Feira da Agricultura Familiar concorre a patrimônio imaterial de Juiz de Fora

A tradicional Feira da Agricultura Familiar de Juiz de Fora, na Zona da Mata, voltou ontem a ser realizada no Parque Halfeld, no centro da cidade. Desde abril de 2020, a venda dos produtos estava sendo realizada de forma temporária na rua São João, depois que o Parque Halfeld foi fechado por conta da pandemia. A feira completou 40 anos de atividades no mês de março e é candidata a se tornar patrimônio imaterial de Juiz de Fora.
Atualmente, a Feira da Agricultura Familiar tem 29 expositores e oferece produtos variados como hortaliças, frutas, doces, quitandas, mel, café, feijão e queijos produzidos por agricultores de Juiz de Fora e região. “Ela é uma feira regional que uniu produtores de municípios vizinhos que precisavam de espaço para escoar a produção”, explica a técnica de Bem-estar Social da Emater-MG Ana Helena Gonçalves Camilotto.
A Feira da Agricultura Familiar é coordenada pela Emater-MG, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a prefeitura de Juiz de Fora e a Associação Regional de Produtores Rurais e Feirantes da Agroindústria Familiar de Alimentos (Agrofar).
Com a reabertura do Parque Halfeld, ela volta a ocorrer no local todas as quintas-feiras, das 6h às 13h. Mas a prefeitura de Juiz de Fora definiu também que ela continuará a ser realizada às terças, das 7h30 às 13h, na rua São João, atendendo à solicitação de alguns feirantes e moradores da cidade.
O produtor de mel e presidente da Agrofar, Luiz Geraldo do Nascimento Ferraz, participa da feira desde 2006 e acredita que ela contribui para o fortalecimento da agricultura familiar da região. “A feira é muito importante para os produtores, que ficam em contato direto com os clientes, evitando o atravessador”, explica.
Já a feirante Cristiane Maria de Oliveira, que vende doces caseiros, é expositora há cinco anos e pensa que o sucesso da Feira da Agricultura Familiar se deve à qualidade dos produtos oferecidos à população. “São produtos da roça, bem caseiros e saudáveis. Acho que a feira dura tantos anos devido à confiabilidade dos clientes e à atenção especial que a gente dá para eles”, argumenta.
Desde o início da pandemia, a prefeitura exigiu que os feirantes adotassem todas as medidas de segurança sanitária, como a utilização de máscaras de proteção, uso de álcool em gel 70% e distanciamento entre as barracas. Os consumidores também são orientados a adotar medidas de prevenção. “É uma feira muito tranquila. Não tem alimentos para consumir na hora. O pessoal compra e leva os produtos para casa. Então, além de todos os cuidados adotados, é um ambiente aberto e sem aglomeração”, comenta Cristiane.
Tombamento – O Parque Halfeld foi tombado como patrimônio municipal em 29 de dezembro de 1989. O parque é cercado por prédios importantes, como a Câmara Municipal, a Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) e o Fórum Benjamim Colucci, além de ter importância histórica e ser opção turística e de lazer para a cidade.
O objetivo da Associação Regional de Produtores Rurais é também conseguir o reconhecimento da Feira da Agricultura Familiar como patrimônio imaterial de Juiz de Fora. “A Agrofar fez o pedido para a prefeitura, que acatou o ofício. Agora o processo está sendo analisado por historiadores, que buscarão averiguar a importância histórica e cultural da feira”, explica a extensionista da Emater-MG.
Mercado de Origem terá loja do Instituto Estrada Real
O Instituto Estrada Real (IER) e o Mercado de Origem firmaram, nesta semana, uma parceria que vai beneficiar centenas de artesãos, pequenos produtores e agricultores familiares de Minas Gerais. No último dia 25, durante cerimônia realizada no bairro Olhos D’Água, em Belo Horizonte, no local onde será inaugurado o Mercado, em 2022, representantes das entidades assinaram um convênio que marca a presença do IER com uma loja no local, compondo o Circuito de Mercados.
Para Bernard Martins, vice-presidente da Fundação Doimo, integrante do consórcio de empresas responsável pela administração do Mercado de Origem e do Circuito, “a Estrada Real vai ser uma das grandes âncoras do Circuito dos Mercados. Acredito que o espaço trará um crescimento de, no mínimo, 20% a 30% de público interessado em conhecer a rota e começar seu roteiro turístico aqui. Esta parceria se somará com outras diversas parcerias estratégicas já existentes como com Secretaria da Cultura e Turismo do Estado de Minas Gerais, Prefeitura de Belo Horizonte, IMA, Emater, Sesc, dentre outros”.
O diretor-executivo do IER, Daniel Junqueira, também está otimista com a parceria. “Achamos que o Mercado de Origem tem muita relação com o Instituto no seu contexto geral, que é o de fomentar o turismo e o desenvolvimento da economia local. Com o objetivo de focar no pequeno produtor, no artesanato e na agricultura familiar, esse convênio ajuda o Instituto no seu objetivo amplo”, comemora.
Por meio do espaço dentro do Mercado de Origem Zona Sul, o IER busca oferecer ao turista, não só o seu receptivo, mas também souvenirs, produtos exclusivos do IER, produtos diversificados, feitos por pequenos produtores espalhados por toda a rota da Estrada Real. “São centenas de municípios e, por meio de parcerias com a Secretaria de Cultura e Turismo e as prefeituras dessas cidades, buscamos identificar esses produtores e trazê-los para cá”, explica Bernard.
Dessa forma, a ideia é que o Mercado de Origem se transforme em uma “porta de entrada” para quem vai conhecer a Estrada Real saindo de Belo Horizonte. “Pretendemos criar um ponto de encontro, reunir informações para o público, inclusive para quem quiser conhecer os projetos, investir, participar e fazer o turismo, que leva renda para as cidades e seu entorno”, revela Daniel Junqueira.
Com data prevista de inauguração para 2022, o IER já vem se estruturando para a montagem da loja. “Temos trabalhado em parcerias e levado pessoas para conhecer o local. Quem nos procura com problemas para escoar a produção vai encontrar maior facilidade para vender seu produto, além de obter auxílio para se adequar às normas e enfrentar outras dificuldades que possam ter. Será um grande passo”, acredita Junqueira.
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