bilhões apurados no ano passado. A forte retração se deve à produção menor do grão.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de café total em Minas será de 36,1% a 42,8% menor em relação ao ciclo anterior, com a produção mineira variando entre 19,8 milhões de sacas de 60 quilos e 22,1 milhões de sacas de café beneficiado. A retração é justificada pela bienalidade negativa e pelo clima desfavorável.
Para o café arábica, a tendência é de redução de 33,6% no VBP, que foi estimado em R$ 14,6 bilhões. No café conilon, o faturamento esperado está em R$ 125 milhões, valor 13,7% inferior.
Ao contrário do café, a soja se destaca pelo aumento do valor. O faturamento bruto foi estimado em R$ 18,7 bilhões, alta de 29,9%. Com a demanda aquecida, os preços estão elevados e incentivaram o maior plantio. Assim, Minas caminha para um novo recorde na produção de soja neste exercício, que deve alcançar 7 milhões de toneladas e superar em 14,6% a produção anterior, que foi de 6,1 milhões de toneladas.
Resultado positivo também foi visto no milho. A previsão é de um faturamento em torno de R$ 9,45 bilhões, alta de 17,02%. Assim como na soja, a demanda elevada e os preços remuneradores têm contribuído para o aumento da produção do cereal. A estimativa é que Minas Gerais colha 8,26 milhões de toneladas de milho na safra 2020/21, volume 9,9% maior que os 7,5 milhões da safra passada.
Já para a cana-de-açúcar, é esperada queda de 4,22% no Valor Bruto, com faturamento em torno de R$ 8,37 bilhões. O faturamento bruto da produção de feijão foi estimado em R$ 2,6 bilhões, variação negativa de 5,33%. E para a laranja, o VBP de 2021, ficou estimado em R$ 613,8 milhões, queda de 6,6%.
Pecuária
Para a atividade pecuária, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) foi estimado em R$ 38,78 bilhões, aumento de 4,7% frente a 2020, quando o faturamento bruto alcançou R$ 37 bilhões.
Dentre os itens do setor, o destaque positivo é a produção de bovinos, cujo faturamento está estimado em R$ 13,2 bilhões, alta de 10,17% frente a 2020.
Para o leite, a previsão é de um VBP de R$ 14,1 bilhões, aumento de 4,23% quando comparado com os R$ 13,5 bilhões registrados em 2020.
Em relação à produção de frangos, é esperado um faturamento 2,4% superior, chegando a R$ 6,6 bilhões.
Em suínos e ovos, a tendência é de queda. No caso dos suínos o VBP deve alcançar R$ 3,32 bilhões, baixa de 2,6%. Em ovos, a redução estimada é de 6,66%, com a produção avaliada em R$ 1,4 bilhão.
Projeção nacional é de crescimento
No País, a previsão do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para 2021 é de R$ 1,032 trilhão, o que representa 12,1% acima do obtido em 2020. Apesar da questão climática, as lavouras geraram R$ 708,3 bilhões, com aumento real de 15,4%, e a pecuária, R$ 323,9 bilhões, com aumento de 5,4% em relação a 2020.
Entre as lavouras, os principais destaques são arroz, com aumento de 6,0% no VBP, cacau 6,9%, laranja 7,2%, milho 21,9%, soja 30,1% e trigo 13,6%. A soja teve aumento real no valor de 73,0% nestes dois anos. Os aumentos nos valores de soja e milho foram os mais elevados desde o início desta série, em 1989. Redução expressiva no VBP vem ocorrendo em banana (-3,7), café (-24,2) e tomate (-10,4%).
Os resultados mostram que soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão, os cinco primeiros colocados no VBP, são responsáveis por 57,3% do VBP das lavouras. Ligeira recuperação da cana-de-açúcar vem sendo observada, o que é relevante, devido a importante participação no faturamento do setor.
Na pecuária, contribuições positivas ao VBP são de carne bovina (10,7%), carne de frango (2,4%) e leite (4,6%). Contribuição negativa foi observada em suínos (-2,6) e ovos (-6,7%).
“Os preços da maioria dos produtos examinados são superiores aos do ano passado. Esse comportamento também pode ser observado em produtos da pecuária. Também neste ano houve investimento acentuado em tecnologia, e na incorporação de novas áreas, como mostram os dados levantados pela Conab (2021). Ambas contribuíram para os resultados obtidos, embora o crescimento da produção seja impulsionado principalmente pelos ganhos de produtividade, e não pelo acréscimo de área”, informa a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Os estados de Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, são os primeiros classificados no valor da produção. Juntos respondem por 62,6% do VBP total. As regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste representam 83,6% do valor da produção. As regiões Nordeste e Norte respondem por 15,1% do VBP. (Com informações do Mapa)
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