Fundecitrus eleva previsão de safra de laranja da região citrícola de São Paulo e Minas Gerais
A safra de laranja 2024/25 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro foi estimada nesta segunda-feira em 228,52 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg, alta de 2,4% ante a quantidade estimada em dezembro, segundo projeção do centro de pesquisas Fundecitrus.
“As chuvas dos últimos dois meses foram bem distribuídas em todas as regiões, superando as previsões e mesmo a média histórica em dezembro, o que contribuiu diretamente para o aumento do tamanho dos frutos da quarta florada, principalmente das variedades Pera e Natal”, explicou o Fundecitrus, em nota.
Apesar do aumento ante a projeção anterior, a colheita da região citrícola do País que é o maior produtor de suco de laranja do mundo deverá recuar 26% na comparação com a produção da temporada anterior, estimada em 309,34 milhões de caixas pelo Fundecitrus.
A safra 2024/25 sofreu impactos do tempo seco no ano passado e também e da doença greening, sendo a mais baixa em 36 anos, à frente apenas da registrada em 1988/89, com 214 milhões de caixas, segundo uma série histórica apresentada pelo Fundecitrus no ano passado.
Safras fracas no Brasil, assim como colheitas menores na Flórida, também afetada pelo greening, sustentaram os preços globais do suco de laranja ao longo do ano passado, com um recorde acima de US$ 5 por libra-peso visto em dezembro do ano passado na bolsa de Nova York. Nesta segunda-feira, o contrato operava em queda de mais de 3%, a pouco mais de US$ 4 dólares por libra-peso.
Outro fator que influenciou o aumento da estimativa de safra em relação à previsão anterior foi a redução da taxa de queda das variedades Valência, Folha Murcha e Natal.
“Apesar da leve redução, a taxa de queda prematura de frutos ainda se mantém em um nível significativo, principalmente devido ao greening, bicho-furão e moscas-das-frutas, além das operações mecanizadas de manejo dos pomares”, afirmou o Fundecitrus.
Um laranjal infectado pelo greening, pior doença da citricultura causada por uma bactéria transmitida pelo inseto psilídeo, sofre drástica queda de produtividade.
Até meados de janeiro, cerca de 89% da produção estimada tinha sido colhida. As laranjas das variedades precoces já foram colhidas praticamente em sua totalidade, enquanto ainda restam 15% da produção da variedade Pera Rio, 16% das variedades Valência e Folha Murcha e 10% da variedade Natal para serem colhidas até o final da safra, segundo a pesquisa.
Próxima safra
Os contratos futuros do suco de laranja negociados em Nova York estão mais de 20% abaixo do recorde registrado ao final do ano passado, refletindo o impacto dos valores elevados sobre a demanda, além de uma melhora climática para a próxima safra (2025/26) do Brasil.
“Duas questões principais: queda no consumo em função dos altos preços e uma expectativa de uma safra melhor no Brasil (25/26)…”, afirmou Mauricio Mendes, integrante do Grupo de Consultores em Citrus (Gconci).
“O clima está melhor, os efeitos do greening são menos dramáticos, menos sérios. Isso não quer dizer que o greening não esteja evoluindo, continua evoluindo”, acrescentou.
Ele lembrou que, no ano passado, a seca e o calor prejudicaram “demais” a safra já atingida pelo greening.
“O efeito (do clima) sobre as plantas doentes foi maior (no ano passado) do que parece que será este ano, mas ainda depende muito de como será o inverno, o período seco”, acrescentou Mendes.
Ele disse que os consultores estão começando a avaliar as perspectivas da próxima safra e evitou dar números.
(Conteúdo distribuído pela Reuters)
Ouça a rádio de Minas