Agronegócio

‘Fumaça vegetal’ é alternativa sustentável para agro

‘Fumaça vegetal’ é alternativa sustentável para agro
Insumo agrícola é obtido no processamento da fumaça produzida na carbonização de eucalipto | Crédito: Biocarbo / Divulgação

As exportações do agronegócio brasileiro bateram recorde em 2022. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o setor cresceu 32% na comparação com o ano anterior. Ao todo, o faturamento chegou a US$ 159,09 bilhões em 2022.

Diante do crescimento progressivo do agro no País, surge também a necessidade de se discutir insumos economicamente mais sustentáveis para o setor.  Um insumo agrícola obtido no processamento da fumaça produzida na carbonização do eucalipto está disponível no mercado – o Biopirol. Quando adicionado às aplicações de herbicidas, inseticidas e/ou fungicidas, ajuda na preservação dos princípios ativos de acordo com recomendações técnicas.

O extrato pirolenhoso é um produto natural e aprovado pelo Mapa para uso na agricultura orgânica e na agricultura convencional. Ele é resultante da degradação da matéria orgânica (madeira) pela ação do calor no decorrer da sua transformação em carvão vegetal.

Outra forma mais conhecida de degradação da matéria orgânica é a biológica, em que micróbios se alimentam e geram moléculas grandes como o húmus, presente nos estercos e na massa resultante da compostagem. Na decomposição pelo calor, as substâncias são de menor tamanho, são facilmente dissolvidas nas caldas agrícolas e, quando pulverizadas nas plantas, têm facilidade de penetrar pelas folhas, de se incorporar aos líquidos liberados pelas raízes e de ser um alimento pronto para a microfauna de solo.

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“Tudo que tem no Biopirol a planta produz e utiliza em seu metabolismo, como o ácido acético, que confere acidez às caldas que, dentro da planta vai se incorporar as paredes das células, vai gerar os óleos, vai formar o AIA (ácido indolacético), que é um hormônio de crescimento dos vegetais. Já os fenóis vão formar a lignina, que é o ‘cimento’ que entremeia as estruturas dos vegetais e também formar todo um conjunto de substâncias que atuam no sistema de defesa, ou seja, na imunidade das plantas. Essas substâncias, por terem muito oxigênio em suas fórmulas, têm facilidade de se ligar aos nutrientes formando complexos e quelatos. Isso melhora a absorção de fertilizantes”, detalha a CEO da Biocarbo – fabricante do produto -, Maria Emília Rezende.

A empresa produz o Biopirol em sua biorrefinaria em grandes volumes. Ainda segundo a ela, o Brasil produz cerca de 5 milhões de toneladas de carvão vegetal por ano e gera, em média, R$ 6 bilhões de faturamento. “Com a implantação de novas tecnologias, que permitam a produção e o uso de extrato pirolenhoso, o faturamento deste setor pode crescer em mais de R$ 3 bilhões ao ano”, projeta.

Para a agricultura, por exemplo, é considerado um insumo barato e de grande volume aplicado às práticas de sustentabilidade e regenerativas do solo. “É um exemplo efetivo de descarbonização para vários setores econômicos”, completa a CEO e cientista.

A empresa

A Biocarbo iniciou suas operações em 1994 como uma empresa incubada da Fundação Biominas, trabalhando pela implantação, crescimento e sustentabilidade da indústria carboquímica vegetal no Brasil. Atualmente, destaca-se como a única empresa do Brasil que trabalha o ciclo completo da cadeia produtiva do carvão vegetal: pesquisa e desenvolvimento, produção de matéria prima, beneficiamento e comercialização de coprodutos.

O alcatrão vegetal e o extrato pirolenhoso, coletado através de tecnologia própria, é processado nas plantas industriais, onde são desenvolvidos inúmeros produtos para diversos segmentos como agrícola, veterinário, farmacêutico, alimentício, química fina, combustíveis e outros.

Com mais de 27 anos de atuação, a BioCarbo é a primeira empresa a destilar alcatrão vegetal em escala comercial no Brasil. Com sede em Minas Gerais – as unidades são em Brumadinho e Morada Nova de Minas -,  já exporta seus  produtos para o Japão, EUA e Canadá.

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